Crítica | Pânico (1996)

Pânico” (“Scream“, no original) foi lançado no ano de 1996. Analisando essa década para os filmes slasher, o subgênero estava indo de mal a pior. Continuações desnecessárias, com um roteiro (se é que podemos chamar assim) que eram cheios de clichês e sem sentido nenhum e que não faziam jus ao nome do filme dos seus originais. Como exemplo temos os infames “Jason Goes to Hell: The Final Friday” (Que é considerado por muitos, assim como eu, o pior filme de Sexta-Feira 13), “Halloween 6: The Curse of Micheal Myers” e “Freddy`s Dead: The Final Nightmare”. Saiam coisas boas, como “Wes Craven`s New Nightmare”, mas a situação estava crítica.

Então “Pânico” chegou. Ele deu um ânimo ao subgênero de novo. O filme foi um sucesso de crítica e bilheteria e não foi por nada não. O roteiro escrito por Kevin Williamson é cheio de metalinguagem, referências, humor, violência, tudo juntado de uma forma quase perfeita.

Um dos principais erros que os filmes de terror de anos atrás faziam (e ainda fazem até hoje) é não conseguir fazer o público se relacionar com os personagens. Você não se identificava com eles. Pense bem: Você se identificava com aquela adolescente peituda, quase sempre bêbada e burra? Ou aquele garoto brutamontes, que fazia esportes, se achando o maioral e igualmente burro? Não. A construção de personagem talvez seja um dos maiores acertos de “Pânico“.

A protagonista Sidney é muito diferente da maioria das final girls dos filmes de terror. Ela escapa daquele estereótipo que eu citei anteriormente. Ela é a personagem mais humana do longa. Na famosa cena onde os personagens estão no parque sentados na fonte, todos eles ficam questionando sobre o que o ocorreu com as vítimas da cena da abertura (Que eu falarei melhor daqui a pouco) como: “Será que ele a estripou?” e “Tem que ter um cérebro de homem para fazer uma coisa dessas”, a Sidney faz a pergunta mais humana: “Como é que alguém consegue matar uma pessoa?”. Ela já mostrava sua inocência. Mas não pense que inocência é sinônimo de fraqueza, já que ela se mostra corajosa em diversos momentos. A Neve Campbell faz uma atuação incrível alternando perfeitamente quando a sua personagem está triste, desesperada, feliz e com medo.

Do resto do elenco temos: Skeet Ulrich como Billy Loomis, o namorado da Sidney que se mostra ser um personagem bem mais complexo do que se parece, temos também Matthew Lilliard como Stu Macher um dos amigos de Sidney, Rose McGowan como a divertida Tatum, Jamie Kennedy como Randy o aficionado por filmes de terror (ele junto com a Tatum são responsáveis por roubar muitas cenas), Courtney Cox como a egocêntrica repórter Gale Weathers e David Arquette como o atrapalhado policial Dewey. E temos uma participação memorável da Drew Barrymore. Todos incríveis, dou destaque para Jamie, Skeet e Matthew.

Logo na cena de abertura, “Pânico” já conquista a sua atenção. Com trivia de filme de terror, que tenho certeza que você vai tentar acertar as perguntas, Wes Craven e Kevin Williamson criam uma cena tensa que é uma das melhores aberturas para um filme de terror. A Drew Barrymore está perfeita nessa cena, não sabemos nenhum detalhe prévio da personagem, mas através do desempenho dela nós começamos a se importar se ela vai viver ou morrer.

Um trabalho que rouba a cena é o trabalho de voz do Roger L. Jackson. Sua voz irônica, suas provocações, e ele dá uma característica única ao vilão Ghostface. Falando nele, outro detalhe a se levar em conta é a sua icônica máscara, baseada na obra O Grito. Você consegue comprar a motivação para matança. A trilha sonora do filme é espetacular. Marco Beltrami conseguiu reforçar a tensão das cenas e criar temas icônicos, como o tema “Trouble in Woodsbroo”.

O filme ironiza também muito também as “regras” dos filmes de terror. Numa cena onde os personagens estão vendo “Halloween” (1978) de John Carpenter, o personagem Randy fala sobre elas: Nunca faça sexo, nunca beba ou use drogas, nunca diga “eu já volto” e todos são suspeitos. Além disso, na cena de abertura falam outras duas: Não saia para procurar um barulho estranho e nunca diga “Quem está ai?”. As mortes são ótimas também, como por exemplo, a que envolvem uma porta de garagem e outra com uma TV. Até as mortes mais simples, como facadas, Craven faz com que elas sejam marcantes.

Pânico” é um filme incrível. Aterrorizante, cheio de metalinguagem, engraçado e marcante. Se você ainda não viu esse filme veja agora e se já viu reveja porque vale muito a pena. Agora pergunto a vocês: Whats your favorite Scary Movie?

Título Original: “Scream” (1996)

Direção: Wes Craven

Roteiro: Kevin Williamson

Elenco: Neve Campbell, Courtney Cox, David Arquette, Skeet Ulrich, Drew Barrymore, Roger Jackson, Matthew Lilard, Jamie Kennedy, Rose McGowan

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