Crítica | A Hora do Pesadelo (1984)

Um garoto que ficava no território em Camboja se mudou para a América com sua família. Ele falou para os seus pais que não estava conseguindo dormir, pois em seus pesadelos existia uma coisa que queria pegá-lo. Ele tentava ficar o máximo de tempo possível acordado. Então um dia ele foi dormir. Os pais respiraram aliviados pensando que tudo estava bem. Porém à noite, eles ouviram gritos vindos do quarto do filho. Quando eles chegaram lá o jovem estava morto. E não foi só ele, outros também morreram da mesma forma pela chamada de “Síndrome da Morte Súbita Inesperada Noturna” (SUNDS). Essa história, meus amigos,  foi a principal inspiração de Wes Craven para fazer o filme que muitos consideram sua obra-prima: A Hora do Pesadelo (A Nightmare on Elm Street) lançado no ano de 1984.

Como todos sabem, “A Hora do Pesadelo” foi um grande sucesso na época de seu lançamento e hoje é considerado um clássico não só por amantes do terror, mas por quase todo cinéfilo. A trama é a seguinte: Um grupo de adolescentes começa a se queixar que tem algo nos seus pesadelos já que um mesmo homem deformado com estranhas garras está neles. O roteiro escrito por Wes Craven (que também dirige o filme) é sensacional. Outros assassinos, como o Michael e o Jason, você tem chance de escapar (o que não é fácil), mas como fugir de alguém que ataca você em seu pesadelo? Naquele seu maior momento de privacidade e fragilidade? E por mais que você tente uma hora você vai dormir e quando for como irá escapar?

O filme trabalha de uma forma incrível com o que o espectador está vendo. Será que o que estamos vendo na verdade não é um pesadelo? Ou seria a realidade? O espectador fica numa dúvida constante. O roteiro ainda conta com algumas outras ótimas sacadas como no começo do filme a personagem Tina está desnorteada sem saber onde está e de repente surge um carneiro que serve para avisar que o “lobo” (Freddy) está vindo.

E isso ainda reforçado com ótimos personagens, principalmente a protagonista Nancy que se mostra pronta para encarar o assassino e a amiga dela Tina que é bem carismática, com ótimas atuações (principalmente de John Saxon e de Roone Blakley). Craven também pegou elementos de Psicose já que no começo do filme pensamos que Tina é a personagem principal, mas ao desenrolar do filme percebemos que não é bem assim. Outro fator a destacar sobre as atuações é que esse foi o primeiro filme de Johnny Depp. Então se quiser vê-lo antes de interpretar personagens estranhos cheios de maquiagens, não perca a chance.

You wanna know who Fred Krueger was? He was a filthy child murderer, who killed at least 20 kids in the neighborhood… kids we all knew.”

E como falar desse filme sem citar sobre um dos maiores vilões do cinema que praticamente todas as pessoas, que viram o filme ou não, conhecem? O icônico Freddy Krueger! O ator que o interpreta, Robert Englund, está perfeito no papel. Ele passa toda a loucura e psicopatia do personagem em pouco tempo de tela e com poucas falas. Com sua icônica face queimada e a sua luva de garras ele rouba todas as cenas. Com apenas um único diálogo Craven estabelece o passado do vilão e mostra o seu principal prazer: Matar. Craven falou que se inspirou para criação do assassino foi em um episódio de sua vida: O jovem diretor estava no seu quarto e olhou para a janela quando um mendigo parou em frente da sua casa e começou a encará-lo de forma assustadora. E o nome do assassino veio de um menino que praticava bullyng com ele no colégio. O assassino se destaca numa tensa cena em que ele persegue Nancy em seu pesadelo e ele arranha suas garras no metal causando um efeito sonoro angustiante que mostra o como Freddy gostava de torturar suas vítimas antes de matá-las.

O filme possui várias cenas marcantes, como o ataque na banheira, e ótimas cenas de mortes recheadas de tensão e pontuadas com a ótima trilha sonora de Charles Bernstein (o ponto alto fica para a faixa “Prologue”) além da mais que assustadora trilha de pular corda do Freddy Krueger. É impossível o espectador sair do filme sem cantá-la. O clímax do filme é dinâmico e a sequência final é surpreendente e guarda um ótimo jumpscare.

Se você se considera um grande fã de terror e ainda não viu “A Hora do Pesadelo” reveja seus conceitos imediatamente. É um filme que sobrevive e marca gerações e que mostra o quão genial era Wes Craven. Com isso ainda temos o fato que deu origem a um dos mais reconhecidos vilões do cinema. Freddy após esse filme ganhou mais seis sequências, um crossover com o Jason, um remake, uma série de TV e ainda foi personagem jogável em Mortal Kombat. Após ver ou rever o filme e for dormir, lembre-se: “One, two, Freddy`s is coming for  you…”.

Título Original: A Nightmare on Elm Street (1984)

Direção: Wes Craven

Roteiro: Wes Craven

Elenco: Heather Langenkamp, Johnny Depp, Robert Englund, John Saxon, Amanda Wyss e Jsu Garcia

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