Crítica | Invocação do Mal 2 (2016)

Confira abaixo a crítica do primeiro filme:

Crítica  – “Invocação do Mal” (2013)

                                                                          O Caso

Assim como o primeiro filme de 2013, “Invocação do Mal 2” também foi “inspirado em fatos reais”. O famoso caso do Poltergeist de Einfield gerou muitas discussões no ano de 1977, onde a mãe divorciada Peggy Hodgson e os seus quatros filhos (Janet, Margareth, Billy e Johnny) começaram a ouvir barulhos estranhos vindos das paredes dos quartos. Altos ruídos saíam do quarto de suas filhas todas as noites e um dia quando ela foi investigar, ela percebeu que uma das cômodas estava presa como se algo estivesse segurando. Outro caso relatado foi quando Margareth viu que uma cômoda acabou movendo dois palmos do seu lugar original, ela ajeitou e antes de sair do quarto viu que ela tinha retornado aos mesmos dois palmos de distância sozinha. Com tantos barulhos e casos estranhos acontecendo, Peggy pediu ajuda aos seus vizinhos que tentaram encontrar algum invasor nas proximidades da casa. Eles não encontraram nada.

No fim de agosto, a família chamou a polícia alegando que os seus móveis estavam se movendo. Os oficiais falaram que esse tipo de caso não os competia com um policial escrevendo um testemunho surpreendente de como uma cadeira se mexia sozinha. Isso atraiu muitos investigadores paranormais e psicólogos como Maurice Grosse e Guy Lyon Playfair, com Guy escrevendo um livro sobre o caso. Os dois já alegaram, juntos, terem visto mais de dois mil casos sobrenaturais, mas nada os assustou tanto quanto ouvir uma voz mais que demoníaca saindo da boca uma criança inocente de 11 anos como era Janet. Uma dessas vozes dizia pertencer a um velho morador da casa, Bill Wikins, que dizia ter tido uma hemorragia e morrido na casa. Quando houve uma pesquisa sobre o histórico de moradores na casa, descobriram-se que de fato havia alguém chamado Billy Wikins e ele havia morrido na mesma casa do mesmo modo que a voz vinda de Janet havia falado.

                                                                   Janet Hordgson na vida real e a sua versão no filme. 

Outro caso estranho aconteceu no começo de setembro onde pesquisadores ouviram pancadas vindas do quarto de Janet e quando chegaram lá viram a menina dormindo em seu quarto e ao seu lado uma cadeira levitando. Esse evento ocorreu três vezes naquela mesma noite, segundo eles. Janet admitiu que os eventos sobrenaturais começaram após ela e sua irmã brincarem com um tabuleiro Ouija.

Após sessões de pesquisa , Janet foi mandada para o Maudsley Hospital onde recebeu tratamentos por três semanas. Tentaram encontram algo de errado com a menina, mas não acharam nada. Janet acredita que uma visita de um padre acabou com a manifestação, mas a sua mãe, que morou na casa até o seu falecimento, disse que ainda escutava barulhos estranhos vindos da parede. A polêmica sobre o caso aumentou mais ainda quando as duas irmãs afirmaram terem falsificados pelos menos 2% dos casos apenas para descobrir se Grosse e Playfair iriam descobrir. Isso aumentou ainda mais a discussão em relação aos eventos, onde os mais céticos falavam que não foram apenas 2%, mas sim todas as ocasiões.

Ao contrário do caso que inspirou o filme anterior, o casal Warren não teve uma grande participação neste. Inclusive, segundo Playfair, Ed Warren só queria fazer dinheiro com o caso com Guy Lyon citando uma vez que Ed chegou para ele e disse que o poderia fazer ganhar muito dinheiro. Playfair disse que saiu para longe de Ed afirmando que aquilo era tudo que ele precisava saber sobre o Warren. Depois de quebrar vários recordes de bilheteria para um filme de terror, a sequência de “Invocação do Mal” foi anunciada e quando Janet soube que iriam falar sobre sua história ela não gostou nem um pouco, pois o filme iria fazer com que ela lembrasse das suas terríveis lembranças da infância. Atualmente, Janet vive com seu marido em Essex.

                                                                          O Filme

Um delicado questionamento quando se fala de sequência de filmes em geral, principalmente os de terror, é se eles são tão bons quantos os originais. Quando a continuação do filme foi anunciada, muitos ficaram temorosos se era ia ser pelo menos boa. Existem muitos casos de filmes clássicos do gênero que já geraram sequências esquecíveis de péssima qualidade. Como exemplo, pode-se tomar “O Exorcista”. Um clássico que sobrevive assustando gerações, já gerou continuações praticamente desconhecidas pelo público em geral com o “O Exorcista 2 – O Herege” sendo considerado por muitos um dos piores filmes não apenas do gênero, mas de todos. O filme possui uma reputação completamente oposta ao filme de 1973. Então, no final de tudo, “Invocação do Mal 2” é bom? Sim. Agora, ele é melhor que o original?

Infelizmente não. Mas não por muito. Três coisas garantiram o sucesso do primeiro filme: A direção certeira de Wan, o elenco muito bem escalado e o roteiro que dosava muito bem o drama familiar e os Warren. O último elemento, entretanto, não é encontrado nesse filme do mesmo jeito que no primeiro. O roteiro aqui assinado por quatro pessoas (Carey e Chad Hayes, David Leslie Johson e até o próprio Wan) foca até demais na família Hodgson, deixando muitas vezes pouco tempo para o desenvolvimento do casal Warren.  Vera Farmiga e Patrick Wilsom estão tão bem como estavam no original. Através da interpretação eficaz de Farmiga o espectador vê o quão crível é a sua preocupação com o marido. Nesse filme os personagens também cometem algumas decisões não inteligentes, caindo em várias clichês do terror, algo que como apontado na crítica do primeiro filme pode ajudar na movimentação da narrativa caso que não é encontrado aqui.

Outro fator que impede esse filme de ser superior ao original é que ele quer ser mais grandioso e tenta assustar com novos recursos, que não provocam tanto quanto no primeiro filme. Dito isto Wan tenta assustar o espectador com três figuras diabólicas: A Freira, que após o lançamento do filme teve um “buzz” parecido com a da boneca Anabelle e também ganhará seu próprio filme em breve, O Homem Torto (este com um CGI mal-finalizado) e o velho Bill Winkins. Wan ainda consegue criar cenas tensas e instigantes, como a cena em que a Janet fala com a sua voz demoníaca enquanto tem água em sua boca, mas não impacta o espectador da mesma forma do primeiro filme. As figuras diabólicas, muitas vezes, só servem para criar muitas vezes jumpscares desnecessários.

Quem merece um grande destaque aqui é a atriz Madison Wolfe que convence e assusta o espectador com a personagem Janet. A fotografia do filme misturada com ambientação do longa são outro acerto da produção. Assim como no filme original, Joseph Bishara entrega uma trilha sonora que preenche algumas cenas com uma camada de tensão sendo eficiente. Em seu clímax, o roteiro opta por usar uma solução simplista demais que soa mais, além de tudo, como uma tentativa de impressionar o expectador.

Invocação do Mal 2” entra para o seleto clube de boas sequências de filmes de terror. Pode não alcançar o nível do primeiro nem chocar tanto quanto, mas é bem superior a vários outros filmes de terror lançados na última década. No final de tudo nota-se uma prova de que às vezes menos é mais.

Título Original: “The Conjuring 2” (2016)

Direção: James Wan

Roteiro: Carey Hayes, Chad Hayes, James Wan e David Leslie Johnson

Elenco: Vera Farmiga, Patrick Wilson, Madison Wolfe, Frances O`Connor, Lauren Esposito, Benjamin Haigh, Patrick McAuley e Simon McBurney

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