Crítica | Pânico 2 (1997)

Confira aqui a crítica do primeiro filme:  clicando Aqui

Quando lançado em 1996, “Pânico” foi um sucesso de bilheteria. O filme foi o décimo terceiro mais visto no ano nos Estados Unidos e o sexto filme de terror da história a passar do arrecadamento de 170 milhões de dólares. Isso sem contar o fato de que é o filme de terror-slasher que mais arrecadou nos Estados Unidos. Sua sequência estava praticamente garantida. E ela não demorou para chegar aos cinemas. Um ano depois a franquia já tinha voltado com a promessa de assustar mais pessoas do que o original.  Wes Craven e Kevin Williamson voltaram para as suas respectivas funções e praticamente todos os atores cujos personagens não morreram no primeiro filme voltaram com o reforço de novos rostos. “Pânico 2” foi outro sucesso comercial e figura embaixo do seu antecessor como o segundo filme de terror-slasher mais visto nos Estados Unidos.

Na história do filme, Sidney sai de sua cidade natal, Woodsboro, e vai para a Universidade Wallace com Randy, o seu amigo sobrevivente do primeiro filme. No entanto, dois estudantes da universidade são assassinados na sessão de estreia do filme “Stab” ,que foi baseado nos assassinatos do primeiro filme, onde o assassino usou a mesma fantasia do assassino “Ghostface” e faz com que Gale, que virou famosa pelo seu best-seller “The Woodsboro Murders”, e outros repórteres tenham a atenção voltada para Sidney.

O roteiro de Williamson não conta com a mesma originalidade do primeiro, mas ele consegue abordar e satirizar muitas questões envolvendo o gênero. Se no primeiro filme, o foco estava ao redor dos clichês e das situações convenientes do gênero, no segundo o foco está no questionamento: “Poderia ser uma sequência ser melhor que o original?”. Numa das cenas mais interessantes da direção, Randy está discutindo essa mesma pergunta com os outros estudantes na aula de cinema. O personagem querido dos fãs afirma que nenhuma sequência é melhor que o original mesmo com outros estudantes citando continuações bem sucedidas como “Exterminador do Futuro 2”, “Aliens” e  “O Poderoso Chefão – Parte 2” (filme o qual Randy diz ser “Uma exceção entre os vencedores do Óscar”). A verdade é que não falta exemplos de sequências boas e ruins. E o principal acerto do roteiro de “Pânico 2” é saber lidar com isso de forma excepcional. Outras discussões são abordadas, como se a violência em um filme pode influenciar alguém na vida real, mas nenhuma é tão bem explorada quanto a já citada anteriormente.

O roteiro também brinca com as famosas regras das sequências dos filmes de terror, segundo Randy elas são: o número de mortes é sempre maior do que no primeiro filme, as cenas de morte são muito mais elaboradas e com maior quantidade de sangue, os sobreviventes do massacre original são os alvos principais do novo assassino e jamais deve-se presumir que o assassino está morto. Outra dica iria ser dita por Randy, mas ele foi interrompido por Dewey.

Wes Craven acerta de novo na direção conseguindo criar cenas tensas e instigantes, como a cena dos telefonemas no parque ou a cena de assassinato que ocorre na irmandade Omega Beta Zeta. Mas a cena em que a direção de Craven mais acerta é onde Dewey e Gale estão tentando descobrir quem é o assassino pelas filmagens do camera-man de Gale , Joel, num lugar grande e completamente vazio. A tensão nessa sequência é capaz de deixar muitos espectadores colados na cadeira, figurando entre umas das melhores cenas de toda a franquia.  A cena de abertura, mesmo que seja inferior a do original, também é marcante e bem pensada sem que haja uma repetição da trivia de filmes de terror ou dos jogos psicológicos do assassino.

Os personagens ganham um maior desenvolvimento e o espectador se importa com muitos deles, grande mérito disso vai para a atuação dos mesmos. Neve Campbell está com uma atuação ainda melhor  do que o primeiro filme entregando uma Sidney que é forte, mas também está aterrorizada pela volta de seu inimigo. Numa das melhores cenas do filme Sidney está fazendo uma peça de teatro onde interpreta a figura da mitologia grega Cassandra e Craven brinca muito bem com a paranoia que a personagem sente a cada segundo. Courtney Cox rouba muitas cenas como a jornalista Gale com suas respostas rudes, David Arquette está bem como no primeiro filme sendo o detetive atrapalhado e carismático, Jamie Kennedy continua divertindo o espectador com Randy, Elise Neal está carismática como a nova amiga de Sidney, mesmo não tendo o mesmo o carisma da Tatum, e Jerry O`Connel está apenas bem em seu papel tendo uma atuação um pouco irregular em algumas cenas. Timothy Olyphant acaba sendo prejudicado pelo pouco tempo de desenvolvimento que seu personagem tem nos primeiros atos, mas ele se entrega completamente na última parte da produção. Laurie Metcalf e Liev Achreiber estão ótimos como Debbie Salt e Cotton Weary, personagem já conhecido pelos fãs. Roger L. Jackson sede de novo sua voz para o assassino “Ghostface ” sendo novamente um dos destaques da produção.

O filme ainda conta com participações de Sarah Michelle Gellar (que apareceu em outro famoso slasher lançado no mesmo ano “Eu Sei O Que Vocês Fizeram No Verão Passado” e segundo a mesma assinou o contrato antes mesmo de ter lido o roteiro), Jada Pinkett Smith (que é capaz de arrancar alguns sorrisos dos espectadores em seu pouco tempo de tela) , Tori Spelling e pontas do diretor Wes Craven como um doutor na cena do hospital e o roteirista Kevin Williamson que interpreta um repórter que entrevista Cotton.

A trilha sonora de Marco Beltrami que era um dos pontos positivos no primeiro filme é ainda melhor nesse filme. O tema “Trouble in Woodsboro/ Sidney`s Lament” traz uma sensação de nostalgia para quem já acompanha a saga e os temas criados para o filme também são ótimos. Danny Elfman participou da trilha compondo o tema “Cassandra Aria”  que toca na já citada cena do teatro. Beltrami utiliza uma trilha composta por Hans Zimmer do filme “A Última Ameaça” nas cenas onde o personagem Dewey aparece sendo uma ótima inclusão.

O roteiro de Williamson acaba falhando em algumas partes, onde os personagens acabam tomando decisões nada inteligentes e escolhendo os piores lugares para usar de esconderijo. A revelação do assassino também não foi algo surpreendente, podendo ser algo já esperado por alguns, com o motivo da matança não sendo tão bem desenvolvido.

Pânico 2” continua com louvor o legado que o filme original deixou oferecendo uma continuação digna que brinca muito bem com o gênero. É em determinados aspectos inferior ao primeiro, mas nada que desmereça os méritos desse filme. Uma ótima continuação que é bem lembrada pelos fãs.

Título Original: “Scream 2” (1997)

Direção: Wes Craven

Roteiro: Kevin Williamson

Elenco: Neve Campbell, Courtney Cox, David Arquette, Jada Pinkett Smith, Roger Jackson, Elise Neal, Liev Schreiber, Srah Michelle Gea, Timothy Olyphant, Jamie Kennedy, Jerry O`Connel e Laurie Metcalf

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