Crítica | Stranger Things – 1ª Temporada (2016)

Quando foi lançada no meio de 2016, “Stranger Things” foi uma grata surpresa. Pouco tempo após o seu lançamento na rede de streaming da Netflix, a série virou uma das mais comentadas do ano, com teorias sobre os personagens e trama sendo formuladas e cheia de fãs. E não é para menos, com uma trama oitentista (com várias referências a filmes da época), personagens carismáticos e uma ótima trilha sonora, “Stranger Things” foi uma das melhores estreias de séries em 2016.

Na primeira temporada da série, o espectador acompanha a investigação do desaparecimento do jovem Will Byers após ele voltar da casa do seu amigo Mike Wheeler. Sua mãe, Joyce; seu irmão Jonathan; e o seus amigos começam a procura-lo. Ao mesmo tempo uma garota desconhecida, Eleven, aparece na cidade e poderá ajudar os garotos numa misteriosa e intrigante investigação atrás do amigo desparecido.

A série é divida em oito episódios o que é um grande acerto. A estrutura narrativa é organizada e os episódios não servem como fillers. Há o prolongamento de alguns arcos em alguns episódios, mas nada exaustante que diminua o ritmo ágil da série. O roteiro foca muito na amizade entre o grupo fazendo com que o espectador se importe com cada um dos jovens. O que o espectador tem mais dificuldade em se relacionar será provavelmente o personagem Lucas, mas não pela atuação de Caleb McLaughin, porém pelo roteiro sempre o colocar em oposição aos seus amigos. Para o final da temporada, o personagem se torna bem mais relacionável.

De todos os arcos, o mais interessante é o que envolve os personagens mais jovens. O arco da personagem Joyce também é muito bem explorado contando com uma atuação arrebatadora de Winona Ryder. O arco menos interessante é o que envolve a irmã de Mike, Nancy, e o seu relacionamento com seu namorado Steve ao mesmo tempo em que ela lida com o desaparecimento de sua melhor amiga, Barb. Um arco necessário para a trama, porém não bem desenvolvido. O arco do governo envolvendo a personagem Eleven, é interessante em alguns momentos em outros eles não parecem ser induzidos de forma orgânica à trama.

O elenco mirim é um dos grandes destaques da série, provavelmente o principal motivo para o grande reconhecimento da série. Finn Wolfhard está ótimo como o “líder” do grupo Mike dando toda a dramaticidade exigida de seu personagem, Galen Materazzo é um show de carisma cheio de frases cômicas, Lucas McLaughin está igualmente bom como Lucas sendo o mais cético do grupo, Noah Schnapp tem pouco tempo para se firmar na trama, mas não fica atrás dos seus companheiros. Porém o grande destaque vai para a atriz Millie Bobby Brown como a misteriosa Eleven roubando quase todas as cenas em que aparece. Contando com poucas falas, a atriz consegue expressar vários sentimentos apenas pelo seu olhar. Todos os atores possuem em química muito forte, o que faz com que o espectador se relacione de forma mais fácil com eles.

Felizmente, não é só o elenco mirim que se destaca. Além da já citada excelente atuação de Winona Ryder, David Harbour como o xerife Jim Hopper é outro que possui forte presença em cena. E mesmo com o desserviço do roteiro; Natalia Dyer, Joe Kerry e Charlie Heaton são outros que estão ótimos em cena. A série possui ótimos elementos de um terror sobrenatural, lembrando o espectador de várias obras do Stephen King, principalmente com a figura do monstro Demogorgon.

Em trazer à nostalgia dos anos 80, a série não falha nem um pouco. Contando com referências a “Alien – O Oitavo Passageiro”, “E.T – O Extraterrestre”, “Poltergeist”, “Conta Comigo”, “Tubarão”, “O Enigma de Outro Mundo”, “Evil Dead”, “Predador”, “Carrie – A Estranha”, “Chamas de Vingança”, “Os Goonies” e muitos outros filmes da época ou atuais, a série é um prato cheio para quem gosta de captar referências escondidas. A trilha sonora é um ponto extremamente positivo aumentando ainda mais a ambientação e a imersão do espectador naquela época.

Stranger Things” foi uma surpresa mais que grata no ano de 2016, conseguindo envolver o espectador numa dose invejável de nostalgia, humor, elementos de terror e um elenco incrível. Que venha a segunda temporada para responder mais perguntas sobre a primeira.

Stranger Things – 1ª Temporada, EUA – 2016 , Duração: 480 min.

Showrunners: Matt Duffer, Ross Duffer

Direção: Matt Duffer, Ross Duffer, Shawn Levy

Roteiro: Matt Duffer, Ross Duffer, Paul Dichter, Justin Doble, Jessica Mecklenburg, Jessie Nickson-Lopez

Elenco: Winona Ryder, David Harbour, Finn Wolfhard, Millie Bobby Brown, Gaten Matarazzo, Caleb McLaughlin, Natalia Dyer, Charlie Heaton, Matthew Modine, Noah Schnapp

Comments are closed.