Crítica | Capitão América: O Soldado Invernal (2014)

Leia a crítica: Capitão América: Guerra Civil

Desde que tinha acordado de sua hibernação no gelo o Capitão América não teve muito tempo de se acostumar a sua nova realidade em Os Vingadores principalmente, pois após ser recrutado por Nick Fury ,passou boa parte do tempo lutando contra  Loki e prevenindo Nova Iorque de ser destruída por alienígenas. Mas, o principal ali foi nos mostrar que ele é um líder nato, fazendo jus ao seu titulo de ‘’O primeiro vingador’’.

A trama  de Capitão América: O Soldado Invernal , nos mostra Steve Rogers (Chris Evans) finalmente se adaptando ao mundo atual, se passaram dois anos desde que acordou de seu sono gelado de sete décadas e agora trabalhando para a S.H.I.E.L.D. em missões especiais , não tão deslocado assim. Não existe mais guerras para lutar, apenas grupos de espionagem, missões de reconhecimento, ameaças e controle psicológico. Existe o controle pelo medo, e Steve tem que se adaptar a tudo isso.

Após lutar ao lado dos Vingadores na batalha de Nova York, o Capitão América agora lidera uma equipe de elite dentro da agência de espionagem S.H.I.E.L.D ao lado da também vingadora Natasha Romanoff (Scarlett Johansson). Quando o diretor da SHIELD,  Nick Fury (Samuel L. Jackson) cai vítima de um atentado nas mãos do misterioso Soldado Invernal (Sebastian Stan), fica claro para Rogers que a S.H.I.E.L.D está comprometida, o que coloca o herói no centro uma rede de intrigas que ameaça a liberdade e segurança globais.

O longa faz duras críticas ao governo americano pós-11 de setembro, como a custosa guerra ao terror e a paranoia de vigilância pelas redes de espionagem de forma generalizada. Trazendo um ótimo questionamento , a validade das ações para manter-se a liberdade. Expondo o  pensamento clássico de “Os fins justificam os meios”.

A adição de Anthony Mackie interpretando pela primeira fez o herói Falcão foi acertadíssima, Mackie é um ator cativante e logo na sua primeira cena já estabelece uma química com Evans. Dentre os demais heróis , ele é o mais humano e por sua vez mais frágil, o que adicionou mais tensão na trama, afinal ele poderia ser ferido com mais facilidade (morrer era algo que não cogitaria, pois algo que a Marvel não faria com um herói que acabou de introduzir).Chris Evans desempenhou um ótimo papel no longa e parece mais a vontade em interpretá-lo, não tão raso, quanto pareceu anteriormente. Sua parceira em cena com Scarlett Johansson,  foi mais do que bem vinda , a atriz deixou de lado aquela Viúva Negra introspectiva, para dar lugar a uma mulher  forte não apenas como o seu ‘’titulo’’ trás mas agora realmente se impondo como tal, determinada, esperta, mas que é um tanto insegura em relação ao seu passado. O que a Marvel Studios acabou perdendo na fase 2 , a oportunidade de nos contar a historia da personagem em filme solo.

Vale ressaltar que as lutas mostradas no filme são as mais ‘’brutais’’ que em qualquer outro filme da Marvel Studios, combates corpo a corpo muito bem coreografados , com forte influência do MMA. Com destaques que vão para o segundo embate entre o Capitão e o Soldado Invernal, o combate dentro do elevador e a infiltração no navio logo no início da projeção , no qual foi escalado o lutador George St. Pierre como o terrorista Batroc.

A trilha sonora composta por Henry Jackman se encaixou perfeitamente no longa, as lutas ganharam muito mais tensão. E parece que foi inspirada na trilha sonora do filme Inception, que foi composta por Hanz Zimmer, mas com um tom mais heroico, é claro. Sendo a principal e mais notável a que ganhou o subtitulo do longa, O Soldado Invernal.

O ponto negativo é a previsibilidade do roteiro do segundo para o terceiro ato. Em alguns momentos, situações que exigem um desenrolar mais complexo são apresentadas de forma simples, com soluções óbvia. Já na metade da exibição sabemos quais são os vilões assim como seus planos e desejos, mantendo assim a zona de segurança dos filmes da Marvel. Mas algo que foi muito positivo foi o equilíbrio pontual do  humor, em Soldado Invernal é melhor distribuído do que em outros filmes da Marvel , é mais orgânico e menos inconveniente, mérito dos irmãos Russo, criadores da série Community.

Os irmãos Russo mudaram completamente o estilo dos filmes da Marvel ao apostar em cenas de ação agitadas, com cortes rápidos e muita câmera na mão, uma decisão acertada pela proposta do filme, e nota-se que foi claramente inspirada na trilogia Bourne, de Paul Greengrass. Isso garantiu ao  Soldado Invernal seus melhores momentos e o filme da Marvel considerado, o mais maduro até então.

Capitão América 2: O Soldado Invernal (Captain America: The Winter Soldier, EUA – 2014) , Duração: 136 min

Direção: Anthony Russo e Joe Russo

Roteiro: Stephen Markus e Stephen McFeely

Elenco: Chris Evans, Scarlett Johansson, Sebastian Stan, Anthony Mackie, Samuel L. Jackson, Robert Redford

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