Crítica | Coraline e o Mundo Secreto (2009)

Coraline e o Mundo Secreto” é um filme de 2009 que foi baseado na obra de 2002 de Neil Gaiman. Foi o primeiro filme animado dos estúdios Focus e a primeira em stop-motion a ser feita originalmente para o formato de 3D, que desde o seu lançamento foi muitíssimo elogiado, deixando tanto crianças quanto adultos apavorados e várias teorias rondando pela internet.  Trata-se de um filme incrível e inventivo que não deixará o espectador sem pensar nele por um bom tempo.

No enredo, o espectador acompanha a personagem Coraline Jones que acaba de mudar com a sua família para o apartamento “Pink Palace”. Sua mãe e seu pai, Mel e Charles Jones, são escritores de catálogos de jardinagem, mas ao mesmo tempo detestam terra. Na sua casa, o jantar é feito pelo seu pai que é péssimo em cozinhar fazendo apenas comidas que Coraline detesta. Dos seus vizinhos excêntricos, dos quais inclui um dono de um fracassado circo de camundongos e duas atrizes idosas que sempre brigam, o único de sua idade é o garoto Wybie a qual Coraline abomina por ser bastante tagarela. O garoto vive com a sua avó que é dona do tal apartamento e morava nele desde pequena com a sua irmã, que desapareceu misteriosamente. O garoto é sempre visto acompanhado de um gato.

Coraline detesta a sua nova casa, achando tudo uma chatice. Até que um dia ela encontra uma pequena porta que leva ela até outro mundo. Ela vai para a mesma casa em outra realidade, onde todos possuem botões no lugar de seus olhos. Nesse novo mundo a comida é deliciosa, os seus vizinhos são mais divertidos, o garoto Wybie é mais calado e os seus novos pais dão tudo que a menina quer. Mas como já diz os materiais promocionais, cuidado com o que você deseja, porque aquele novo mundo pode ser bem mais perigoso do que Coraline jamais poderia imaginar.

Um dos principais acertos do roteiro de “Coraline e o Mundo Secreto” é na construção de sua trama. Desde o começo o espectador se sente atraído por aquele novo mundo com tudo que ele sente a oferecer com o estranhamento e a desconfiança chegando de pouco a pouco, às vezes com frases do tipo: “Ela lhe conhece com a palma da mão” ou quando o espectador começa a se questionar: “O que será que a Outra Mãe deseja com a menina?”. O espectador se sente como a protagonista descobrindo aquele mundo cada vez mais. Os pais, geralmente, são figuras onde os filhos depositam grande confiança e o filme desconstrói isso de uma forma sensacional.

O trabalho de dublagem é outro fator positivo a se levar em conta. Desde a voz inocente de Dakota Fanning como a protagonista até a voz de Teri Macher como Mel Jones e a Outra Mãe (ou Beldam, se o leitor preferir) que consegue ser uma voz atenciosa e convidativa quando precisa e deliciosamente malvada em outras ocasiões. Outros que se destacam na dublagem são Ian McShane dando personalidade ao dono do circo de camundongos, o Sr. Bobinsky; Jennifer Saunders e Dawn French como as atrizes April Spink e Miriam Forcible, respectivamente, dão mais humor as intermináveis brigas das personagens que vão desde a função de determinado objeto até uma predição numa xícara de chá; e Keith David que com o seu trabalho de dublagem fornece todo o mistério transmitido pela figura de seu personagem: O Gato.

A criação de mundo é outro destaque do filme oferecendo visuais deslumbrantes e coloridos, como o jardim da casa no Outro Mundo, fazendo um contraste com o cinzento e desinteressante do mundo normal da personagem. A trilha sonora de Bruno Coulais é muito interessante com temas que aumentam o mistério em volta daquele lugar. A decisão de não explicar tudo o que acontece no filme, deixando margens para diversas teorias, foi outro fator positivo onde o filme explica apenas o necessário para entender a história. O terceiro ato é eficiente, dinâmico e instigante com uma cena final que deixa algumas questões em aberto.

Sendo indicado ao Óscar e ao Globo de Ouro do ano de 2010 na categoria de Melhor Animação e vencendo três prêmios Annie, “Coraline e o Mundo Secreto” é um excelente filme animado que consegue deixar o espectador cheio de indagações no seu final. Um filme com um visual deslumbrante, uma história em até certo ponto macabra e uma dublagem sensacional, “Coraline e o Mundo Secreto” é uma excelente pedida para todo o tipo de espectador.

Título Original: “Coraline” (2009)

Direção: Henry Selick

Roteiro: Henry Selick baseado na obra de Neil Gaiman 

Elenco: Dakota Fanning, Teri Hatcher, John Hodgman, Jennifer Saunders, Dawn French, Keith David, Robert Bailey Jr., Ian McShane

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