Crítica | American Horror Story: Coven (2013)

American Horror Story” pode ter ganhado vários prêmios e atraído a atenção de muitos com a sua primeira temporada, mas foi com “American Horror Story: Asylum” que ela se popularizou de vez e a expectativa para a terceira temporada não poderia ficar mais alta. Dessa vez o tema escolhido seria um clã de bruxas, descendentes de Salém, em Nova Orleans. Quando lançada, “American Horror Story: Coven” acabou dividindo a opinião de alguns fãs: outros adoraram como a temporada explorava o tema enquanto outros a rejeitavam por ser uma temporada mais teen que as demais e por problemas do roteiro. Mas mesmo contando com alguns problemas, “American Horror Story: Coven” está longe de ser péssimo como muitos imaginam.

Nessa temporada, o espectador acompanha a protagonista Zoey que recentemente descobriu ser uma bruxa e vai ter que ser mandada para uma escola especial, onde ela ficará com outras bruxas sob o cuidado de Cordelia Foxx. As bruxas que vivem nu lugar são a clarividente Nan, a triz e telecinética Madison Montgomery e a “boneca de vodu humana” Queenie. A raça de bruxas está em extinção, tanto por causa de algumas bruxas ainda serem queimadas na fogueira ou porque a grande maioria tem medo de se assumir, e aquele clã pode ser o último da história. Todo o clã possui uma líder, a Suprema.

A Suprema é a bruxa mais poderosa de todo o clã sendo responsável por lidera-lo. Quando uma nova Suprema é escolhida, a anterior perde os seus poderes até o seu falecimento. As garotas irão competir para decidir quem vai ser a próxima líder do clã, mas a Suprema atual, Fiona Goode, não aceita o destino de sua morte eminente e fará de tudo para permanecer no poder. Fiona nunca deu a mínima para o clã, mas agora ela irá retornar para descobrir quem será a próxima Suprema e vai mata-la. Como se não bastasse isso tudo, a rainha do vodu Marie Laveau está em guerra com o clã e pretende acabar com todas aquelas bruxas de uma vez.

O roteiro de Coven acerta na construção da maioria de seus personagens, como é o caso de Cordelia que sofre com o péssimo relacionamento com sua mãe e a pressão de controlar as suas estudantes, principalmente Madison que é dotada de um comportamento rebelde. Fiona Goode é uma mulher que não quer admitir que os tempos já são outros, que quando ela for ao bar ninguém vai nota-la e que a morte está batendo na porta, principalmente com a descoberta do câncer. O único dos personagens que sai prejudicado é o novo namorado de Zoey, Kyle. O personagem tinha muito potencial para se explorar, mas o roteiro de uma hora ou outra apenas esquecia-se de sua existência e nunca o desenvolvia direito. O racismo também é algo abordado com competência na temporada.

Outro fator positivo do roteiro é como ele enriquece a mitologia da série. Toda a guerra de bruxas brancas e negras é desenvolvida de uma ótima forma. O núcleo dos caçadores de bruxas também é uma adição interessante mesmo que não desenvolvida da forma tão boa assim. O uso da história real do serial killer do machado que assombrou Nova Orleans entre 1918 e 1919 também foi uma adição mais que bem vinda. A figura do Papa Legba foi perfeita para adicionar mais sobrenatural à temporada.

Agora Coven comete alguns deslizes notáveis em sua história. O constante uso da habilidade de ressurreição de Misty Day demonstrou a falta de coragem no roteiro quando foi matar personagens importantes. Com tantas ressurreições, chegou um momento que a série não sabia que rumo tomar o que fez com que os ritmos dos episódios caíssem bastante. O triângulo amoroso formado entre Zoey, Kyle e Madison é desenvolvido de uma forma porca sem agregar muito a história. Quando o roteiro percebeu que a temporada estava chegando ao fim, as mortes ocorreram de forma desenfreada.

Felizmente, o elenco não teve uma queda de qualidade entregando fortes interpretações. Lily Rabe exala a cada segundo a inocência de sua personagem de forma magistral, Misty Day é quase o completo oposto da freira Mary Eunice possuída da temporada passada. Emma Roberts rouba várias vezes à atenção do espectador interpretando uma personagem cínica e egoísta. Sarah Paulson está excelente como Cordelia demonstrando toda a fragilidade necessária. Taissa Farmiga e Evan Peters estão ótimos, mas a sofrem com a forma que o roteiro trabalha os seus personagens. Denis O´Hare é outro que se destaca na temporada com o mordomo Spalding sendo o personagem mais estranho da temporada, e de toda a série assim por dizer. Frances Conroy está perfeita como Myrtle Snow trazendo uma interpretação excêntrica no ponto ideal. As cenas em que ela toca o seu instrumento são sensacionais com umas conotações humorísticas bem encaixadas. Jessica Lange está em seu melhor papel; era bem difícil superar o seu papel na temporada passada, mas a atriz merece todos os elogios aqui; oferecendo mais camadas a figura de Fiona Goode.

Coven foi a temporada que trouxe mais nomes de peso para o elenco: Kathy Bates e Angela Basset. E as duas estão fenomenais. É imensurável ver Bates com um sotaque francês reclamando da maior participação dos negros na sociedade já que para ela não passam de escravos. Basset impõe todo o temor que a rainha do vodu deveria passar aproveitando todo o tempo dado a ela. Apenas a conclusão de sua personagem foi decepcionante. Danny Huston, Gabourey Sidibe e Jamie Brewer também se destacam em seus papéis.

A season finale foi um episódio interessante por mostrar o concurso de quem seria à nova Suprema, mas a conclusão sobre o mistério foi um balde água fria sendo óbvia e desinteressante. O figurino é um destaque da temporada, assim como a sua trilha sonora (boa sorte para aqueles que querem esquecer o La, La, La, La…). A abertura dessa temporada é sem dúvidas a mais macabra, mostrando várias imagens relacionadas à magia negra em sequência:

Sendo assim, “American Horror Story: Coven” teve mais acertos do que erros. Com muitos personagens carismáticos, uma grande mitologia a ser explorada e atuações de impressionar, porém com notáveis problemas de roteiros, Coven está longe de merecer o ódio que muitos infringem sobre ela mesmo que tais problemas não devam se ignorados.

Título Original: “American Horror Story: Coven” (2013)

Direção: Alfonso Gomez-Rejon, Michael Rymer, Michael Uppendahl, Jeremy Podeswa, Bradley Buecker, Howard Deutch

Roteiro: Ryan Murphy, Brad Falchuk, John J. Gray, Tim Minear, James Wong, Jennifer Salt, Douglas Petrie, Jessica Sharzer

Elenco: Jessica Lange, Taissa Farmiga, Evan Peters, Lily Rabe, Frances Conroy, Angela Basset, Kathy Bates, Emma Roberts, Denis O´Hare, Danny Huston,  Gabourey Sidibe , Jamie Brewer

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