Recomendação | Medabots

Tendo sido criada em 1997 pela companhia Natsume, a franquia Medabots (Medarot no original japonês) iniciou sua existência como um jogo de RPG lançado para o console portátil Game Boy, com destaque especial para as diversas características “herdadas” de outra franquia bastante popular na época, Pokémon. Alguns anos mais tarde, tendo feito relativo sucesso em território nipônico, o estúdio de animações Bee Train iniciou a produção de um anime inspirado no jogo lançado anteriormente.

Com um total de 52 episódios o anime foi ao ar em 2 de Julho de 1999 no Japão e foi exibido até 30 de Junho de 2000. A primeira temporada foi muito bem recebida e tenho certeza que você, caro leitor, deve ter assistido um punhado de episódios enquanto o anime era exibido nas manhãs de segunda à sexta na TV Globinho (programa atualmente cancelado) ou no canal fechado Jetix.

Como comentei no parágrafo inicial, Medabots e Pokémon compartilham muitos elementos, dentre eles o embate entre dois ou mais “mascotes” que cada personagem possui. Como era de se esperar, também temos a confirmação de que é comum existirem grandes competições onde os participantes anseiam ocupar o título de melhor lutador. Até aqui nada de novo no front, porém, não se trata simplesmente de uma cópia genérica, mais para frente você entenderá a razão.

A história narrada no anime segue as aventuras de um garoto de 10 anos chamado Ikki Tenryou que é o único de sua cidade que ainda não possui um Medabot. Esse fato o coloca numa posição um tanto desagradável, pois, praticamente cidadãos do mundo inteiro possuem um ou mais desses “robôs”, seja para a realização de trabalhos específicos, serem utilizados em competições ou simplesmente para servirem de companhia. Tudo essa versatilidade só se torna possível graças à Inteligência Artificial contida num “artefato”, apelidado de Medalha, que, após ser conectado ao corpo mecânico, garante ao Medabot mobilidade e até mesmo uma personalidade.

As chamadas Cyberlutas se tornaram bastante comuns e não raro as pessoas preferem resolver suas diferenças com uma (para aqueles que perderem o combate se torna obrigatório ceder uma meda-peça de seu companheiro para o vencedor). Enfim, depois de presenciar uma cyberluta que ocorria no pátio de sua escola, Ikki novamente se torna alvo de bullying por parte de seus colegas. Chateado com a situação, o garoto volta para casa ao lado de Erika Amazake com quem cultiva uma amizade um tanto quanto conturbada, porém, verdadeira.

Perto de casa, a dupla passa por uma loja que vende Medabots bem como suprimentos necessários para mantê-los. Imediatamente somos apresentados a outro personagem “nada suspeito” e que se tornará bastante presente nos episódios seguintes, o vendedor Henry. Sabendo das limitações financeiras pelas quais o garoto passa, Henry apresenta uma alternativa um tanto quanto inusitada … adquirir um modelo fora de linha. Mais tarde, Ikki encontra uma dessas Medalhas jogada num rio e, após Erika se meter em confusão, volta atrás de sua palavra e compra o modelo obsoleto que viu na loja.

O que parecia ser o começo de uma nova fase na vida do jovem Tenryou na verdade se mostra um verdadeiro inferno quando o mesmo descobre que seu recém-comprado Metabee possui uma personalidade rebelde e impulsiva, algo bem fora da curva. Dessa feita, os primeiros episódios são bastante focados no desenvolvimento da dupla que aos poucos vai resolvendo suas diferenças e crescendo individualmente.

No princípio, o relacionamento entre Ikki e Metabee é bastante conturbado, afinal, ambos encaram de forma diferenciada as diferentes situações de surgem no dia a dia. Enquanto o menino se foca apenas em ser o vencedor do Campeonato Mundial de Cyberlutas (o que envolve bastante treinamento e seguir uma dura rotina), seu medabot demonstra bastante animosidade para com seu “mestre” e opta por viver de forma independente (apesar de também ter o desejo de ser um campeão).

Paralelo a este cenário também temos a introdução de uma organização criminosa que utiliza medabots como ferramentas de conquista, a Gangue dos Robôs de Borracha (podem rir xD). Fazendo uma alusão à Equipe Rocket, temos um quarteto de “vilões” peritos em não cumprir suas missões e que estão determinados a agradar o seu misterioso chefe. Mesmo servindo como alívio cômico em 90% do tempo, ainda temos alguns episódios onde os mesmos representam uma ameaça real, então, eles não são completamente inúteis.

Não … Ninguém vai desconfiar deste disfarce.

Apesar de tudo, os mencionados personagens conseguem evoluir bastante até o fim da jornada, até mesmo alcançando seu objetivo – mesmo que parcialmente (diferente de um tal de Éd Clécio … erff digo *cof* *cof* Ash Ketchum). A criação de laços de amizade entre o humano e a máquina teimosa é um dos pontos altos da animação e mostra que mesmo abordando uma temática um tanto quanto batida, ainda é possível produzir uma boa história sem ter que apelar para certos vícios. A atenção especial vai para o episódio “X-Treme Measures” onde Ikki e Metabee brigam feio antes de participarem de um campeonato local, o medabot teimoso resolve lutar sozinho e se recusa a ser reparado por seu mestre antes da luta final. O resultado é obviamente uma derrota vergonhosa que coloca a união de ambos em jogo … a forma como tudo se resolve no final tirou um pouco de suor masculino aqui.

Outro ponto positivo vai para os personagens secundários que são uma boa adição para a trama, alguns até mesmo recebendo seu tempo em tela para serem melhor desenvolvidos. À medida que a trama vai avançando temos a introdução de Koji Karakuchi e Sumilidon (ambos servindo como o verdadeiro oposto da dupla protagonista), Karin Junmai (por quem Ikki nutre sentimentos) e Neutra Nurse, os Malucos (como se auto-denominam um trio de valentões que frequentam a escola do bairro, formado por: Samantha, Spike e Sloan) … ah, também não poderia deixar de mencionar o Sr. Juiz com suas habilidades de onisciência e onipresença (porque não tem como explicar o cara estar presente em TODAS as lutas travadas por Ikki e Metabee), sempre garantindo umas boas risadas.

Com certeza a característica mais marcante do anime são as lutas, mas não pense que se trata de robôs trocando tiros/socos pra cima e pra baixo sem parar! Estratégia é fundamental nesse jogo e quase nunca há espaços para se cometer deslizes e ainda sair com o medabot inteiro. Neste aspecto realmente não tenho do que reclamar e as coisas ficam ainda melhores quando o arco final se inicia, nele as lutas se tornam cada vez mais acirradas e exigem o máximo de cada participante.

Agora que mencionei os pontos altos desse anime, chegou o momento de apontar os defeitos também, começando pelo arco final que se inicia antes do Campeonato Mundial ser iniciado. A ideia de contar o passado dos Medabots foi excelente e, até um primeiro momento, muito bem executada. Contudo, os produtores resolveram deixar uma aura de mistério que só aumentava com cada revelação feita nos episódios que se seguem. O final em si foi um tanto “WTF” por envolver um plot-twist totalmente sem sentido que deixa um gosto amargo na boca de quem ficou ansioso pelo final.

O segundo ponto negativo vai para a continuação da história, o que é uma pena, pois, trouxeram uma abordagem inédita: Kilobots (ou Death Medarot no original japonês). Diferente de suas contrapartes, esses robôs foram concebidos para serem puras máquinas de combate sem nenhum traço de personalidade. Infelizmente, com uma mudança que ocorreu nos bastidores da produção, o que vemos é uma pequena quantidade de episódios realmente bons em meio a um monte de arcos inúteis e que nada acrescentam à trama. Também removeram personagens importantes da temporada anterior sem mais nem menos, como se nunca tivessem existido!

Apesar dos apesares este é um anime que vale à pena, mesmo adotando elementos pertencentes à franquia dos monstrinhos de bolso. Se você foi um dos que assistiu quando criança então vale à pena maratonar essa produção, a nostalgia vai bater forte … isso eu garanto. Caso não tenha assistido, bem, não faz mal! Vai ser uma aventura interessante, ainda mais quando percebemos que Ikki é um Ash “feito direito”. Por hoje é só, vejo vocês no próximo post o/

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