Crítica | A Múmia (1932)

Quando alguém chega para você perguntando sobre monstros, você de forma imediata pensaria nos icônicos Drácula, Lobisomem, Frankenstein, Múmia entre outros. É uma fato inegável que esses famosos vilões se tornaram parte fundamental da cultura POP sendo lembrado por várias gerações. Durante a década de 30, esses monstros ganharam filmes pela Universal que foram um sucesso popularizando ainda mais tais personagens. “A Múmia” foi lançado em 1932, um ano após o lançamento de “Drácula” que foi um dos maiores sucesso da Universal, tendo ganhado um remake em 1999 e vai ganhar e mais em em 2017 que abrirá o chamado “Dark Universe” que é um universo compartilhado de monstros da Universal para uma nova geração.

No enredo do filme, pesquisadores acabam descobrindo uma tumba de uma múmia enterrada há muito tempo e um estranho pergaminho. Em seu lugar de descanso eterno, encontram hieróglifos que dizem que a múmia era o faraó Imhotep que foi condenado ao sofrimento eterno tanto nessa vida quanto na outra por toda a eternidade. Já no pergaminho, é descoberto que quem o lesse acabaria libertando uma maldição que traria dor e tragédia. De forma negligente, um dos pesquisadores acaba lendo o pergaminho e, de forma não intencional, traz a múmia de volta a vida. Com o seu retorno, o ex-cadáver pensa que a atriz Helen Grosvenor é a reencarnação de sua amada princesa Ankh-es-en-amon e parte em sua procura.

Comparado aos filmes de terror atuais, “A Múmia” é um filme curto com apenas 72 minutos de duração e com um roteiro bem enxuto.  Ele nunca parece apressado para mostrar o desenrolar dos acontecimentos tendo uma história que deixa o espectador interessado no que vai acontecer. O roteiro cumpre muito bem o seu dever de envolver todo o espectador na história fazendo com que o tempo passe mais rápido ainda. “A Múmia” possui um terror gótico que é definido desde os primeiros minutos do longa, sem apelar a jumpscares desnecessários.

O texto de John L. Balderston tem o maior êxito em relação ao vilão-título do longa. O faraó Imhotep é envolvido numa trágica e envolvente história de amor com boas motivações para as suas ações maquiavélicas, sendo de longe o personagem mais complexo já que os outros personagens não são tão bem desenvolvidos algo que não atrapalha a experiência. O flashback que conta a sua história é muito interessante.

E todo isso adicionado a excelente atuação de Boris Karloff com andar lento, um olhar penetrante e imponente em cena e pouca expressividade. O ator foi à escolha perfeita para o papel trazendo todo que o personagem exigia trazendo a múmia definitiva para o cinema. Em algumas cenas o olhar do ator, realçado pela direção de Karl Freund, é de arrepiar. Boris também aparece em outros filmes de monstros da Universal, como o “Frankenstein” e “A Noiva do Frankenstein”.

Esse foi o primeiro filme de Karl Freund, nome importante na história da cinematografia, e ele acerta muito na direção explorando todo o espaço em algumas cenas e usando planos fechado para provocar sufoco e tensão no espectador. O trabalho de Milton Carrush é excelente deixando o filme mais fluido. O clímax do filme tem poucos diálogos, mas é sensacional culminando de forma excelente tudo que já havia sido apresentado. Freund conseguiu criar uma obra envolvente que consegue atrair a atenção do espectador mais desconcentrado.

Outro acerto do filme é a deslumbrante trilha sonora de James Dietrich. O design de produção do filme também é um grande acerto com figurinos e locações muito bonitas principalmente na já citada cena do flashback. Há que se louvar o excelente trabalho de maquiagem que se destaca desde a primeira cena que o faraó aparece em tela. É impressionante como todos os aspectos desse filme conseguem se juntar e criam uma obra incrível como é “A Múmia”.

Há uma razão para os filmes de monstros da Universal serem lembrados com tanto saudosismo por muitos e qualquer argumento para defender essa ideia é encontrado nesse filme. “A Múmia” é romântico ao mesmo que é trágico contando uma história de amor que durou décadas e que envolve todos os espectadores até hoje.

Título Original: “The Mummy” (1932)

Direção: Karl Freund

Roteiro: John L. Balderston

Elenco: Boris Karloff, Zita Johan, David Manners, Arthur Byron, Edward Van Sloan, Bramwell Fletcher, Noble Johnson

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