Crítica | Drácula: A História Nunca Contada (2014)

O Conde Drácula é, sem margem de dúvida, o vampiro mais famoso tanto no cinema quanto na literatura. Bram Stroker lançou em 1897 o seu mais famoso livro e mesmo após vários anos o vampiro continua ganhando muitos fãs. Aproveitando todo o sucesso envolto no personagem, a Universal teve uma ideia: Há personagem melhor para começarmos o nosso universo de monstros do que o próprio Conde Drácula, um dos monstros mais famosos do globo? Foi então que em 2014, “Drácula: A História Nunca Contada” chegava aos cinemas com uma perspectiva de apresentar um novo ponto de vista sobre a história do conde, um bem diferente da que Copolla apresentou em seu longa de 1992.

Na história do filme, o espectador acompanha o rei do reino da Transilvânia Vlad, que outrora foi um grande combatente conhecido como “Vlad, O Empalador”, que enfrenta um grande dilema quando o Sultão Turco Mehmed exige mil crianças, incluindo o seu filho, para serem treinador no exército turco e lutarem suas batalhas. Sua esposa Mirena não quer de jeito algum perder o seu filho e muito menos Vlad deseja isso e percebe que para salvar o seu reino e a sua família terá que fazer um perigoso pacto com uma temível criatura das trevas. Nesse acordo, ele se tornará um vampiro por três dias. Caso ele beba sangue humano nesse período de tempo, ele se tornara um vampiro para sempre. Caso ele consiga vencer esse desejo, há a chance de salvar a sua família e retornará a ser humano de novo.

O principal erro do roteiro de Matt Sazama e de Burk Sharpless é a forma como ele trata o famoso vampiro transformando ele em, basicamente, um anti-herói se desassociando bruscamente de toda a mitologia já conhecida do personagem. A figura “vilanesca” já conhecida é completamente deixada de lado por uma história de origem menos interessante. Se o desejo do estúdio era realmente fazer um universo de monstros, esse caminho não foi o certo a se seguir.

Porém o texto não é todo descartável. Ele consegue desenvolver a maioria dos inúmeros problemas que o personagem principal sofre: o relacionamento com a sua esposa Mirena que se preocupa com a sua segurança, a grande ameaça turca que se aproxima cada vez mais, as precauções que ele toma por causa de ser um vampiro, o seu desejo de sangue incontrolável, o prazo que a cada dia está mais perto de acabar e a preocupação sobre como o seu povo irá reagir ao descobrir o que ele havia se tornado. O que foi tratado de forma mais superficial foi a sua persona religiosa, que trabalhado de forma certa poderia trazer bons frutos ao filme.

O elenco se apresenta razoável aqui. Luke Evans é um ótimo ator, mas sofre com a exagerada humanização do seu personagem. Evans tinha potencial para se tornar uma das encarnações mais famosas do vampiro. Sarah Gordon sofre do mesmo aspecto de Evans com o roteiro tratando a sua personagem de uma forma bem preguiçosa. Dominic Cooper vive um vilão completamente esquecível e mal desenvolvido. O maior destaque do elenco vai para Charles Dance que é referido como o “Mestre dos Vampiros” nos brindando com um personagem misterioso e imprevisível que iria representar uma grande ameaça no futuro com os seus jogos doentios e sua sede de vingança implacável.

Esse foi um dos primeiros filmes do diretor Gary Shore que mostra que ainda tem umas coisas a aprender como a orientação dos atores e algumas partes nas cenas de ação. Elas sofrem com cortes rápidos que às vezem confundem o espectador com a sequência mais memorável seja a batalha que é vista pelo reflexo de uma espada. Outro conceito interessante foi o uso do controle sobre os morcegos nas cenas de ação, sendo um conceito bem abordado e útil na história. A trilha sonora de Ramin Djawadi cumpre o seu papel básico se destacando apenas onde o personagem de Charles Dance aparece.

Com uma arrecadação abaixo da pretendida pelo estúdio, “Drácula: A História Nunca Contada” acabou sendo ignorado no cânone no “Dark Universe” da Universal com o começo do universo só começando, realmente, em 2017 com “A Múmia”. Um filme mediano que não merecia ser excluído sem mais nem menos, principalmente com o final em aberto deixado. Para quem quiser ver uma nova ótica sobre a história do vampiro mais famoso da cultura Pop, ele é recomendado. Para os que desejam ver o vampiro no seu aspecto mais malvado, procure outro filme.

Título Original: Drácula Untold

Direção: Gary Shore

Roteiro: Matt Sazama, Burk Sharpless

Elenco: Luke Evans, Dominic Cooper, Sarah Gordon, Art Parkinson, Charles Dance, Paul Kaye, Noah Huntley, Zach McGowan, Ferdinand Kingsley

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