Resenha | Saga (Image Comics)

Na década de 1990, a Image Comics surgiu como uma forma revolucionária de se fazer quadrinhos, onde roteiros pouco importavam, desde que a arte fosse impactante. Mas essa visão mudou rapidamente, quando as empresas que integravam a Image começaram a contratar roteiristas dando-lhes total liberdade para escrever e criar. Com isso, roteiristas como Alan Moore, Neil Gaiman, Frank Miller, Garth Ennis, e tantos outros tornaram a Image uma editora notável, e forte contra as maiores DC e Marvel.

O genial Brian K. Vaughan, que escreveu para a Marvel a série Runaways( Os Fugitivos) , e para a DC/Vertigo os sucessos Y: The Last Man, Ex-Machina e Os Leóes de Bagdá. Na Image, em 2012, ao lado da ilustradora Fiona Staples, Vaughan cria Saga.

Marko é da raça que habita em Grinalda, enquanto Alana é uma pessoa com asas de Aterro. Um amor proibido acontece e os protagonistas têm um bebê, a família precisa fugir, pois está sendo perseguida por seus dois governos, já que uma relação entre as raças não deveria existir. Como se não bastasse, alguns caçadores de recompensas são contratados para matá-los, o que nos apresenta O Querer, um personagem importante da história. Não espere diálogos complexos do nível de Sandman por exemplo, na verdade Saga tenta ser jovial, com diálogos com referencia a cultura pop, gírias. Mas não chega ao ponto de incomodar, mas é claro isso vale para os adultos mais maduros, os adolescentes e jovens adultos provavelmente irão adorar.

Caçador, O Querer

Um dos fatos marcantes dessa HQ é que o narrador é a própria filha recém nascida contando a história, como se estivesse visitando sua própria linha do tempo, ou comentando sobre os acontecimento em um álbum de fotos de família. A história parece ter sido inspirada em Romeu e Julieta, só que agora da ficção científica, mas ao invés das famílias se odiarem, é algo um pouco maior, pois o povo de Marko reside na lua do planeta Aterro, Grinalda e, apesar de co-existirem e não poderem se atacar, pois isso causaria um problema de destruição de um ou do outro, eles ampliam o campo de combate para o resto da galáxia.

A história traz todo um viés político, sobre escravidão, prostituição e trabalho infantil para quem possui um olhar mais atento. Questões como feminismo e homossexualidade são retratadas nessa graphic novel num tom bem despreocupado dando um caráter maduro tanto na historias quanto para os personagens.

Apesar de parecer uma história batida ou até mesmo conhecida por muitos, “casal de povos diferentes que desafia os conflitos entre raças para constituir família”, fica bem evidente que nesses tempos de disputas na nossa Terra, que parecem nunca ter fim, Brian K. Vaughan e Fiona Staples querem falar de tolerância entre povos. Está contida nas páginas dessa HQ a crítica ao comportamento social, à instituição da família, racismo e guerra.

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