Crítica | Os Defensores – 1ª Temporada (sem spoilers)

Contém spoilers apenas das temporadas de Demolidor, Jessica Jones, Luke Cage e Punho de Ferro.

Após dois anos desde a estréia da primeira temporada de Demolidor, anos que pareceram décadas, ”Os Defensores” finalmente estreia na Netflix. A união do demônio de Hell’s Kitchen, da detetive alcoólatra, do homem a prova de balas e do defensor de Kun Lun, foi esperada ansiosamente pelos fãs. Devo dizer que não decepcionou de forma alguma. A impressão que tive vendo a série foi uma sensação bastante semelhante a de quando vi ”Os Vingadores” em 2012 no cinema.

Aqui acompanhamos a vida dos quatro justiceiros após as viradas que aconteceram em suas respectivas vidas. Matt Murdock agora está vivendo apenas sua vida civil, se aposentando do vigilante Demolidor. Jessica Jones parou com o seu ramo de investigações, vivendo as consequências do conflito com Killgrave que resultou na morte do vilão. Luke Cage acaba de sair da prisão e pretende continuar defendendo os inocentes e injustiçados do Harlem, enquanto Danny está caçando as bases do Tentáculo ao redor do mundo, enquanto tem que lidar com a culpa do ataque a Kun Lun. Após um estranho terremoto ocorrido em Nova York, as vidas dos quatro se chocam e eles terão que se unir para derrotar a organização maligna de vez, lidando com a perigosa Alexandra.

Ao contrário das outras temporadas das séries Marvel/Netflix, Os Defensores conta com apenas 8 episódios, que por sua vez conta com uma narrativa sem enrolação, que rapidamente fisga o espectador. Se você espera que eles já formem uma equipe desde o primeiro episodio, já mude de ideia. Apenas a partir do terceiro episodio, que todos se reúnem pela primeira vez, em uma luta muito bem executada no prédio da Midland Circle. E a partir daí a relação deles é aprofundada com o quarto episodio é dedicado quase inteiramente para o fortalecimento das relações dos personagens.

Em comparação ao Punho de Ferro , as cenas de lutas melhoraram drasticamente, gerando sequencias de ação muito mais satisfatórias, que o publico queria ver do personagem. A luta em um restaurante, entre Punho de Ferro e Demolidor, e a luta final contra o Tentáculo são memoráveis. Em algumas cenas há confusão visual, que vimos na série do Punho de Ferro, mas são poucas elas não duram por muito tempo. Um problema da série é a forma usada para as transições de cena , deixando o espectador confuso sobre o que está acontecendo.

A trilha sonora de John Paesano está excelente tanto na parte instrumental, aproveitando alguns temas antigos e criando novos, quanto na parte das musicas com vocais, quando Luke Cage entra em ação. O tema de abertura bem suave, está sensacional.

Os vilões da Marvel nas séries Netflix quase sempre são memoráveis, com exceção dos vilões da serie Luke Cage e Punho de ferro. Em ”Os Defensores”, a Marvel acertou novamente. A escolha de Sigourney Weaver como a vilã Alexandra foi excelente, a atriz conseguiu dominar todas as cenas em que ela aparece, dando um jeito calmo e voz serena, oferecendo uma ameaça digna.

O retorno da Elektra não foi uma surpresa, pois o marketing evidenciou isto. De inicio ela é bem silenciosa e está tentando entender quem ela realmente é, mas que logo depois abraça de vez seu destino. Temos o retorno da Madame Gao e os seus jogos mentais, e até entra em ação em algumas cenas mostrando do que é realmente capaz. Além da Elektra e a Alexandra os outros vilões quase aparentam estarem perdidos na trama, não agem em equipe como membros lideres do Tentáculo, e não são memoráveis (um aliás deveria ter permanecido morto).

Charlie Cox continua excelente como o advogado Matt Murdock e sua contraparte Demolidor, evidenciando quem é o personagem mais complexo e tridimensional ali. Krysten Ritter inicialmente é retratada apenas com uma personalidade quase descaracterizada de uma beberrona, um ponto negativo pois vimos que a personagem evoluiu em sua série solo, mas logo depois vimos as coisas voltarem ao normal e evidenciando que ela está ainda melhor com suas tiradas cômicas e sarcasmo sendo o seu ponto alto. Mike Colter, continua confortável no papel de Luke Cage e Finn Jones conseguiu uma melhora na atuação, muito provavelmente pela direção. Cada um foi fortemente representado pelas suas ”cores”em cena, um trabalho notável de fotografia, Demolidor-vermelho, Jessica Jones-Roxo, Luke Cage -Amarelo, e Punho de Ferro – Verde. E quando estão em cena todos juntos, tudo ganha um ar neutro ou mesclado.

Os personagens coadjuvantes das séries anteriores retornam como os personagens ”terciários” exceto Collen Wing que se mantém uma coadjuvante  constante querendo também participação da ação. Rosario Dawson reprisa pela sexta vez o seu papel como a enfermeira Claire dando conselhos aos personagens de vez em quando. Mas Claire perde sua importância, e podemos questionar até sua presença na trama.

No aspecto geral, valeu muito a pena. ‘‘Os Defensores” conseguiu cumprir com tudo aquilo que havia prometido. Com excelente entrosamento entre os personagens, uma vilã forte, boas cenas de lutas e um desfecho inesperado, a Marvel acerta, mesmo que a série crossover tenha seus deslizes, tirando o gosto amargo deixado por Punho de Ferro. E após o fim desta temporada, é quase impossível não querermos ver os heróis juntos novamente.

Os Defensores – 1ª Temporada (The Defenders- EUA), 18 de agosto de 2017

Direção: S. J. Clarkson, Peter Hoar, Phil Abraham, Uta Briesewitz, Stephen Surjik, Félix Enríquez Alcalá, Farren Blackburn

Roteiro: Douglas Petrie, Marco Ramirez, Lauren Schmidt Hissrich, Drew Goddard

Elenco: Charlie Cox, Krysten Ritter, Mike Colter, Finn Jones, Jessica Henwick, Rosario Dawson, Sigourney Weaver, Elodie Yung, Elden Henson, Wai Ching Ho,  Simone Missick, Rachael Taylor, Scott Glenn,  Eka Darville, Carrie-Anne Moss, Deborah Ann Woll

Duração: 50 min cada episodio.

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