Crítica | O Cemitério Maldito (1989)

Como todos vocês devem estar sabendo, daqui a duas semanas estreia a mais nova adaptação das obras do escritor Stephen King aos cinemas, It: A Coisa. E, em função disso, até a data do lançamento pretendo fazer uma maratona de críticas até a estreia do mais novo filme. Deixarei aqui as críticas que já estão disponíveis no site sobre filmes e séries inspirados em suas obras:

Crítica – Carrie: A Estranha (1979)

Crítica – Christine (1983)

Crítica – Misery: Louca Obsessão (1990)

Crítica – O Iluminado (1980)

Não Recomendo – Under The Dome

E sobre os seus livros só temos disponível apenas a resenha de It: A Coisa:

Resenha – It: A Coisa

Stephen King já escreveu mais de 40 livros durante sua carreira como escritor, se destacando muito no gênero do terror. Mas seu reconhecimento não provém apenas de suas obras literárias, mas também das famosas adaptações de suas obras. Tanto as boas, as polêmicas e as ruins. E devo dizer, esperava que O Cemitério Maldito entrasse no primeiro grupo, mas, infelizmente, acabou ficando no último.

Servindo como uma adaptação do livro de 1983, O Cemitério Maldito, curiosamente, tem um roteiro assinado pelo próprio Stephen King, que inclusive faz uma aparição como um Padre numa cena do enterro, nos fazendo questionar o que deu errado na produção do filme já que o livro que originou é considerado um dos melhores dele. Mas se formos analisar quais são os problemas desse filme, o roteiro nem seria o maior.

A história é sobre a família Creed; pai, mãe, filha e filho; que se mudam para uma nova casa em Ludlow e fazem amizade com um senhor amigável, o Sr. Crandall. Os Creed possuem o animal, o gato Winston Churchill, que tem sua vida ameaçada já que a casa fica na frente de uma auto estrada onde cada vez mais animais são atropelados por caminhoneiros. Quando a mãe e os filhos estavam viajando, deixando só o pai Louis para tomar conta da casa, o gato acaba morrendo atropelado. Querendo ajudar o vizinho, já que ele estava receoso de contar a filha que o gato dela morreu, Crandall enterra o bichano no famoso cemitério de animais perto da casa deles. O cemitério é de origem indígena que acreditavam que quem ou que fosse enterrado naquele terreno, voltaria a vida. E, de repente, no outro dia o gato volta a vida assustando Louis. Desde esse renascimento macabro, uma série de eventos infelizes vai acontecendo com a família Creed o que vai levar a Louis fazer uma difícil decisão.

Um dos maiores problemas que O Cemitério Maldito padece é o desinteresse que o espectador tem com a história. Nosso interesse pelo desenrolar dos acontecimentos  nunca é renovado. A história parece com uma sucessão de ressurreições e flashbacks que nunca conseguem fazer com que nos desperte interesse. Os flashbacks conseguem quebrar qualquer resquício de linha narrativa sendo mal utilizados durante a trama e sem nenhuma necessidade aparente. O morto Victor Pascow some da narrativa de uma hora para outra, ficando ausente por um bom tempo, para quando voltar acabar saindo da história sem nenhum motivo. O texto de King consegue se sobressair  apenas quando ele toca em assuntos mais delicados como o tema da morte e da perda e como podemos passar por isso principalmente pelos questionamentos da pequena Ellie Creed.

Mary Lambert, a diretora do filme, também não nos ajuda na imersão. Seja por sua câmera falha ou pela má direção de alguns atores. Dale Midkiff está completamente apático no filme sem esboçar reação nenhuma em algumas cenas, só nos momentos finais do filme que a sua performance melhora um pouco. Se Dale estava apático demais, o contrário acontece com Denise Crosby que está exagerada demais, como na cena em que ela fala sobre a sua infância traumática com sua irmã doente Zelda.  Ao contrário deles, Fred Gwynne está bem como velho Jud Crandall assim como Blaze Berdahl e Miko Hughes que vivem as crianças da família Creed.

Para não dizer que a obra só tem baixos, ela apresenta alguns pontos positivos. Em algumas (poucas) cenas Mary consegue nos sensibilizar como na morte do garotinho Cage (quando vemos o seu pequeno sapatinho voando até atingir o chão) ou quando ele se apresenta doce e suave em frente de sua mãe, mas na verdade está planejando o ataque. O filme ganhou certa popularidade na época do seu lançamento por apresentar cenas violentas envolvendo crianças pequenas. A trilha de Eliot Goldenthal é arrepiante funcionando muito bem e a maquiagem é bem utilizada, como na cena final. As cenas em que a violência é induzida não deixando claro com o que acontece com determinado personagem funcionam muito bem.

Com um final anti-clímax, O Cemitério Maldito é um filme cultuado entre muitos fãs do terror, mas não consegui ter a mesma relação. Entediante, podendo ter 15 minutos a menos, com furos no roteiro e principalmente: não assustador. Na dúvida em ver o filme ou ler o livro, é melhor a segunda opção, pois a chance de se decepcionar vai ser muito menor. Lembrando que esse foi o começo das críticas dos filmes das obras de Stephen King e que tem muito mais vindo pela frente!

Título Original: Pet Sematary (1989)

Direção: Mary Lambert

Roteiro: Stephen King (baseado em seu próprio livro, O Cemitério)

Elenco: Dale Midkiff, Denise Crosby, Fred Gwynne, Brad Greenquist, Michael Lombard, Miko Hughes, Blaze Berdahl e Susan Blommaert

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