Crítica | O Nevoeiro (2007)

O Nevoeiro uma adaptação de um conto de Stephen King , estreou no final de 2007, e passou quase despercebido pelos cinemas americanos. Rendeu aproximadamente U$ 25 milhões de dólares. Frank Darabont, responsável pelos aclamados Um Sonho de Liberdade e À Espera de um Milagre, também adaptados de obras de King. O roteiro foi adaptado do conto de King pelo próprio diretor, e conta a história da população de uma cidade que nunca sabemos exatamente onde fica, mas que percebe numa certa manhã, estar envolta num misterioso nevoeiro.

Na trama, somos rapidamente apresentados aos personagens principais que estão presos em um supermercado, por conta de uma estranha tempestade (que trás uma série de criaturas nada amistosas) que cobre a cidade. Rapidamente, a tensão toma conta do lugar.

Um dos pontos mais altos do roteiro foi manter o confronto ideológico entre os personagens, como a fanática religiosa interpretada por Marcia Gay Harden, que logo separa o grupo com seus discursos de salvação. Aos poucos o isolamento e o contato com o outro revelam o que há de mais perverso no ser humano, fanatismo, descrença, desconfiança. A perda de controle sobre as situações pode ter consequências inimagináveis.

O diretor e roteirista Frank Darabont conta um história concisa, que não cansa e nos dá algumas surpresas, especialmente no final. O nevoeiro no filme é uma ferramenta extremamente poderosa, nos passando uma sensação de desespero por não sabermos o que pode estar à nossa frente. O tom pessimista da obra de Darabont questiona nossa capacidade de viver em sociedade. Trabalhando também a claustrofobia causada pelo número de pessoas refugiadas em um ambiente frágil, toda a fachada do supermercado é feita de vidro, denotando o perigo iminente. As  pessoas respondem diferentemente em situações de medo, e como as autoridades insistem em dizer a população, quando em pânico fica perigosa.

Thomas Jane definitivamente demonstrou sua capacidade dramática em outros projetos, tem em O Nevoeiro seu melhor papel, e não o desperdiça. O filme ainda conta com menores participações de Andre Braugher e Toby Jones, que também merecem reconhecimento. O detalhamento das imagens onde aparecem as criaturas impede que se leve o filme mais a sério, já que os efeitos especiais em CGI são um tanto deficientes e dão pouca credibilidade ao visual das criaturas. Os monstros gigantes com tentáculos afiados que lembram em muito os seres indizíveis da literatura de H. P. Lovecraft.

O Nevoeiro é tenso e possui altas doses de adrenalina, além de ser um drama por excelência. O que chama mais atenção é o final devastador e o confronto ideológico e religioso dentro do supermercado, que fazem dos monstros mero pano de fundo.

O Nevoeiro (The Mist – EUA, 2007)

Direção: Frank Darabont

Roteiro: Frank Darabont (baseado no conto The Mist, de Stephen King)

Elenco: Thomas Jane, Laurie Holden, Toby Jones, Marcia Gay Harden, Andre Braugher, William Sadler, Alexa Davalos, Jeffrey Deyum, Chris Owen

Duração: 126 min.

Comments are closed.