Crítica | Assassinato no Expresso Oriente (1974)

Aviso: o texto pode conter alguns pequenos spoilers.

 

Um trem lotado, todos os passageiros são completamente estranhos e distintos, um detetive famoso que não esperava outro trabalho e um assassinato brutal às escondidas… bem-vindos ao Expresso Oriente! Uma das obras mais famosas de Agatha Christie irá ganhar vida nas telas do cinema novamente próximo mês e para aproveitar tal momento, decidi fazer uma crítica do filme lançado em 1974 do mesmo do nome do livro. Agora, se acomodem pois o Expresso Oriente já irá partir!

Na história, o Detetive Hercule Poirot  precisa voltar imediatamente para Londres e para isso tem que pegar o Expresso do Oriente, porém para a sua surpresa ele está lotado, o que é algo incomum naquela época do ano. Todos os passageiros são completamente estranhos. O estranho Mr. Ratchett decide pedir ajuda ao detetive alegando que está precisando de ajuda e que alguém está atrás dele. Poirot recusa o caso por motivos próprios e tudo parece correr bem. No outro dia, percebem que o Ratchett ainda não saiu de seu compartimento e decidem entrar nele para descobrir o motivo. Ao chegar lá, descobrem que o homem foi morto por nada mais nada menos que 12 esfaqueamentos! Poirot agora tem um caso em suas mãos…

A primeira cena do filme já desperta o espectador, mostrando uma fuga de um criminoso que está levando uma criança pequena. Mesmo que neste momento ela possa parecer desconexa, ela é de enorme importância para o futuro da história. O diretor Sidney Lumet deixa o espectador com o pensamento constante sobre o que foi aquela cena e se ela realmente tem alguma ligação com o assassinato no trem. O roteiro de Anthony Shaffer e Paul Dehn é simples, mas extremamente eficiente. O segundo ato inteiro gira em torno dos interrogatórios realizados por Poirot, mas isso não diminui em nada a atenção do espectador, pois a cada relato contado por um passageiro, a história fica mais complicada.

O elenco inteiro está sensacional, mesmo os que possuem falas mínimas. Ingrid Bergman está excelente como Greta Ohlson, Lauren Bacall está incrível como Mrs. Hubbard e toda a sua inquietação. Martin Balsam está hilário em algumas cenas como Bianchi, assim como Wendy HillerAnthony Perkins (sim, o Norman de Psicose) e Rachel Roberts são outros que estão excelentes em seus papéis. Porém o destaque absoluto vai para Albert Finney como Hercule Poirot. Objetivo, excêntrico, hilário, é como se o personagem tivesse saltado do livro. E o seu bigode é a cereja do bolo que faltava.

Nos aspectos técnicos o filme só tem a ganhar com um figurino excelente, uma cinematografia de brilhar os olhos, um design de produção chamativo  e uma trilha sonora magnífica de Richard Rodney Bennet. O Expresso Oriente é elegante, chamativo e, principalmente, cheio de mistérios. Os flashbacks são inseridos de forma sucinta na história sem atrapalhar em nada. O filme foi indicado a 6 Oscar`s, apenas ganhando o de melhor atriz pela atuação de Ingrid Bergman, onde a mesma se desculpou dizendo que a a atriz Valentina Cortese merecia mais do que ela.

A resolução do mistério é fidelíssima ao livro e só pelo tamanho de sua genialidade é possível fazer um texto só elogiando o final completamente inesperado(no mínimo).  A última cena foi extremamente difícil não só para Finney, cujo monólogo tinha oito páginas no roteiro, mas também para toda a produção devido aos inúmeros ângulos que foram gravados e porque a quantidade de câmeras necessárias não cabia em um espaço tão pequeno.

Agatha Christie em pessoa estava na premiere do filme em 74 e declarou que estava inteiramente satisfeita com o resulto mesmo com a decepção dela com algumas adaptações anteriores de suas obras. Assassinato no Expresso Oriente é fascinante, com lugares belíssimos e com uma construção de história simplesmente fantástica. Para quem se preparar para ver o novo filme simplesmente não pode deixar de ver esta adaptação (muito menos deixar de ler o livro, cuja resenha sairá em breve)!

Título Original: Murder On The Oriente Express (1974)

Direção: Sidney Lumet

Roteiro: Paul Dehn e Anthony Shaffer

Elenco: Albert Finney,  Lauren Bacall, Ingrid Bergman, Sean Connery, Martin Balsam, Jacqueline Bisset, Jean-Pierre Cassel, John Gielgud, Wendy Hiller, Anthony Perkins, Vanessa Redgrave, Rachel Roberts, Richard Widmark, Michael York, Colin Blakely, George Coulouris, Denis Quilley.

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