Crítica | O Justiceiro – 1ª Temporada (2017)

Esta é obviamente a série da Marvel  Television mais sombria, que a produtora já produziu até agora, e essa foi a melhor rota possível para a qual as pessoas que estavam por trás da série poderiam ter ido. O Justiceiro leva alguns elementos do mundo real, e alguns apresentados já na segunda temporada do Demolidor, mas também lida dramas internos, como o estresse pós traumático nos militares.

Já nos primeiros episódios, tirando a lentidão dos acontecimentos, não parecem ter a ver com o estilo Marvel/Netflix,  e nem mesmo os quadrinhos do Justiceiro. Lembra muito mais séries envolvendo espionagem militar como Homeland e Seal Team. No qual falam sobre o estilo de guerra atual, guerra ao terror. O clima de conspiração é permeado na série, você não sabe quem está do lado de Frank Castle.

Mas você deve estar se perguntando, se nos episódios inicias não parece série de TV baseada em quadrinhos convencional, mas como se possuem alguns personagens como o Microship (Ebon Moss-Bachrach) e o Retalho/Billy Russo (Ben Barnes)? Exato, possuem personagens dos quadrinhos, mas não ainda como conhecemos, são trabalhados a origem deles e com algumas alterações também, são releituras.  Já quando se trata de vilões, é quase impossível não comparar os vilões de cada um das série de Marvel/Netflix, com pessoas como o Kingpin de Vincent D’Onofrio, o Kilgrave de David Tennant e os vilões aqui, são engenhosamente calculados. Uma personagem conhecida aparece, e que não é spoiler, foi a aparição Karen Page(Deborah Ann Woll), do núcleo de Demolidor . Porém alguns podem ficar surpresos pelo fato de que não referenciam em nada Os Defensores ou eventos acontecidos na série, a personagem entra para acrescentar no arco de Frank, e não como um aviso de eventos anteriores. Mas sua participação é breve.

No auge de crimes de guerra , e que afetam mais os norte-americanos, Frank Castle se vê sendo usado e visto apenas como uma maquina de guerra. Quando o governo dispensam eles,  existe uma conspiração na série, que é o maior mote em toda ela. No qual começou com o acobertamento de toda a sujeira que fizeram. Frank está no caminho deles, e isso reflete na perda da sua família e sua busca de vingança. Existem vários estereótipos de soldados em filmes e séries americanos , se a proposta era explorar de forma mais profunda a psique destes soldados. Deveriam ter explorado realmente, como os diferentes tipos de soldados são danificados mentalmente, com que a guerra faz com esses indivíduos. Mas optaram por trabalhar os estereótipos, e ainda de forma bem lenta.

Existe uma problemática no que diz respeito ao arco dramático do personagem, o tormento da perda da família de Frank Castle, é arrastado durante 6 episódios, em cenas especificas que vão de pesadelos, delírios e flashbacks. Isso se torna exaustivo para quem assiste, isso poderia ter sido ”resolvido’’, em 2 episódios, para avançar os outros arcos. O personagem se mostrava perturbado já na segunda temporada do Demolidor, sem precisar nos mostrar ou lembrar várias vezes a causa de seu tormento. Essa dilatação da série é um problema, vistos nas séries anteriores da Marvel/Netflix, que se arrastam por 13 episódios, sendo que O Justiceiro se beneficiaria muito mais com uma temporada de  8 episódios.

Mas por outro lado a trama politica é bastante interessante, sobre armamento militar, sobre porte de arma, você reflete bastante sobre toda aquela violência. Por sua vez esta já pode ser considerada a série com maior teor de violência gráfica de todas as séries da Marvel, se preparem para uma cena bastante forte no episódio 12. As tramas são bem carregadas de informações, podendo atrapalhar alguns que gostam de tramas mais rápidas e com mais ação. A fotografia da série é excelente, as sequencias de flashbacks são utilizados cores quentes ou  tons alegres, quando se transita para o presente, muda para um tom mais acinzentado ou amarelado, para se ajustar ao clima de desesperança. É bastante interessante esta dicotomia, no qual conseguiram evidenciar nas cenas.

Jon Bernthal mostra sua monstruosa força de atuação, com toques surpreendentes  de fúria e até dóceis , sua capacidade de atuação em  tornar Frank Castle uma figura multidimensional e complexa merece aplausos. Ben Barnes mesmo não tendo um personagem bem escrito e com vários clichês, merece ser mencionado também, ele atuou excepcionalmente bem. De resto os personagens foram bastante genéricos e bem medíocres em atuação.

O Justiceiro prometeu mais do que cumpriu, é uma série boa, mas não bateu a tão aclamada primeira temporada de Demolidor. Deixou de ser a melhor por, novamente, precisar de 13 episódios para contar algo que se poderia ter explorado com menos episódios. Mas definitivamente é melhor que Luke Cage e Punho de Ferro.

O Justiceiro – 1ª Temporada -2017(The Punisher-EUA)

Showrunner: Steve Lightfoot

Direção: Andy Goddard, Tom Shankland, Antonio Campos, Kevin Hooks, Marc Jobst, Jim O’Hanlon, Kari Skogland, Stephen Surjik, Dearbhla Walsh, Jeremy Webb, Jet Wilkinson

Roteiro: Ross Andru, Gerry Conway, Ken Kristensen, Angela LaManna, Steve Lightfoot, Felicia D. Henderson, Dario Scardapane, Christine Boylan, Michael Jones-Morales, Bruce Marshall Romans

Elenco: Jon Bernthal, Amber Rose Revah, Ebon Moss-Bachrach, Ben Barnes, Jaime Ray Newman, Kobi Frumer, Paul Schulze, Michael Nathanson,  Ripley Sobo, Daniel Webber, Jason R. Moore, Kelli Barrett, Deborah Ann Woll, Shohreh Aghdashloo, Mary Elizabeth Mastrantonio, C. Thomas Howell, Royce Johnson

Duração: 52 min, cada episodio

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