Resenha | A saga do Monstro do Pântano (DC Comics)

Em 1986, o inglês Alan Moore recebeu de Karen Berger a missão de tornar o Monstro do Pântano em um personagem mais interessante. Moore desenvolveu toda uma construção, uma reformulação de narrativa para o Monstro, começando por desvincular do personagem com seu eu carnal. Moore também ampliou a importância de Abigail Cable nas histórias do Monstro do Pantano,  colocando-a como uma coadjuvante das histórias e desenvolveu o romance entre os dois, que antes não passava de um interesse platônico e agora se tornou algo ”carnal”.

Para quem não conhece o Monstro do Pantano surgiu em 1971, o personagem quando humano se chamava Alec Holland, um cientista trabalhando numa fórmula bio-restauradora nos pântanos da Louisiana. Num atentado, seu laboratório explode e Alec recebe grandes doses de sua própria substância, pegando fogo e afundando no pântano. Tempo depois surge do charco uma criatura meio humana, meio vegetal: o Monstro do Pântano.

Esta saga desenvolvida por Moore vai muito além do que fora feito nas 19 edições anteriores a sua entrada no título.  Já Moore buscou o inesperado, Moore  junto com Stan Woch , criou o ”Parlamento das Árvores”. Se arriscou com o Monstro do Pântano levando-o ao inferno, explorou Gotham City , levou até em viagens interestelares, tirou o personagem do escanteio como não haviam feito antes. Conectou-o a natureza e para que o personagem se redescobrisse novamente.

Alan Moore desenvolve em um sentido de que o Monstro do Pântano é mais do que um combatente do sobrenatural, mas sim uma força protetora da natureza dentro do Universo DC. Ele seria mais do que um habitante dos pântanos da Louisiana, sendo praticamente um ”deus da natureza,” que pode transforma-la e muda-la a sua vontade, se assim desejar. É interessante que a narrativa se torna em alguns momentos poética e como Moore é verborrágico, sua narrativa não poderia ser diferente aqui, ele usa e abusa das palavras  para dizer sobre coisas até que minimas, para não dizer insignificantes.

A Saga do Monstro do Pântano - Livro Um página 3

A dupla Bisset e Totleben fizeram desenhos muito bonitos, são tantos que nem caberiam aqui, são de nos deixar babando pura arte. São bem fluídos, cheio de detalhes. Temos a  presença ilustre de inimigos como Etrigan que veria a se tornar um anti-herói, e até mesmo temos um breve momento com a Liga da Justiça.  Esta oi uma das primeiras séries da editora com conteúdo mais adulto, abordagem diferente e “real”, sombrio, sendo a base para a criação da Vertigo em 1993. Que veria nos trazer Sandman, Kid Eternidade entre outros, ouso dizer que Saga do Monstro do Pântano foi uma grande inspiração para Sandman,  que veria surgir 5 anos mais tarde, pela narrativa, pelos momentos de arte  psicodélica e etc.

Moore também introduziu ficção científica nas histórias do Monstro do Pântano, algo até então inédito para o personagem. O Monstro vai ao planeta Rann, enfrenta o Lanterna Verde do Setor 586, Medphyll, encara uma nave sapiente no melhor estilo de terror espacial quase Lovecraft . Ele trabalha o personagem aprendendo a controlar seus dons, se tornando totalmente consciente de suas capacidades. Ao retornar o Monstro tem total conhecimento de  seus questionamentos e habilidades que são totalmente impressionantes, e assim vemos que ele é realmente um dos seres mais poderosos do Universo DC. Vale a pena correr atrás desse magnifico arco.

A Saga do Monstro do Pântano (Saga of the Swamp Thing)   

Roteiros: Alan Moore, Steve Bissette, John Totleben

Arte: Dan Day, Steve Bissette, John Totleben, Shawn McManus, Rick Veitch, Ron Randall, Stan Woch, Alfredo Alcala, Tom Yeates

Editora: Vertigo Comics (BR: Panini Books)

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