HQ | Gênios dos Quadrinhos #5: Carl Barks

Saudações Geeks! O Gênios dos Quadrinhos está de volta! Neste quinto episódio da nossa série, o personagem principal de hoje é o maior e mais importante artista da história dos quadrinhos Disney, autor de histórias que até hoje encantam e divertem leitores de todo o mundo e criador de um dos personagens mais famosos e ricos (em todos os sentidos) da cultura pop. Ele é ninguém menos do que Carl Barks!

Carl Barks

Carl Barks nasceu em um rancho em Merrill, Oregon, no dia 27 de março de 1901. De acordo com a descrição do próprio Barks sobre sua infância, ele foi uma criança bastante solitária. Não havia muitas crianças na área rural do Oregon (na escola que Barks frequentava havia cerca de 8 ou 10 alunos, contando com ele) e ele tampouco era muito próximo de seu irmão mais velho Clyde. Seus pais, William Barks e Armita Johnson, possuíam uma pequena quantidade de terra (cerca 2,6 km²) e Carl Barks passou a infância basicamente ajudando os pais no trabalho da fazenda, estudando na escola e… desenhando, o seu passatempo favorito quando criança.

Em 1908, em uma tentativa de melhorar os ganhos com agricultura, a família Barks se mudou para Midland, alguns quilômetros ao norte de Merrill, para estar mais próximo das novas linhas ferroviárias. O pai William estabeleceu uma nova fazenda reprodutora e vendia gado para os matadouros locais. O pequeno Carl Barks, então com 7 anos, trabalhava muitas horas na nova fazenda, mas as lembranças mais fortes que guardou dessa época foram a multidão que se reunia no mercado de Midland (Barks nunca havia visto tantas pessoas em um só lugar) e, principalmente, dos cowboys que tocavam o gado pela região com seus revolveres, seus apelidos estranhos e senso de humor peculiar.

A fazenda reprodutora rendeu bons ganhos para a família e em 1911 eles foram usados para a família se mudar de Midland para Santa Rosa no estado da Califórnia. Lá, William Barks iniciou um cultivo de vegetais e orquídeas mas os ganhos não foram os esperados e a família Barks começou a enfrentar dificuldades financeiras. Isso fez com eles decidissem voltar para Merrill em 1913. Barks já estava com 12 anos mas as mudanças constantes o fizeram ficar atrasado nos estudos escolares. Carl Barks concluiria o ensino básico em 1916, aos 15 anos.

O ano de 1916 foi um ponto de virada na vida de Carl Barks por várias razões. Primeiro porque foi nesse ano que sua mãe, Armita, faleceu. Segundo porque seus problemas de audição, surgidos algum tempo antes, tornaram-se mais graves ao ponto de Barks não conseguir ouvir os professores durante as aulas (nos anos seguintes, sua audição pioraria ao ponto de precisar de um aparelho de audição). Terceiro porque seus problemas de audição associados com a grande distância de sua casa da escola secundária mais próxima fizeram com que Carl Barks, decepcionado, optasse por desistir de sua educação escolar.

Após decidir abandonar a escola, Carl Barks começou a trabalhar em diversas profissões como fazendeiro, lenhador, montador, tropeiro, cowboy e impressor. Entretanto, nunca obteve sucesso em nenhuma delas. Concomitantemente, Carl Barks mantinha o hobby de desenhar que tinha desde criança. Ele tentava aprimorar seu estilo de forma autodidata, procurando reproduzir o traço de suas tiras de jornal preferidas. Suas principais referencias na época eram Winsor McCay, criador da tira Little Nemo, e Frederick Burr Opper, criador da tira Happy Hooligan.

Aos 16 anos, Barks começou a tomar lições de desenho por um curso de correspondência. Apesar do trabalho deixa-lhe com pouco tempo livre para estudar (ele só conseguiu ter as quatro primeiras aulas), isso o fez começar a pensar em transformar seu velho hobby em uma profissão. Foi então que em dezembro de 1918, com apenas 17 anos, Carl Barks deixou a casa do pai e partiu para a Califórnia tentar a sorte como ilustrador.

Chegando na Califórnia, Carl Barks trabalhou em uma pequena editora enquanto tentava vender seus desenhos para jornais e revistas sem muito sucesso. Foi apenas em 1923, após ter retornado ao Oregon para retomar a vida de fazendeiro, que Barks teve seus primeiros desenhos publicados. Eles saíram em duas revistas: na Judge e, principalmente, na The Calgary Eye-Opener, uma revista voltada para o publico masculino onde nos anos seguintes, Carl Barks faria diversos desenhos que apresentavam piadas com conotação sexual.

Uma das ilustrações de Carl Barks para a Calgary Eye-Opener.

Durante esse período em que tentou vender seus primeiros desenhos, Carl Barks conheceu e se casou com sua primeira esposa, Pearl Turner, em 1921 e teve com ela suas duas únicas filhas: Peggy Barks e Dorothy Barks. O casamento terminou em divórcio em 1930 e após a separação, Barks se mudou para Minneapolis, Minnesota, onde ficava a sede da Calgary Eye-Opener onde Barks foi contratado e passou a trabalhar como editor da revista.

Em novembro de 1935, ao saber que ninguém menos do que Walt Disney estava procurando por novos artistas para trabalhar em seu estúdio, Carl Barks decidiu se submeter ao processo de seleção dos Estúdios Disney. Ele foi aprovado para um período de testes que o fez muda-se novamente, desta vez para Los Angeles na Califórnia. Barks foi dos dois únicos candidatos selecionados. Ganhando um salário inicial de 20 dólares por semana (quantia razoável na época), Barks começou a trabalhar nos Estúdios Disney no final de 1935.

Inicialmente, Carl Barks assumiu na Disney a função de inbetweener, que era basicamente a pessoa responsável por chefiar e supervisionar a criação da pose inicial e final de um personagem (geralmente chamada de extremos) e criar as posições intermediárias entre os dois extremos para criar a ilusão de movimento das animações. Enquanto fazia as sequencias intermediárias, Barks apresentava idéias de piadas e situações cômicas para serem inseridas nessas sequenciais e mostrou tanta habilidade em cria-las que em 1937 foi transferido para o departamento de criação de estórias.

A primeira situação cômica criada por Carl Barks usada em uma animação foi a sequência-clímax de “Invenções Modernas” de 1937 onde uma cadeira de barbeiro robótica corta as penas do Pato Donald, personagem que apareceu pela primeira vez em 1934. A partir daí, Barks participaria da criação de gags cômicas em mais de 30 animações, quase todas elas estreladas pelo Pato Donald e seus sobrinhos Huguinho, Zezinho e Luisinho. Foi assim que Carl Barks conheceu e teve seus primeiros contatos com o personagem que marcaria sua vida para sempre.

Quando ingressou no estúdio de animação da Walt Disney,  colaborou em produções da companhia como curtas do Pato Donald e o longa-metragem de Bambi. A transição para os quadrinhos foi em 1942, com a história O tesouro do pirata, realizada a partir de roteiro para um desenho animado nunca realizado. Foram mais de 500 histórias escritas, um numero impressionante.

Em 1942, Carl Barks teria sua primeira experiência com os quadrinhos Disney quando, ao lado do colega de estúdio Jack Hannah, fez a arte de Pluto Salva- O Navio, uma HQ que reaproveitava um roteiro descartado para uma animação protagonizada pelo cão de estimação do Mickey. No mesmo ano, Barks pediu demissão dos estúdios Disney. Ele estava descontente com a politica e condições de trabalho do período de guerra da época (fazia alguns meses que os EUA entraram na Segunda Guerra) e também havia desenvolvido um incomodo problema de asma e sinusite devido aos ar-condicionados do estúdio. Ele se mudou para a região de San Jacinto ao leste de Los Angeles, onde inciou uma criação de galinhas ao lado da segunda esposa Clara Balken, com quem casara em 1938.

A partir do ano de 1966, o artista se dedicou a pintar telas a óleo com os patos da Disney e, esporadicamente, escreveu roteiros para outros autores. A última colaboração com o universo de Donald e companhia foi em 1994, aos 93 anos , quando escreveu a sinopse de uma aventura do Tio Patinhas ilustrada pelo desenhista Willian Van Horn.

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