Lista | Os 10 melhores filmes do estúdio Ghibli

 

1 – Meu Vizinho Totoro(1988)

totoro

O símbolo máximo do Ghibli e um ícone mundial. Se não possui a mesma audácia a densidade de outros projetos do estúdio, conquista pela inocência e singeleza que apresenta. Mostre este filme para qualquer pessoa de qualquer idade, e a não ser que seja uma criança, provavelmente vai se sentir uma, tamanha atmosfera de nostalgia e candidez que transmite. Uma ode ao poder da imaginação e bondade dos pequenos, mesmo em situações adversas.

Uma película que fala sobre relações, quais estão em toda sua duração, seja as familiares, seja as de amizade. O foco é a beleza da vida, das pequenas coisas, como Kaguya fez, só que de maneira mais pessimista, quase 30 anos depois. A criatividade de Miyazaki não tem limites.

2 – A Viagem de Chihiro(2001)

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Responsável por apresentar o Ocidente o que é um verdadeiro anime bem feito, ao levar o Oscar de melhor animação em 2003 e arrecadar quase US$300 milhões ao redor do mundo, sendo até hoje a maior bilheteria da história do Japão. É um filme inexplicável de tão lindo e abundante em significação e conteúdo. É difícil achar um tema que Hayao não aborda durante seus 125 minutos. Amizade, ganância, maturidade, egoísmo e no geral, a natureza humana. Quanto a parte técnica, mesmo não sendo o meu preferido, seria ridículo negá-lo o reconhecimento de sua primazia. A complexidade dos cenários, todas multicoloridas e detalhadas, sendo que se pausar em qualquer parte, seriam necessários vários minutos para apreciar todo o design de produção que compõe as cenas. A fluidez da animação não perde em nada para superproduções americanas, e a gama de personagens identificáveis e profundos é abundante.

3 – O Tumulo dos Vagalumes(1988)

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Um filme que define o estilo do Ghibli. Fornece esperanças, mas não molda a realidade para nos iludir perante a crueza dos fatos, mesmo que ela venha apenas com a morte.  A trama cobre a vida de Setsuko e Seita, dois irmãos que ficam órfãos durante a Guerra e sua luta por buscarem sobreviver durante a ela. A forma como a tragédia das batalhas é mostrada aqui, ao lidar com situações extremas e a forma como as pessoas reagem a ela, parecendo perder qualquer sensibilidade, é chocante, assim como o retrato dos irmãos se esforçando para manter sua personalidade infante e ingênua, algo que vai se perdendo paulatinamente. Sendo bem sincero, é uma obra de rasgar o coração.

4 -Princesa Monoke(1997)

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Um filme praticamente perfeito. Hayao consegue, aqui, fazer uma crítica direta ao imperialismo opressor ocidental e mesmo assim, vender o filme para nós, devido a sutileza com que é elaborada. Várias de suas virtudes, como a relação homem-natureza, a forma como explora os dois lados da personalidade humana, o bem e o mal, além do ambientalismo e até religião. Todos se mesclam em suprassumo. Um filme maduro e violento, mas honesto e deflagrante.

5 – O Conto da princesa Kaguya(2013)

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Outro fruto dos anos mais cinzas do Ghibli, envolvendo a aposentadoria de Hayao, o que parece ser o fim da produção de filmes para distribuição mundial e também o adeus de outro de seus mentores, Isao Takahata, sendo seu primeiro trabalho desde 1999. Seu atraso, inclusive, é motivo de comentários sarcásticos e até irritados da parte de Miyazaki,tudo mostrado no supracitado documentário Reino dos Sonhos e da Loucura. Um filme belo, porém, com uma atmosfera mais soturna e reflexiva.

Quanto mais passa, por mais que o que apareça em tela seja de uma riqueza visual tremenda, nos sentimos afundados na realidade que envolve o mundo e o pensamento comum das pessoas.  Para Kaguya, foi voltar para seu plano espiritual.

6 – Nausicaa do Vale do Vento(1984)

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Simplesmente o responsável por tudo realizado pelo Ghibli. Nunca saberemos o que ocorreria se Nausicaa fosse um fracasso de bilheteria. Talvez ele tivesse outra chance e tudo saísse nos conformes, apenas com um leve atraso, ou talvez nunca teríamos visto tantas obras-primas animadas.

O que vale mesmo é como o longa, adaptado do mangá de autoria do próprio Hayao, é muito à frente de seu tempo. O que James Cameron fez em Avatar, Nausicaa já tinha feito anos atrás e até melhor desenvolvido Nausicaä é a mais contundente e elaborada crítica ambiental do cinema, além de desmitificar e expor cruelmente na tela outros costumes repugnantes da sociedade, como a aversão ao estranho e o excesso de violência visando fins egoístas. Além da animação inconcebivelmente complexa para seu ano, entrega uma das melhores personagens da sétima arte. Altruísta, forte e com uma mentalidade madura e muito resiliente, Nausicaä é o que nenhuma princesa da Disney jamais será.

7- O Castelo Animado (2004)

castelo animado

Baseado no livro homônimo da britânica Diana Wynne Jones, fala sobre Sophie, uma garota de 18 anos que é amaldiçoada por uma feiticeira e transforma-se em uma senhora de 90 anos. Aflita e desesperada, acaba envolvendo-se com Hauru e os habitantes de seu Castelo Animado.

Mesmo sendo uma adaptação, não considera-lo uma obra de Hayao seria um equívoco. O gênio coloca aqui todas suas qualidades em uma fase especialmente inspirada de sua carreira. A quantidade de personagens adoráveis e bem desenvolvidos é enorme, sua qualidade gráfica é, novamente, estonteante, sem contar a tremenda criatividade nas movimentações e nos seres que habitavam tal mundo. Esse é, talvez, a maior piração do diretor, mas de um lado positivo. São incontáveis as sequências de tirar o fôlego e os sempre inteligentes simbolismos com animais e utilização da paleta de cores, que define a atmosfera das cenas. O amor desenvolvido entre os personagens protagonista é a coisa mais linda de se ver.

8 – Porco Rosso(1992)

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É triste ver como Porco Rosso é pouco valorizado e muitas vezes,  e tratado com indiferença. A verdade é que um dos longas que mais se apoiam em simbolismo para contar sua história, por mais que o entretenimento esteja fortemente presente. Hayao não entrega respostas mastigadas, como o por que do protagonista ser transformado em um porco. E Rosso é, afinal, o contrário do que se imagina do protagonista de um épico. Não um mocinho belo e heroico, e sim um ser amargurado, de aparência vulgar e muitas vezes, egoísta, até começar a ser quebrado por Fio, que representa toda a beleza e ingenuidade que ele perdeu ao presenciar tantas desgraças na vida.

É uma das mais importantes obras anti-bélicas não apenas do diretor, como da história do cinema. e mais uma vez, em discordância com o que crescemos assistindo com o estúdio do Mickey, seu final é dúbio e deixa uma incógnita enorme, não um término feliz ou agridoce. Pode não agradar a todos, mas para quem conseguir o compreender, certamente torna-se inesquecível.

9 – Vidas ao Vento(2014)

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O canto do cisne de Hayao, o que apenas ressalta a falta que o artista fará ao mundo. Uma obra incomum e digamos, mais sóbria do que nos acostumamos. Retrato, talvez, de como estava inconformado e desiludido com o caminho que o  Ghibli e animação estavam tomando. Tudo documentado no excelente documentário “Estúdio Ghibli – Terra dos Sonhos e da Loucura“.

 

10 – O Serviço de Entregas da Kiki(1989)

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Seguindo a tradição das bruxas, Kiki, ao atingir 13 anos, parte para viver sozinha e lidar com seus problemas por contra própria. É o 4º projeto oficial do estúdio, e já carrega suas principais virtudes, como a trilha nostálgica e bucólica de Joe Hisaishi, o tom fantástico, a carismática e forte protagonista Kiki e a inebriante mão artística de Hayao.

O tema é elaborado de forma sutil, tocando na questão de maturidade e as intempéries que atingem qualquer um que busca sua independência na vida, indo atrás de seu sonho e buscando descobrir seu talento. Também reforça o poder da amizade e autoconfiança. Foi o marco inicial da parceria Disney /Ghibli, sendo lançado nos EUA em 1998.

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