Crítica | O Fabuloso Destino de Amélie Poulain

 

Amélie Poulain (interpretada por Audrey Tautou, força física impressionante) cresceu em meio as paranoias dos pais. Examinada pelo próprio pai, ainda criança, Amélie é erroneamente diagnosticada como uma menina com problemas cardíacos muito sérios. Por isso, Amélie foi isenta de estudar em escolas como qualquer outra criança de sua idade, cresceu sozinha, sem amigos (sua melhor amiga trata-se de uma câmera fotográfica). Em função de uma infância reprimida, Amélie construiu um castelo em sua mente e ali abrigou os mais diversos sonhos e fantasias. Imaginação fértil é pouco.

Ela consegue mostrar toda a doçura e bondade da protagonista. A atriz cria uma composição onde sua personagem sempre fala com a voz baixa, esboça sorrisos tímidos e se expressa mais por olhares, mostrando a dificuldade da personagem em dizer o que sente. A protagonista é geralmente filmada em close-ups médios que além de destacar sua atuação, também permite que o público se envolva rapidamente com ela.

A cenografia do filme é incrível, o ambiente do Deulx Moulains é um belo parque de diversão, todos os personagens mostrados no filme tem algo de extremamente peculiar, para começar a própria protagonista.

Entretanto uma das coisas que mais chama a atenção no filme é a sua fotografia, digna de um Oscar, o possivelmente mais famoso diretor de fotografia da atualidade, Bruno Delbonnel deu um show impressionante guiado pela mente dinâmica de Jeunet. A iluminação além de incrível apenas auxilia o estilo de arte em verde e vermelho inspirados em Van Gogh. O que merece cem capítulos à parte é a trilha sonora de Yan Tiersen. As composições de Tiersen não permanecem apenas na cena.

As questões filosóficas também estão em pauta no filme, assim como o contexto psicológico. Os momentos mais claros dessa ideia são quando ela encontra-se com aquele que é intitulado como “homem de Vidro” por ter seus ossos enfraquecidos. Na discussão sobre o quadro que ele pinta e sua personagem, eles fazem questionamentos que ela termina por misturar com sua vida e com suas decisões.

O filme nos mostra como é possível cultivar e apreciar os pequenos prazeres do cotidiano, mesmo quando a realidade é severa.

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