Olhando a tela do seu Smartphone, da sua TV, Tablet e etc, você verá o Black Mirror. Não é fácil enxergar seu reflexo nesse tipo de espelho, é necessário bastante pensamento crítico e alguma inteligência… E foi com essa sacada genial, que Charlie Brooker batizou sua série, uma antologia britânica que vem agradando muita gente, inclusive a mim, que nunca gostei muito de antologias, salvo exceções. Acontece, que decidi dar uma oportunidade, e acabei começando no primeiro episódio da terceira temporada, tá aí uma vantagem desse tipo de produção, algumas séries antológicas mudam de trama de uma temporada para outra, já Black Mirror vem com uma nova trama a cada episódio, ou seja, não precisamos assistir aos episódios em ordem, ou a uma temporada completa para entender o que está acontecendo, o que acaba sendo extremamente confortável. Lembrei até da época em que assistia aos Contos da Cripta na TV Bandeirantes!
O primeiro episódio da 3ª temporada, tem como título “O Perdedor”, e será o objeto desta primeira análise sobre a série Black Mirror.
Sinopse
A sociedade gira em torno de um aplicativo semelhante ao Facebook, onde cada indivíduo avalia os outros e é avaliado instantaneamente, recebendo notas de 1 a 5. De acordo com esse status, as pessoas são qualificadas, conseguem descontos, acesso a determinados lugares, podem ocupar uma boa posição social e etc. Lacie, interpretada pela linda Bryce Dallas Howard, divide um apartamento com o irmão, mas almeja se mudar para uma casa melhor. Possui pontuação 4,2, e para conseguir a casa, terá que subir rapidamente a 4,7. Para escalar a montanha da popularidade em menor tempo, Lacie terá que receber avaliações positivas de pessoas de alto nível, aí entra Naomie (Alice Eve), uma amiga de infância de Lacie que está prestes a se casar. Lacie resolve se aproximar de Naomie para usá-la como trampolim e alavancar seu status.
O episódio dirigido por Joe Wright mostra uma sátira genial à sociedade atual, é um exame minucioso de como as pessoas se comportam nas redes sociais, e obviamente, tudo nesse episódio, é elevado à décima potência com o intuito de nos chocar. O nosso comportamento é de fato deturpado e superficial em todas as redes sociais que usamos, ninguém é 100% verdadeiro, está 100% feliz e as fotos que postamos não refletem a nossa real situação, tampouco as mensagens e ideias copiadas e coladas em Facebook e Whatsapp, passam pelas cabeças de muitas pessoas. Simplesmente damos aprovação nas redes sociais, esperando receber a aprovação de volta na forma de curtidas e risadinhas digitadas. Agora imagine um mundo movido por toda essa hipocrisia velada… Pois nesse mundo ficcional, as opiniões das outras pessoas a seu respeito, é que irão determinar se você é bem sucedido e feliz ou se é um fracassado, um pária da sociedade.
Lacie tem uma posição privilegiada no auto de seus 4,2 de status, dando sorrisos engessados e evitando desagradar a todos que a cercam. Nessa loucura coletiva, um esbarrão acidental pode despencar a pontuação, e Lacie é especialista em jogo de cintura. Mesmo assim, tudo nessa sociedade “perfeita” onde todos são lindos e felizes, parece um castelo de cartas prestes a despencar. Esse episódio de Black Mirror, é um convite para que o espectador se desligue da Matrix que se tornaram as redes sociais como um todo, os roteiristas Michael Shur e Rashida Jones fazem um trabalho espetacular denunciando o comportamento superficial dos usuários das redes sociais, e a confusão que se faz entre felicidade real e a máscara imposta nos perfis das pessoas.
Enfim, no geral eu gostei muito da abordagem, recomendo que assistam ao primeiro episódio da terceira temporada de Black Mirror! Eu particularmente me interessei pelo restante da série e pretendo assistir a tudo que está disponível!
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