Recomendação | Hush (2016)

“Hush”, que aqui no Brasil recebeu o infame subtítulo “A Morte Ouve”, é um filme thriller lançado no ano de 2016 que, infelizmente, não passou nos cinemas brasileiros sendo encontrado no serviço de streaming da Netflix. Uma completa lástima já que estamos diante de uma grande produção que renderia uma ótima experiência na tela grande.

A história do filme é bastante simples: Maggie que é uma autora, e está escrevendo seu próximo livro, mora no meio do nada e tem sua casa invadida por uma pessoa misteriosa que usa uma máscara para se disfarçar. Porém há aqui um único detalhe que diferencia esse filme de outros home invasion e ele é muito bem explorado pelo diretor Mike Flanagan: A autora é surda e muda. E tanto esse simples detalhe e o quão bem ele é explorado é o que faz desse filme uma produção que merece ser reconhecida.

A tensão é um elemento constante no filme. A deficiência da protagonista cria momentos impactantes já que muitas vezes ouvimos barulhos que indicam que o invasor está vindo ou vítimas pedindo socorro, mas a protagonista não pode perceber fazendo com que o espectador roa as unhas de tanta tensão. Em falar na protagonista a sua atriz , Kate Siegel, está fantástica no papel. Seus olhares mostram algo que não poderiam ser mostrados com diálogos e sua personagem, mesmo com todas as suas deficiências, é forte e destemida.

A personagem enfrenta uma dificuldade sobre qual será o final do livro já que nenhuns dos vários que ela criou servem e o roteiro pega essa informação para criar uma cena memorável onde ela imagina suas possibilidades de conseguir fugir ou se esconder do invasor, mas todas elas têm o mesmo desfecho: a sua morte. Em falar nisso, ao contrário de inúmeros personagens dos filmes de terror ela é inteligente e pensa antes de fazer suas ações fazendo com que a perseguição entre a vítima e o invasor sejam mais dinâmicas e menos previsíveis.

Um ponto positivo sobre o filme é em relação a quem seria o invasor. O filme não explica os motivos de ele possuir essa fixação com a protagonista deixando um mistério que melhora a trama (assim como não sabíamos a motivação do Michael Myers no primeiro “Halloween” de John Carpenter, isso antes de estrear o segundo filme). E o ator que o interpreta, John Callagher Jr, não está nada mal no papel oferecendo um desempenho ótimo. O resto do elenco são apenas meros coadjuvantes que, em alguns casos, não acrescentam em nada a trama e que também não se destacam na atuação, exceto a personagem Sarah, interpretada pela Samantha Sloyan, que é uma personagem relacionável.

O roteiro, mesmo com suas ótimas sacadas, acaba tendo algumas derrapadas em seu ato final, onde em uma cena específica a protagonista fica sensível de forma exagerada a fatores externos ou uma cena de morte que se estende mais que o necessário. O espectador irá notar que às vezes existe uma repetição de situações o que causa desânimo e desinteresse. A trilha sonora provoca tensão constante no espectador sendo outro fator a destacar junto como a forma com que o filme brinca com o que o espectador está escutando.

No final de tudo “Hush” é uma ótima experiência com momentos tensos e agonizantes e que sabe aproveitar de uma forma bem inventiva o seu roteiro. Uma pena que não teve um grande destaque tanto aqui quanto mundo a fora, mas isso não impediu de ser reconhecido por bons entendedores do terror, como o mestre dos livros do terror Stephen King e o diretor de “O Exorcista” William Fredkim.

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