Resenha | Kid Eternidade

Kid Eternidade foi um personagem criado pela Quality Comics em 1942 que manifestava seu poder quando dizia a palavra “Eternidade”.. O garoto, que viajava com o avô em um barco que foi afundado por um torpedo alemão, não deveria morrer por mais de 75 anos. Um dos anjos concede ao menino um poder que ele poderia usar por 75 anos. Ao dizer a palavra “eternidade” o garoto poderia chamar figuras históricas do passado para ajudá-lo.

Em 1991, Grant Morrison reinterpreta o personagem à sua maneira e produz uma obra que rivaliza em qualidade com os obras famosas de Neil Gaiman , SandmanLivros da Magia que foram publicados na mesma época. Morrison acrescentou na historia a partir do  momento em que o personagem e seu avô passaram 30 anos aprisionados no inferno. O  período no inferno seria responsável por sua mudança de personalidade, de um garoto inocente, para um jovem de caráter dúbio e sacana , e visualmente Kid Eternidade ficou inteiramente pálido lembrando até um fantasma.

Ao invés de recontar a origem, ou alterá-la, Morrison fez uma continuação/reboot (semelhante ao que acontece nos filmes), um Kid Eternidade enganado. Ele nunca teria ido para o céu, tudo teria sido um plano dos Lordes do Caos, para transformar o garoto em um agente involuntário, a fim de estabelecer as esferas do caos que acelerariam a evolução da humanidade. Somado a isso, temos a descoberta dos abusos sexuais que o garoto sofria na mão do avô e que todas as figuras históricas que ele havia chamado para ajudá-lo, ao longo dos anos ( pasmem), eram demônios!

A arte é repleta de imagens genuinamente perturbadoras como bocas desencarnadas ou a do cadáver de uma mulher que foi perfurada da cabeça aos pés com talheres. A representação do inferno é a de um ambiente ”sufocante” e de dor perpétua e desesperança, o mundo espiritual parece ainda mais humano que o nosso. O inferno é descrito como:

onde amantes que prometeram nunca se separar, são fundidos em um emaranhado de carne em agonia.

O trabalho do inglês Duncan Fegredo é nada menos que perfeito. Com belas figuras pintadas dando vida às boas sacadas de Morrison, o artista recria o personagem principal como se ele fosse um ser que está na linha limítrofe entre um humano comum e um fantasma. Duncan Fegredo se destaca além do enredo de Morrison. Caso o roteiro estivesse à altura das capacidades do artista, teríamos aqui um verdadeiro clássico da nona arte, melhor que Sandman.

As capas são belíssimas, lembrando uma arte semelhantes as artes de capas de CDs de banda de rock famosas que lembram  The Beatles , Iron Maden entre outros. E filmes clássicos também.

A minissérie de Grant Morrison , foi contada em três edições especiais. Essas três edições possuem dois contos cada que se interligam, chamados de Verso I e II .

Conclusão:

Kid Eternidade não deve em nada aos outros selos da Vertigo, em termos de qualidade, é até superior que algumas obras, com uma arte chamativa e diferenciada. Infelizmente o personagem permanece obscuro, e quase não se é comentado sobre ele. Atualmente ele foi adicionado a fase Rebirth da DC Comics, assim como outro título Watchmen , fazendo parte do universo regular.

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