Crítica | Demolidor – 1ª e 2ª Temporada

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Primeira temporada:

Demolidor é uma série de Thriller policial  denso em um primeiro momento, e um thriller dramático em um segundo momento , para só depois ser uma obra baseada em quadrinhos de super-herói. A Cozinha do Inferno é um covil de violência e imundície assim como é retratada nos quadrinhos. A primeira produção da Netflix com a Marvel Television , é sem qualquer esforço, uma das mais violentas releituras de quadrinhos para a televisão. Para ser honesto, o argumento da adaptação da é superior ao das histórias originais que o inspiraram, seja o arco de Frank Miller, seja o de Brian Michael Bendis.

A trama da série nos apresenta aos primeiros dias de Matt Murdock (Charlie Cox) em sua identidade de vigilante no bairro de Hell’s Kitchen, Nova York. Nos primeiros minutos já conhecemos a origem de sua cegueira e a manifestação de suas habilidades aguçadas em breves flashbacks, e seu começo como advogado na firma que inicia com seu melhor amigo, Foggy Nelson (Elden Henson) e o caso inicial que os une com sua futura sócia, Karen Page (Deborah Ann Wolf).

A cena inicial do acidente é bem verossímil e de certa forma comovente. Logo em seguida segue para a cena do confessionário, que traz toda aquela carga religiosa da saga dos quadrinhos. A retratação dos poderes de Matt também é eficaz. A construção de cada personagem é algo notável da série, o que nos faz se conectar genuinamente com eles.

A coreografia de combate corpo-a-corpo é absurdamente magistral. Murros secos, pontapés duros, pura exaustão, as lutas são viscerais. A batalha ininterrupta no corredor ao final do segundo episódio ‘’Cut Man’’, embora uma clara analogia à cena do Oldboy de Chan-wook Park, é o melhor confronto com que a Marvel já nos presenteou, onde um inacreditável plano sequência de 9 minutos nos leva em um embate do protagonista com um número muito maior de inimigos em um apertado corredor, uma direção primorosa do Phil Abraham.

A riqueza do personagem vilanesco é estupenda e muito se deve à atuação inebriante de  Vincent D’Onofrio, em um papel que é uma combinação, quase que em partes iguais, de seu recruta Gomer Pyle em Nascido Para Matar e de seu detetive Robert Goren em Lei e Ordem: Crimes Premeditados.

A fotografia da série é estupenda, as cores vermelha e as vezes roxo até remetem as HQs. Não é por acaso que a janela do apartamento de Matt é idêntica a um vitral de igreja, é para criar o seu lar como um lugar seguro e impenetrável, apenas aumentando o impacto de qualquer cena com riscos que decorre dentro do espaço. Não é preciso ir muito longe para ilustrar a superioridade da produção em relação às séries de TV do gênero de super heróis defender alguma  produção de um canal relativamente fraco, como os da The CW por exemplo,  em contraste com Demolidor sugere muito ‘analfabetismo’’ dramático, narrativo e cinematográfico.

A intersecção existente entre a motivação do Matt e do Fisk é excelente, mas chega um ponto na série onde Fisk parece tão intangível para o Demolidor que provavelmente a narrativa teve que humanizá-lo para que a série pudesse ter o desfecho que teve, um final excelente de toda forma. O roteiro foi brilhante elaborado para ser de um filme de 13 horas, porque  isso que Demolidor é, toda a estrutura técnica da série , é montada como se fosse um filme , é magnífico, desbancando fácil muitos filmes da Marvel Studios.

Segunda temporada:

No primeiro arco, vemos o Justiceiro lidando com as gangues da cidade que passaram a se multiplicar no vácuo criado pelo encarceramento de Wilson Fisk na temporada anterior. Os métodos do novo vigilante, claro, são os mais radicais possíveis, com massacres constantes espalhando corpos pela cidade, revoltando a polícia , e também  ao Demolidor, especialmente depois que Karen incita que o surgimento de novos vigilantes provavelmente são inspirados nas atitudes do Diabo da guarda . O ator Jon Bernthal, parece que nasceu para viver o personagem que finalmente ganha sua versão definitiva depois de três longas, desde 1989.

O problema do primeiro arco é  que uma das tramas foi mais interessante do que a outra, a trama da Elektra não foi ruim, mas  não foi melhor do que a do Frank Castle , por maior que fosse o clima de urgência e mistério que a narrativa tentava transmitir sobre os planos do Tentáculo , o publico acaba se interessando muito mais no julgamento do Castle e descobrir o que realmente causou a morte de sua família, uma subtrama que supera até a trama principal.

É uma série de arcos muito mais complexos e intrincados do que a temporada anterior, porém, quase todos são mais empolgantes. Essa temporada no geral foi melhor estruturada do que a anterior, já que em 5 primeiros episódios temos o Justiceiro como principal adversário do Demolidor, para logo depois dar espaço à entrada de Elektra e o subsequente núcleo antagonista do Tentáculo e a volta de Stick (Scott Glenn).

As  lutas muito bem coreografadas que fazem de tudo para mostrar que um embate físico,  talvez, o mais próximo de lutas “de verdade” que uma série ou filme baseado em quadrinhos tenha conseguido colocar nas telas até hoje.

Marcada por uma  plano sequência do corredor primoroso na primeira temporada, os idealizadores viram que o publico gostou e resolveram fazer uma sequencia de luta do corredor maior e ‘’melhor’’ e inventaram uma sequência de briga absurdamente elaborada no episódio New York’s Finest, trazendo o Demolidor enfrentando uma série de oponentes em um plano longo  que passa por corredores, escadas e portas. É algo que certamente exigiu um trabalho pesado da equipe de dublês, mas que está  abaixo da simplicidade impressionante do confronto em Cut Man.

Vicent D’onofrio faz a participação especial mais sensacional da serie, suas interações com o justiceiro, manipulando a cara, e ele ameaçando o Matt são sensacionais, ele é realmente o verdadeiro Kingpin. Sua curta e memorável participação durante o arco de Castle na cadeia. E seu jeito  aparentemente “inofensivo”, Wilson Fisk em sua cela é mais ameaçador do que qualquer outro oponente que Matt enfrenta nesta temporada.

Quando Elektra (Élodie Yung),é introduzida e surge para requisitar a ajuda de Matt em uma missão nebulosa que está diretamente ligada ao Tentáculo, uma organização ninja milenar que planeja um ataque sem precedentes na cidade de Nova York. Yung agrada pela sensualidade que confere a Elektra, em seu sotaque exótico e em personalidade fielmente retratada da personagem dos quadrinhos. O que não agradou os fãs foram as feições quase asiáticas da atriz.

Os personagens secundários, Foggy e Karen, cresceram bastante  na segunda temporada e conquistam a simpatia do publico mais facilmente. Foggy ao mostrar-se independente e inteligente longe da sombra do herói.  Karen mostra-se “astuta” e perspicaz ao extremo.

A segunda temporada de Demolidor pode não ser melhor do que a primeira, ainda que fique à sombra desta, é uma série de alta qualidade, ainda continua no pódio de melhor série de super herói da TV. Muitos estão na expectativa de que na próxima temporada , já confirmada, adaptem o arco” A Queda de Murdok”, que seria muito interessante de se ver adaptado.

Demolidor  ( Daredevil-EUA )Duração: 13 episódios, 740 min

Lançamento  da 1ª Temporada : 10 de abril de 2015

Lançamento da 2 ª Temporada:  18 de março de 2016

Criação: Drew Goddard, baseado em personagens criados por Stan Lee, Bill Everett, Gerry Conway, John Romita Sr. e Frank Miller

Showrunner: Doug Petrie, Marco Ramirez, com Drew Goddard como consultor

Direção: vários

Roteiro: vários

Elenco: Charlie Cox, Deborah Ann Woll, Elden Henson, Jon Bernthal, Élodie Yung, Stephen Rider, Rosario Dawson, Michelle Hurd, Rob Morgan, Peter McRobbie, Brett Mahoney, Marci Stahl, Scott Glenn.

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