Não Recomendo | Punho de Ferro da Netflix (vulgo mão de alface)…

Sempre defendi as séries Marvel/Netflix, destacando a qualidade dos roteiros, fotografia, atuações, coreografia nas lutas, sobriedade e etc, mas quando algo dá errado é dever falar sem hipocrisia e com imparcialidade. Punho de Ferro foi uma decepção enorme para quem esperava homenagens aos filmes de artes marciais dos anos 60 e 70, e para quem aguardava uma torrente de ninjas do tentáculo descendo pelo ladrão para ser espancada por um exímio lutador de artes marciais, sem contar quem está acostumado com o primor da série do Demolidor, cuidado com o hype (e com os spoilers)!

Finn Jones, o grande artista marcial, SQN…

Punho de Ferro, interpretado por Finn Jones, que na minha opinião não fede e nem cheira, sequer se deu ao trabalho de aprender um pouco de Kung Fu, pelo menos um único estilo da arte marcial mais popular do mundo, talvez o sujeito nunca tenha assistido a um filme do lendário Bruce Lee, ou seja, os produtores esperam que você acredite que aquela mão de alface que reclama de cortes superficiais no braço, seja uma arma viva que saiu de K’un Lun para destruir o Tentáculo

Não tenho nada contra os rapazes delicados, mas o ator deveria, por obrigação profissional, se preparar para interpretar um lutador de artes marciais, conseguir uma musculatura condizente com uma pessoa que treina diariamente para se tornar o melhor lutador do mundo. Finn Jones parece uma moça delicada e chiliquenta interpretando Danny Rand, sempre chorando, reclamando e sendo facilmente ludibriado pelos irmãos Meachum, no controle da sua empresa multibilionária, as Indústrias Rand. Não sou um profundo conhecedor do Punho de Ferro, mas sei que é implacável nas HQs, a dupla Roy Thomas e Gil Kane, foi inspirada pelos clássicos filmes de artes marciais, e com a expectativa gerada, não esperávamos menos do que coreografias perfeitas, vilões caricatos e com uma trama de revanchismo e vingança, muito comum no gênero de Artes Marciais.

Falta de ação em uma série de ação…

Já falei das limitações do protagonista, mas as limitações da produção são piores ainda…

A começar por extensas lembranças descritivas, isentas de imagens, “Eu fui treinado em K’un Lun, pelos monges blablabla, para me tornar o Punho de Ferro, arma viva e blablabla…”. Quase nada é mostrado, tudo é descrito em diálogos cansativos, e quando vislumbramos alguma coisa de K’un Lun, não passa de pedras de isopor, montanhas em telão e neve artificial sendo soprada de forma tosca.

A série é tão descuidada que Danny Rand, que chegou a K’un Lun aos 11 anos de idade, sabe dirigir perfeitamente nas ruas de Nova York. Para não ficar muito feio, decidiram dizer que Danny aprendeu com os monges de K’un Lun nas montanhas, acredite se quiser, mas os monges de um lugar tão restrito e isolado, cujos portões se abrem uma vez a cada 15 anos, precisam de automóveis…

Quanto à ação, Kung Fu Panda tem cenas muito mais empolgantes e trata melhor o tema, os produtores de Punho de Ferro não conhecem, não pesquisaram, não se preocuparam em se aprofundar na cultura das artes marciais e passaram vergonha. As coreografias são piores que as de Arrow, se resumem a movimentos amadores e mal ensaiados.  Fica o sentimento de que o Punho de Ferro foi pessimamente utilizado e queimado de uma forma irreversível. Poderiam ter feito homenagens à nomes como Jackie Chan, Bruce Lee, Jet Li, David Carradine, Chuck Norris e diversos outros, mas o que vimos foi uma das produções mais preguiçosas da Netflix.

Ao menos a lindíssima Colleen Wing (Jessica Henwick), par romântico do herói, se destacou nas cenas de ação, mérito dela ou dos dublês, não da direção. Se você procura uma produção focada em artes marciais, ou mesmo uma boa série de heróis da Netflix, não vai achar em Punho de Ferro! A série é mediana e arrastada.

Falando de Vilões…

Cuidado, deixarei muitos spoilers nesse tópico!

Considere-se avisado! Spoilers!!!

E começa a confusão, inicialmente somos apresentados aos usurpadores irmãos Meachum, o perturbado Ward Meachum parece surgir como antagonista de Danny Rand no controle da empresa Rand, depois, o finado pai de Ward e Joy, Harold  Meachum, e o Tentáculo da Madame Gao se inserem na trama. Quando pensamos que o vilão seria definido, surge um tal de Bakuto e sua escolinha subversiva do Tentáculo, um absurdo imensurável a propósito, o Tentáculo, uma organização de ninjas vindos do Japão com uma ramificação mequetrefe nos EUA. Não vou nem me dar ao trabalho de aprofundar as críticas nesse ponto, os caras não sabem o que é o Tentáculo, dar um propósito minimamente plausível para ele, seria pedir demais…

Madame Gao, tão engrandecida na série do Demolidor, foi absolutamente desconstruída em Punho de Ferro, colocada fora de contexto e no final, esquecida para o desfecho, que teve Harold Meachum como vilão, um sujeito sem habilidades especiais e que lutou de igual pra igual contra a “arma viva”.

Cadê o uniforme verde-amarelo?

Já que iam sacanear a série e torna-la algo tão genérico, poderiam ter a decência de fazer um agrado ao fã e deixar o herói usar o uniforme clássico!

Danny Rand usa roupas surradas de mendigo ou um terno, juntamente com um par de tênis brancos, mas nem sinal de seu traje tupiniquim com o dragão no peito…

Claire Temple encheu a sacola…

Gostei muito da Rosário Dawson aparecendo como a enfermeira Claire Temple na série do Demolidor, já em Jessica Jones e Luke Kage foi forçoso mas não me incomodou, foi até bem vindo e uniu as séries no mesmo universo. Tomar aulas no dojo da Colleen torna a coincidência absurda e chama o espectador de idiota, quais as chances da enfermeira encontrar fortuitamente mais um herói na gigantesca Nova York? Pois ela encontrou, e como de costume, se dispôs a ajudar Danny Rand. Seria mais fácil encontrar o herói ferido em um hospital , sendo perseguido pelo Tentáculo, o que tornaria o encontro plausível.

Mas Ciclope, você detestou Punho de Ferro?

Não diria que detestei, o sentimento foi de decepção!

A cada série Marvel que vem saindo, a Netflix deixa um pouco a desejar, se Luke Kage não empolgou muito, Punho de Ferro foi o ponto crítico, onde a Netflix deveria rever seus conceitos para não correr o risco de estragar a experiência com os Defensores.

Esse foi mais um Não Recomendo, acredito que sem polêmica, uma vez que a série ficou ruim mesmo! Como não sou o dono da verdade, deixe aí nos comentários, sua opinião a respeito do Mão de Alface da Netflix!

Até a próxima amigos! 

 

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