Crítica | Invocação do Mal (2013)

Roger e Carolyn Perron compraram em 1970, a Fazenda Harnold que foi construída em 1736. Eles tinham cinco filhas: Nancy, Christine, April, Andrea e Cindy. Logo em seu primeiro dia em sua nova residência, eles notaram algo incomum. Oito gerações de famílias morreram na Fazenda, isso sem contar os vários suicídios, estupros, assassinatos, dois afogamentos estranhos e um caso de homens que congelaram até a morte naquelas terras. O vendedor os havia aconselhado: “Deixem as luzes acessas durante a noite”.

Segundo os Perron, nem todos os fantasmas eram malignos. De acordo com eles, alguns fantasmas eram bem vindos e brincavam com suas filhas. Algumas vezes, eles ouviam barulhos de alguém varrendo a cozinha e quando chegavam lá a vassoura estava em um lugar diferente de onde eles haviam colocado e um monte de poeira varrida no chão. Obviamente, existiam alguns fantasmas malignos que perturbavam toda a família. Uns puxavam os cabelos das meninas, batiam as portas com muita força e ficavam gritando enquanto todos estavam tentando dormir. Andrea Perron, mais tarde, chegou a escrever livros onde ele falava de sua experiência na casa. Segundo ela, havia um espírito tão maligno que ninguém da família nunca chegou a comentar publicamente o que ele havia feito. Uma vez um repórter perguntou sobre tal espírito e ela respondeu:

“Vamos apenas dizer que havia um espírito masculino muito ruim na casa – com cinco garotinhas”.

Porém nenhum se comparava a Bathsheba Sherman. Segundo alguns, Bathsheba era uma bruxa satanista que se enforcou em uma árvore atrás do celeiro. Bathsheba não era bem vista na comunidade, sendo acusada de matar o seu bebê em um ritual satanista. Ela teve outros filhos, mas nenhum passou dos quatro anos de vida. Ela infortunava principalmente Carolyn a qual era queria longe da propriedade o mais cedo possível. Ed e Lorraine Warren, conhecidos por suas palestras sobre o paranormal, foram procurados pelos Perron. Segundo eles Bathsheba havia possuído Carolyn fisicamente e eles precisavam urgentemente de ajuda. Segundo Andrea a noite em que eles exorcizaram a sua mãe foi a noite mais terrível de sua vida. Ela ficava ouvindo a sua mãe falar com uma voz que ela nunca tinha ouvido antes e uma força sobrenatural a jogou a seis metros de distância em outra sala. No caso real, Ed e Lorraine não conseguiram livrar Carolyn do demônio e o casal teve que sair do local, pois as assombrações ficaram muito mais agressivas com a presença deles na casa. Os Perron, devido aos problemas financeiros, só puderam abandonar a casa amaldiçoada uma década depois. Os moradores que vieram após a família Perron relataram eventos semelhantes com vários visitantes de sua casa alegando ter visto uma estranha mulher idosa caminhando em silêncio pela casa.

Foi com essa história que o diretor James Wan, criador da saga de filmes “Jogos Mortais”, criou um de seus melhores filmes: “Invocação do Mal” que estreou no ano de 2013 e fez com que muitos ficassem surpresos com a qualidade do filme. Essa qualidade pode ser associada a vários aspectos como a ótima direção de James Wan. Em uma sequência particular, que envolve batida de palmas, Wan cria uma tensão invejável fazendo com que o espectador fique imergido e instigado com a narrativa. Mas os principais acertos dessa obra estão encontrados em seu roteiro e elenco, o que não desmerece a direção de Wan.

O roteiro escrito por Chad e Carey Hayes explora muito bem as assombrações da casa e toda a lenda ao redor. O foco da história não se encontra apenas nos Perron, mas também no casal Warren onde vemos mais de seu passado e de casos anteriores, como o da boneca Annabelle (cujo o buzz gerado pela “personagem” após o filme fez com que ele ganhasse um filme próprio) que abre o filme. Alguns clichês ocorrem no meio do caminho, mas são clichês que foram necessários para o andamento da narrativa e que num balanço geral não interferem muito na qualidade da obra.

E o que garante todo o relacionamento do público com o sofrimento da família vem do talentoso elenco. Lili Taylor está ótima no papel de Carolyn Perron dando mais autenticidade ao sofrimento da família. Patrick Wilson e Vera Farmiga estão igualmente incríveis como Ed e Loraine Warren, eles contam com uma química excelente em tela. Outro destaque do filme são os efeitos sonoros, muitas vezes fazendo o espectador se questionar sobre o que está ouvindo. A trilha sonora de Joseph Bishara é bem pontuada nunca atrapalhando a tensão construída e  nunca servindo como um artifício para dar sustos.

Com um clímax eficiente, “Invocação do Mal” se prova como uma ótima adição aos filmes de terror sobrenatural não se apoiando apenas em sustos forçados, mas se aproveitando de seu bom elenco, direção e com uma tensão que acompanha o espectador durante toda a projeção. Com a ajuda deste filme, Wan ganhou um maior espaço no cinema de terror provando a sua habilidade de mexer com as expectativas criadas pelo espectador, quase sempre desconstruindo-as de uma forma impressionante.

Título Original: “The Conjuring” (2013)

Direção: James Wan

Roteiro: Chad Hayes e Carey Hayes

Elenco: Patrick Wilson, Vera Farmiga, Ron Livingston, Lili Taylor, Shanley Caswell, Hayley McFarland, Joey King, Mackenzie Foy e Kyla Deaver.

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