Crítica | Deadpool (2016)

Em 2009, Deadpool foi apresentado pela primeira vez em X-Men Origens: Wolverine, um projeto inicial que consistia em adaptar historias solos dos integrantes dos X-Men, o posterior seria a historia solo do Magneto, que acabou se tornando X-Men: First Class. A aparição de Deadpool foi uma decepção, o personagem foi totalmente descaracterizado, algo que enfureceu os fãs, o que aumentou ainda mais o ódio sobre o filme,  que é considerado como um dos piores do gênero de super heróis. Porém, o ator Ryan Reynolds conhecia um pouco do personagem e resolveu insistir no projeto de um filme solo do anti-herói, mas que fosse fiel ao personagem dos quadrinhos. Graças a uma proposta irrecusável e do desempenho surpreendente na internet de uma sequência-teste que ilustrava com um CGI simples o teor do filme ( que você pode conferir aqui), a Fox deu sinal verde para o filme.

A historia acompanha o ex-militar e atual mercenário Wade Wilson que é diagnosticado com câncer já em estado terminal, ele encontra a possibilidade de cura em uma sinistra experiência científica. Recuperado, com poderes e um incomum senso de humor, ele então adota o alter-ego ”Deadpool” para buscar vingança contra o homem que destruiu sua vida.

O roteiro de Rhet Reese e Paul Wernick tenta  fugir da fórmula dos novos filmes de super heróis estreantes no cinema, infelizmente, ele acaba se limitando nisso. Talvez o segredo do longa metragem esteja justamente no seu baixo orçamento ( e no seu marketing que sim, foi genial, apelando para interação com o público),  em comparação aos filmes do tema , e o fato dele rir de si mesmo quanto a isso constantemente.

Nos quadrinhos Deadpool é conhecido por ter histórias nonsense, sem pé nem cabeça, então os roteiristas poderiam ter ousado e feito uma historia totalmente escrachada, fugindo de todos os padrões realmente,  isso sim seria de alguma revolucionário dentro do gênero de heróis. O filme é contado de forma não-linear, o que é muito bem aproveitado já que o personagem usa, de maneira inteligente e bem comunicativa através da quebra da quarta parede.

O sucesso do longa em grande parte recai sobre os ombros do ator Ryan Reynolds. Depois de se arriscar em vários  blockbusters que não deram certo, e alguns filmes independentes o ator conseguiu encontrar seu veículo perfeito. Um casamento que deu certo, que muitos comparam com Robert Downey Jr, intérprete de Tony Stark na Marvel Studios.

A trilha sonora tenta emular inspirada muito provavelmente no filme Guardiões da Galáxia, no qual apelou para nostalgia, com trilhas sonoras dos anos 80 e  dos anos 90 também. Sendo estas na responsabilidade de Tom Holkenborg para monta-las, junto ao já conhecido compositor Junkie XL. Que ficou responsável pelas OST, no qual a trilha sonora não decepciona e apela para um som mais sombrio com pegada anos 80  que a primeira vista parece ir ao contrário da proposta do filme, mas que foi utilizado em momentos de tensão e algumas cenas de ação que casaram perfeitamente também.

O melhor da comédia também vem de referências que ridicularizam os papéis fracassados de Ryan Reynolds, que inclui o já citado X-Men Origens: Wolverine e Lanterna Verde. Por ter uma curta duração, não há no filme repetitividade na interação com os seus aliados, Colossus e Negasonic Teenage Warhead . Mas ao mesmo tempo a participação dos X-Mens é descartável, mas justificada na ideia que Deadpool, que acaba deixando portas abertas para um futuro crossover, como acontecerá em X-Force, no qual ele será um dos membros.

O mote principal acaba sendo fraquíssimo, com um vilão clichê e nada carismático, com frases de efeito do nível, as cenas são violentas para o nível apresentado por outros filmes de super heróis, mas nada que realmente choque o público.

Deadpool é um filme que não decepciona para quem estava com grandes expectativas de ver uma adaptação fiel do personagem nos cinemas. As piadas de humor negro, a ação violenta, o teor sexual, tudo está no filme ou seja sua essência . Porém não é nada de revolucionário na narrativa, como muitos exaltaram.  Deadpool é  sobre uma história de amor, você querendo ou não, e que falha em subverter o gênero. É um filme corajoso com certeza, por ter usado pela primeira vez a quebra da quarta parede em um filme de super herói, mas longe de ser revolucionário.

Deadpool- EUA-2016 Duração: 108 min

Direção: Tim Miller

Roteiro: Rhet Reese, Paul Wernick baseados no personagem criado por Rob Liefeld, Fabian Nicieza

Elenco: Ryan Reynolds, Morena Baccarin, Ed Skrein, Stefan Kapicic, Brianna Hildebrand, Karan Soni, T.J. Miller, Gina Carano

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