Crítica | A Autópsia (2016)

A Autópsia”, ou se quiser “A Autópsia de Jane Doe”, é um filme de terror lançado no final do ano de 2016 nos Estados Unidos e, depois de tanto tempo, só chegou agora aos cinemas brasileiros. O filme recebeu, em grande parte, críticas positivas tanto de crítica quanto de público contando com uma premissa bem interessante.

Em “A Autópsia”, o espectador acompanha uma dupla de legistas, pai e filho, que recebem um corpo misterioso, cujo nome suponha-se ser Jane Doe, para ser analisado. Os policias acharam o cadáver numa cena de crime bastante violenta e o xerife Burke fica instigado sobre quem ele era e o motivo dele estar lá já que ele não conectava com nada na cena do crime. Durante a autópsia, eles começam a perceber que há algo de errado naquele corpo e, ao mesmo tempo, coisas estranhas começam a acontecer no necrotério onde eles estão analisando.

A direção do norueguês Andre Øvredal é muito competente. Ele consegue criar uma ótima atmosfera imersiva sugando o espectador para dentro da história. Graças a sua direção o ambiente do necrotério fica mais claustrofóbico, onde o espectador fica cada vez mais aflito sabendo que não há saída daquele local. Ele consegue caminhar com a história muito bem sempre brincando com as expectativas do espectador, principalmente com a cena dos sinos.

O roteiro de Ian B. Goldberg e Richard Naing criar o suspense sobre quem seria o cadáver, o que aconteceu com ela, deixando com que o espectador possa tomar várias teorias. A cada nova descoberta bizarra, no mínimo, sobre a personagem o espectador sente-se mais atraído a história. Em seu primeiro ato, o espectador nunca perde o interesse pelo filme.

O gore é muito presente nesse filme, mas ele não é usado apenas como uma forma de chocar o espectador. Ele ajuda, em grande parte do filme, a locomover a história se mostrando um elemento necessário. O problema do roteiro se encontra em suas revelações finais com todo o segredo sobre o que aconteceu com Jane Doe podendo decepcionar alguns com a revelação podendo ser chamado de “preguiçosa” ou “sem sentido”. Não revelar o que aconteceu com Jane talvez pudesse ser algo melhor para o filme fazendo com que mais dúvidas sobre o mistério fossem geradas, o que seria algo positivo para o filme, algo que não aconteceu.

A dupla principal é um dos destaques do longa. Brian Cox traz toda a sua racionalidade e a sua neutralidade, justificada pela sua experiência, ao seu personagem. Emile Hirsch é o responsável por trazer toda a dramaticidade da situação deixando tudo mais plausível. A química entre os atores é eficiente contando com uma ótima relação de pai e filho. Ophelia Lovibond tem pouquíssimo tempo para justificar a sua presença na história com a sua personagem sendo um pouco “descartável” para a trama. A atriz Olwen Catherine Kelly não chega a piscar o olho durante o filme, mas Øvredal faz com que o espectador tema a sua presença.

A música de Danny Bensi e Saunder Jurriaans é, em muitos momentos, aterradora e a música escolhida para tocar em alguns dos momentos mais cruciais do filme cumpre muito bem a sua função permanecendo na cabeça do espectador após o término do filme. Com tudo isso, “A Autópsia” traz uma experiência instigante e sufocante. Tal experiência que foi um pouco ameaçada em seu ato final.

No ato final Øvredal acaba abusando muito dos clichês do gênero com um excesso de jumpscares ineficientes em algumas cenas, as cenas da autópsia são abandonadas em algumas partes (o que é um problema, pois era o fator que mais conseguia manter o espectador focado no filme) e os personagens começam a tomar decisões pouco inteligentes que  às vezes, irritam o espectador. O CGI também apresenta ser um problema no ato final, pois a sua qualidade oscila muito.

A Autópsia” conta sim com problemas significantes que podem atrapalhar a experiência do espectador. O filme possui uma história muito interessante com uma dupla de atores incrível que acaba fazendo com que o filme pese muito mais para o lado positivo do que para o negativo. Recomendado para os fãs do gênero que ao término do filme ficarão satisfeitos por conhecer a história de Jane Doe.

Título Original: The Autopsy of Jane Doe (2016)

Direção: André Øvredal

Roteiro: Richard Naing, Ian B. Goldberg

Elenco: Brian Cox, Emile Hirsch, Ophelia Lovibond, Michael McElhatton, Olwen Catherine Kelly,  Jane Perry, Parker Sawyers

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