Recomendação | Lanterna Verde – A Série Animada

Para muitos que ouvem o nome DC Comics a reação mais comum é relacionar a mesma com três personagens icônicos: Superman, Batman e Mulher-Maravilha. Infelizmente não são todas as pessoas que de fato conhecem o grande acervo de heróis e grupos que a editora possui. Dentre os que passam despercebidos estão os Lanternas Verde, policiais do espaço que manipulam o Anel de Poder, também conhecido como “a arma mais poderosa do universo” … e bota poderosa nisso, afinal, o único aspecto limitador do artefato é a imaginação do seu portador.

Quem assistiu a série animada Liga da Justiça e Liga da Justiça: Sem Limites com certeza deve se lembrar de John Stewart, um personagem que teve bastante espaço em tela e que protagonizou episódios memoráveis nas citadas animações. Ainda assim é evidente que a DC nunca deu muito espaço para que a Tropa dos Lanternas Verdes pudesse ser retratada de forma mais detalhada, o que é uma pena já que essa organização possui uma mitologia bastante rica além de contar com uma porrada de membros interessantes.

Visando dar uma chance para que o grande público criasse interesse na Tropa e seus personagens, a Warner Animation conferiu à Bruce Timm, Giancarlo Volpe e Jim Krieg a tarefa de produzirem uma série animada onde seriam narradas as aventuras de Hal Jordan, o primeiro humano a fazer parte da Tropa, ao lado de seu amigo Kilowog depois que ambos desacatam uma ordem direta dos Guardiões do Universo e viajam para uma distante região da galáxia denominada Fronteira para investigar a morte de um de seus colegas. O que nossos protagonistas não esperavam era que uma nova ameaça estava emergindo desta região quase que inóspita, neste momento somos apresentados ao primeiro elemento antagônico “inédito” (do ponto de vista de um leigo): Lanternas Vermelhos

É natural que a apresentação de uma nova Tropa atice a curiosidade do espectador e o mantenha interessado na continuidade da narrativa, felizmente os produtores nos entregam doses moderadas de informações sobre esta misteriosa organização, sendo umas delas razão pela qual seu líder, Atrocitus, guarda imenso rancor dos Guardiões. Ainda no primeiro episódio somos apresentados aos Lanternas Vermelhos Zilius ZoxRazer (criado exclusivamente para a série animada) que travam uma dura luta contra Hal e Kilowog enquanto estes tentam desesperadamente resgatar outro companheiro de sua tropa que estava sendo atacado. Por fim, Zox e Razer são derrotados neste primeiro embate por não conseguirem superar a genialidade de Jordan em combate e terminam por recuar e informar o ocorrido ao seu líder.

Na segunda parte do episódio piloto temos uma mudança curiosa por parte de Razer, o mesmo demonstra estar ciente dos males que pratica e com muita relutância decide obedecer a ordem de Atrocitus em destruir uma colônia repleta de civis inocentes. Uma nova luta se inicia entre os Lanternas Verdes e Vermelhos, infelizmente, nem todos vão sair vivos dessa situação, incluindo o Lanterna responsável por garantir a segurança da colônia. Sentindo bastante remorso por não ter impedido a catástrofe, Razer tenta convencer Jordan a ceifar sua vida e assim o permitir pagar pelos seus crimes, todavia, contrariando o desejo do jovem, nosso herói se recusa a fazer isso e oferece a oportunidade de ter uma consciência limpa por prestar auxílio em impedir os planos de vingança de seu antigo mestre.

O fato da animação ser feita totalmente em computação gráfica pode afastar muitas pessoas já que, não raro associa-se este tipo de produção à outras cuja qualidade deixa a desejar. Os traços empregados também causam um pouco de estranhamento no começo, mas, depois que a trama vai desenrolando passamos a no acostumar com o mesmo. O plot central da primeira temporada gira em torno da caçada à Atrocitus e seus subordinados, coisa que não será nada fácil para os protagonistas já que estão em menor número e bem afastados do espaço controlado pelos Guardiões, sendo assim, também não podem pedir reforços.

Em meio a esta situação, os produtores adicionam ao núcleo principal mais uma nova personagem chamada Aya, que nada mais é do que a inteligência artificial presente no sistema de navegação da nave que Hal e Kilowog “pegaram emprestada” em Oa antes de ficarem presos na Fronteira. Dotada de uma personalidade inicialmente grosseira e calculista, Aya se revela uma adição interessantíssima para a jornada que o grupo terá de fazer, pois, encara as situações com uma visão mais analítica. No episódio “Into the Abyss“, a mesma desenvolve um corpo mecânico para lhe garantir liberdade de locomoção bem como a possibilidade de ajudar seus colegas de forma mais ativa.

Em pouco tempo ela se torna uma das personagens mais intrigantes da animação por conta de sua origem, que só é melhor trabalhada na temporada seguinte, fazendo uma breve referência a um conceito levantado nas HQs.  Possuir um corpo mecânico a garante uma série de vantagens táticas, sendo algumas delas: absorção de energia, alta resistência e capacidade de infectar outros sistemas computadorizados. Além disso, é possível notar que ela e Razer possuem uma estranha conexão que será apenas explicada perto dos capítulos finais da animação, toda esta subtrama contribui ainda mais para o desenvolvimento dos personagens mencionados tornando-os mais “humanizados” por assim dizer.

Outro ponto positivo desta animação se dá pela forma como elementos oriundos das páginas das HQs são adaptados, desde personagens de grande importância para as histórias protagonizadas por Hal Jordan bem como outras luzes pertencentes ao Espectro Emocional. Pouco depois da metade da primeira temporada, no episódio “Lost Planet” somos apresentados ao Santo Andarilho, uma espécie eremita que busca por um dito “salvador” que seria capaz de trazer raios de esperança e espalhá-los pelo universo em reposta ao caos que os Lanternas Vermelhos estão prestes a disseminar.

Sinestro também faz uma ponta num episódio específico ainda como um Lanterna Verde, entretanto, o mesmo demonstra uma postura um tanto quanto duvidosa em sua forma de resolver o conflito do episódio em questão. Também não poderia deixar de mencionar os episódios onde temos a presença das Safiras cuja líder, a rainha Aga’po,  se mostra tão obstinada e duvidosa quanto sua versão dos quadrinhos por aos poucos revelar seus métodos nada ortodoxos para disseminar o “amor”. Eventualmente, Carol Ferris faz algumas participações aqui e ali, não como uma donzela em perigo mas como uma mulher determinada a fazer o que estiver ao seu alcance para ajudar seu amado, desta forma, ensinando as zamaronas o verdadeiro significado do amor.

Na temporada seguinte temos a introdução de um novo inimigo ainda mais perigoso do que Atrocitus, contudo, não pretendo revelar a identidade do mesmo no intuito de atiçar a curiosidade. Desta vez o destino da galáxia estará em jogo e isso fará com que Hal e a Tropa se encontrem numa verdadeira corrida contra o tempo para impedir esta nova ameaça. Neste meio tempo um novo personagem querido por muitos leitores entra em cena, estou falando de Guy Gardner e sua personalidade um tanto quanto boçal. Guy ocupa o posto de alívio cômico com bastante louvor, o destaque vai para sua personalidade bastante fiel ao material fonte … mais um ponto para a animação!

Apesar de não ser tão consistente em seus episódios, a segunda temporada começa um pouco mais devagar, porém, as coisas melhoram do meio para o final onde o cerco começa a se fechar para os heróis e uma série de medidas drásticas por parte deles começam a ser tomadas para combater o novo inimigo. Perto do final da série temos a breve apresentação de uma fonte de poder que talvez seja capaz de neutralizar o vilão, no entanto, essa mesma fonte de poder possui um guardião que não está nem um pouco disposto a “emprestar” a mesma … não sabe de quem estou falando? A imagem abaixo pode dar uma dica (além de ser uma baita duma referência diga-se de passagem hehehe).

“Para o bom entendedor, meia referência basta.”

Infelizmente a animação não fez tanto sucesso quanto o esperado, outro agravante foi a baixa venda de produtos licenciados (problema similar enfrentado pela animação Justiça Jovem). Em meio a tantos problemas financeiros o resultado não poderia ser outro senão o cancelamento da série animada, o que é uma pena, pois, se tratava de uma produção que fugia do núcleo da Trindade e que apresentou arcos bastante convincentes, sem mencionar os protagonistas que foram muito bem trabalhados ao longo das duas temporadas. Para piorar a situação daqueles que gostaram de acompanhar a animação, Bruce Timm nos deixa com um final em aberto, sugerindo uma possível continuação (coisa que, na certa, nunca vai ocorrer).

Ainda assim estamos diante de uma produção decente inspirada no melhor que o universo do Lanterna Verde tem para nos oferecer. Claro que precisamos levar em consideração o fato da animação ser voltada para um público mais jovem, sendo assim, alguns elementos tiveram de ser modificados/adaptados para que fosse possível atingir a faixa etária desejada, por exemplo: Atrocitus ganhou uma aparência menos ameaçadora (comparado com sua versão dos quadrinhos); os Lanternas Vermelhos não cospem sangue/plasma pela boca; As Safiras ganharam trajes um pouco mais compostos e menos reveladores … Mudanças essas que não comprometem em nada a qualidade da narrativa.

Não esquecendo das diversas referências a outros elementos pertencentes ao Universo DC, até mesmo os Thanagarianos fazem uma participação em um dos episódios da primeira temporada. Por fim fica a minha recomendação para todos aqueles que são fãs do Lanterna Verde e que estão interessados em conhecer um material um tanto quanto diferente sobre o mesmo, também é uma produção recomendada para aqueles que estão interessados em elementos sem conexão com a Trindade.

Lanterna Verde: A Série Animada (Green Lantern: The Animated Series – EUA)

Exibição : 03 de Março de 2012 – 16 de Março de 2013

Nº de Episódios : 26

Duração : 22 minutos por episódio

Produtores : Bruce Timm, Giancarlo Volpe e Jim Krieg

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