Crítica | American Horror Story: Freak Show (2014)

A quarta temporada foi esperada com certa ansiedade pelos fãs. Além do tema muito interessante, contar a história de um circo de pessoas deformadas em Júpiter na Flórida, Ryan Murphy já admitiu muitas que é um grande fã do filme “Freaks”, óbvia inspiração para a temporada. A cada material promocional a expectativa estava crescendo para que o resultado final fosse…decepcionante.

Nessa temporada o espectador acompanha as irmãs siamesas Bette e Dot que, por conta de um crime em sua casa, foram obrigadas a participar de um circo de aberrações na Flórida. Nesse circo, comandado por Elsa Mars, as aberrações (chamadas de freaks) formaram uma família onde o principal representante  é  Jimmy Darling – O Homem com as Mãos de Caranguejo. Durante a sua estadia nesse circo muitas coisas estranhas vem acontecendo, principalmente com o surgimento de um estranho psicopata vestido de palhaço.

Um dos principais problemas em relação a essa temporada é que a história nunca sabe para onde quer ir, cheia de personagens desconexos com a trama ou sem desenvolvimento. Vários personagens também são mortos de forma repentina na temporada com o espectador não se relacionando com eles de forma correta. O melhor exemplo que se pode dar sobre isso é como o roteiro tratou Twisty – O Palhaço. Um personagem com um visual aterrorizante que prometeu muito ao longo dos episódios, mas acabou sendo descartado antes da metade da temporada. Em 13 episódios, a história não foi divida certamente com vários episódios servindo como fillers.

Também é questionável o uso de muitos números musicais durante a trama que não reforçam em nada à narrativa e tal tempo gasto poderia ser utilizado para desenvolver melhor certos personagens, como Ethel – A Mulher Barbuda, que é de longe a personagem menos interessante de Kathy Bates durante a série, mesmo que a atriz se esforce e consiga um trabalho notável, o roteiro não a ajuda. Essas músicas ainda adicionam um grave erro no roteiro já que a temporada se passa em meados de 1950 e há canções como “Life On Mars” (1971) e “Gods and Monsters” (2012).

Mas se tem uma coisa que “American Horror Story” não falha em nenhuma temporada, é na escolha de seu elenco. Jessica Lange está ótima no papel da dona do circo Elsa Mars, o seu último papel na série até agora; Sarah Paulson é um outro destaque como as gêmeas siamesas Bette e Dot; Evan Peters está bem como Jim Darling, mas o roteiro não desenvolve o seu personagem tão bem; Angela Basset está ótima e contracena muito bem com o resto do elenco, porém sua personagem Desiree Dupree (a mulher dos três seios) sofre com o mesmo problema dos personagens de Bates e Peters.

Finn Witrock também está ótimo na temporada, mas o seu personagem Dandy Mott é irritante no maior nível imaginado. O espectador pode ficar com raiva de tão insuportável que é o seu personagem. O resto do elenco consegue se destacar em algumas cenas, como o caso de Michael Chiklis, Emma Roberts e Frances Conroy; mas são capazes de muito mais. Lily Rabe (que ao lado de Peters e Paulson, é uma das poucas que apareceram em todas as temporadas), Matt Bomer e Neil Patrick Harris fazem algumas pontas na temporada, mas a única realmente memorável é a de Lily, mas apenas por reprisar uma papel feito na segunda temporada.

No último episódio, o roteiro se vê cercado por todas as suas tramas sem fim e toma a pior decisão possível para a temporada (quem viu o último episódio saberá do que eu estou falando). Uma decisão covarde que desmereceu vários personagens. Nos aspectos técnicos, a temporada acerta muito, principalmente com o figurino e a maquiagem. Outro fator positivo foi a escolha de atores que sofrem com deformações, dando mais verossimilhança a temporada. Se o espectador pensa que os freaks da série eram atores com maquiagem, não são. O episódio “Orphans” da temporada é muito triste mostrando todo o preconceito que os freaks sofriam sendo um dos poucos episódios que transmite o que temporada queria passar. A abertura dessa temporada também foi a mais fraca nem se comparando ao nível de estranheza que as das temporadas passadas traziam.

American Horror Story: Freak Show” acabou sendo a temporada mais decepcionante da série.  Com personagens mal desenvolvidos, uma trama que não sabia para onde queria ir, atores pouco aproveitados e se destacando mais nos seus aspectos técnicos. A despedida de Jessica Lange da série, infelizmente, não foi o que todos esperavam. Todo fã esperava que ela retorne em breve para “American Horror Story”.

Título Original: “American Horror Story: Freak Show” (2014)

Direção: Ryan Murphy, Alfonso Gomez-Rejon, Michael Uppendahl, Howard Deutch, Anthony Hemingway, Bradley Buecker, Loni Peristere, Michael Goi

Roteiro: Ryan Murphy, Brad Falchuk, Tim Minear, James Wong, Jennifer Salt, Jessica Sharzer, John J. Gray, Crystal Liu e Todd Kubrak (supervisão)

Elenco: Sarah Paulson, Jessica Lange, Lily Rabe, Evan Peters, Emma Roberts, Denis O´Hare, Angela Basset, Kathy Bates, Wes Bentley, Neil Patrick Harris, Finn Wittrock, Naomi Grossman, Matt Bomer, Frances Conroy

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