Crítica | American Horror Story: Hotel (2015)

A quinta temporada de “American Horror Story” foi aguardada com uma espécie de alegria e temor pelos fãs. Alegria, pois Ryan Murphy disse que se inspirou muito em histórias de terror com hotéis mal-assombrados o que já despertou o interesse de vários. O temor veio com a notícia da saída de Jessica Lange no elenco. Vencedora de dois prêmios Emmy pelos seus papéis na série, a atriz era uma das favoritas do público e a notícia de sua saída não foi muito bem recebida com muitos ainda torcendo por sua revolta. E algo que serviu para aumentar ainda mais o sentimento de temor, foi a escalação da cantora Lady Gaga em um dos papéis principais. O primeiro pensamento que veio era se ela era capaz de atuar decentemente, mas se fosse para listar os problemas que “American Horror Story: Hotel” sofre, a cantora nem seria um deles.

Nessa temporada, o espectador acompanha o policial John Lowe que está investigando o misterioso caso do “Ten Commandments Killer”, um assassino que já fez várias vítimas com seus assassinatos fazendo apologias aos dez mandamentos. O personagem sofre com a estabilidade de seu relacionamento, algo que piorou muito após o desaparecimento do seu filho Holden, e acaba se mudando para um misterioso hotel na cidade para poder investigar o caso. O estabelecimento é de uma antiga e misteriosa Condessa. Desde o seu primeiro dia nesse estabelecimento, ele percebe que há algo de errado.

Desde o seu primeiro episódio, a série mostra que não está de brincadeira em relação a violência e o sexo. Sangue e mais sangue são derramados ao longo dos doze episódios da temporada com no já citado primeiro episódio ocorrendo uma mistura de uma orgia, assassinato e litros de sangue. Agora surge a pergunta: “É necessário toda essa quantidade de gore e sexo na história?”. Não. Tudo isso serve como uma violência gratuita que serve apenas para chocar o espectador, parece que os produtores se focaram mais em como chocar o espectador do que desenvolver certos arcos narrativos de vários personagens.

O mistério que alavanca a trama é desinteressante com várias situações clichês, nunca atraindo o interesse do espectador. E a revelação de quem seria o tal assassino, além de óbvia, foi feita de maneira muito apressada, assim como a maioria dos arcos narrativos nessa temporada terminam. O roteiro não soube distribuir a história e o resultado se vê nos episódios onde alguns se encontram muito arrastados, outros servem como fillers e alguns servindo para encerrar arcos de forma brusca.

O elenco está de parabéns mais uma vez. Kathy Bates e Denis O´Hare estão extremamente carismáticos como Iris e Liz, respectivamente. Sarah Paulson como a viciada Sally está sensacional, sendo a melhor personagem de toda a temporada. Evan Peters está extremamente psicótico como o assassino Edward March roubando todas as cenas em que ele aparece. Wes Bentley está regular, sofrendo com uma direção problemática em alguns episódios. Matt Bomer e Angela Basset estão ótimos, mas seus personagens são poucos desenvolvidos e muitas vezes esquecidos. Finn Wittrock é outro que está muito bem no elenco atuando como dois personagens.

E a Gaga? A cantora se mostra apenas regular no primeiro episódio tendo uma evolução constante ao longo da temporada. Gaga tem até potencial mesmo que a saída de Jessica Lange seja uma perda quase insuperável. Sua personagem foi inspirada na condessa irlandesa Isabel Bathory que é envolvida numa série de assassinatos, lendas contam que ela se banhava no sangue de suas vítimas para ficar mais jovem. A Condessa Elizabeth é uma figura com um passado nebuloso que é revelado aos poucos ao longo da temporada.

Um aspecto positivo da quinta temporada é o seu design de produção. Os ambientes, principalmente o Hotel Cortez, possuem uma estética muito atraente e o lugar mal assombrado é muito bem explorado. Os últimos episódios apresentam uma subida considerável em relação a qualidade terminando de uma forma boa a temporada se distanciando da irregularidade que ela apresentava em sua metade que não conseguia cativar o espectador. A abertura dessa temporada, assim como ela ao todo, trouxe algumas referências a temporadas anteriores:

“American Horror Story: Hotel” foi uma temporada de nível razoável para baixo dentre as temporadas da série. Contando com uma estética atraente, um ótimo elenco e um ambiente assustador, mas com um exagero no gore e nas cenas de excesso e problemas narrativos, a temporada pode ser pulada para aqueles que pretendem começar a série. Se tivesse que resumir a temporada, bastariam poucas palavras: Muito sexo e sangue.

Título Original: “American Horror Story: Hotel” (2015)

Direção: Ryan Murphy, Bradley Buecker, Loni Peristere, Michael Goi, Michael Uppendahl

Roteiro: Ryan Murphy, Brad Falchuk, Tim Minear, James Wong, Jennifer Salt, Ned Martel, John J. Gray, Crystal Liu

Elenco: Sarah Paulson, Kathy Bates, Wes Bentley, Lady Gaga, Denis O`Hare, Chloë Sevingy, Matt Bomer, Evan Peters, Angela Basset, Cheyenne Jackson

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