Lista | Mestre do Cinema #4: Filmes para conhecer Martin Scorsese

Saudações Geeks! O Mestres do Cinema de hoje é sobre aquele que talvez seja o mais talentoso cineasta em atividade hoje e com certeza um dos maiores nomes do cinema mundial de todos os tempos: Martin Scorsese!

Martin Scorsese

Descendente de sicilianos, Martin Charles Scorsese nasceu em 17 de novembro de 1942 no Queens, Nova York, onde passou os primeiros anos de vida mas, antes de começar a escola, Martin e sua família se mudaram para Little Italy, Manhattan. Seu problema de asma na infância não permitia que Scorsese praticasse esportes ou outra atividade física, e por isso seus pais e seu irmão mais velho o levavam frequentemente para ver filmes o que deu início à paixão de Scorsese pelo cinema. Entretanto, Scorsese queria inicialmente ser padre e mesmo tendo seguido outro caminho, muitos dos seus filmes carregam sua devoção pela fé católica (como no mais recente, Silence).

Nos anos 60, Scorsese frequentou a Escola de Cinema da Universidade de Nova York onde fez diversos curtas-metragens, sendo o mais famoso deles The Big Shave de 1967, um curta sobre o envolvimento dos EUA na Guerra do Vietnã com participação do ator Peter Bernuth. No mesmo ano, Scorsese fez seu primeiro filme em longa-metragem: I Call First (que depois seria rebatizado de Who’s That Knocking at My Door) com seu colega de universidade e ator Harvey Keitel e a editora Thelma Schoomaker, que se tornariam frequentes colaboradores em suas futuras produções.

Nos anos 70, Scorsese fez parte da geração que revitalizou o cinema norte-americano que vivia uma crise financeira e criativa. Esse movimento, chamado de “Nova Hollywood”, tinha além de Scorsese nomes como Francis Ford Coppola, Brian De Palma, William Friedkin, Peter Bogdanovich, Steven Spielberg e George Lucas. Foi De Palma que apresentou para Scorsese o ator Robert De Niro, que se tornaria o ator favorito de Scorsese em seus filmes. Scorsese começou essa fase da carreira como diretor assistente e um dos editores do documentário Woodstock em 1970 e conheceu o ator-diretor John Cassavetes que se tornaria um grande amigo e mentor de Scorsese.

Em 1972, Scorsese fez o filme B Boxcar Bertha junto com o produtor Roger Corman, o mesmo que também ajudou a lançar a carreira de Coppola, e foi Corman quem ensinou a Scorsese que bons filmes podiam ser feitos sem gastar montanhas de dinheiro e sem precisar de tanto tempo. Foi com esse ensinamento que Scorsese lançou no ano seguinte o filme Mean Streets (1973), seu primeiro sucesso de crítica e que no Brasil ganhou o título de Caminhos Perigosos. Em seguida Scorsese foi a escolha pessoal da atriz Ellen Burstyn para dirigi-la no filme Alice Doesn’t Live Here Anymore de 1974, o que valeu o Oscar de Melhor Atriz para ela.

Apesar do prestigio de Alice Doesn’t Live Here Anymore, o filme foi algo tematicamente distante do estilo de Scorsese assim como foi um trabalho onde o diretor não teve tanta liberdade criativa. Depois dele, Scorsese decidiu que aceitaria apenas trabalhos com os quais se identificasse. O resultado disso veio logo em seu filme seguinte: o estupendo Taxi Driver de 1976 que alçou definitivamente o nome Martin Scorsese à categoria dos cineastas de primeiro escalão.

Atualmente com 74 anos, Martin Scorsese continua a todo vapor e ostenta uma filmografia com mais de 30 filmes, além de documentários e séries de TV. Em 50 anos de carreira, o cineasta já faturou alguns dos prêmios mais importantes do cinema como Oscar, BAFTA, Cannes e Globos de Ouro (e muitos, como eu, acham que ele ainda ganhou menos prêmios do que merecia) e é considerado uma verdadeira lenda viva do cinema norte-americano. É difícil achar algum fã de cinema que não conheça Martin Scorsese mas, para aqueles que ainda não conhecem, aqui vai uma “mini-lista” com três filmes do cineasta para conhecer e se familiarizar com o estilo do célebre carcamano.

1 – Caminhos Perigosos (Mean Streets, 1973)

Caminhos Perigosos é um dos primeiros filmes de Martin Scorsese. Lançado em 1973, o filme marca o início da longa e aclamada parceria de Scorsese com o ator Robert De Niro além de contar ainda no elenco com nomes como Harvey Keitel, David Proval, Richard Romanus e o próprio Martin Scorsese que também faz uma ponta no filme. Caminhos Perigosos é centrado em Charlie Cappa (Harvey Keitel), um italo-americano, sobrinho de um grande mafioso, que ambiciona crescer no submundo de Little Italy em Manhattan.

Entretanto, Charlie vive atormentado pelo conflito de sua devoção católica com suas ambições mafiosas. Para piorar, Charlie tem que tomar conta de Johnny Boy (Robert De Niro), um jovem revoltado, agressivo e sem escrúpulos cujas ações inconsequentes colocam em risco não apenas si próprio mas também a vida de Charlie e sua reputação.

Em Caminhos Perigosos, Scorsese relata o cotidiano de indivíduos quem vivem a realidade violenta do subúrbio das grandes cidades americanas, além de fazer um retrato visceral da Little Italy onde passou a infância e crescera, dando ao filme também um tom auto-biográfico. Muitos dos elementos que se tornariam a marca registrada do estilo de Scorsese estão presentes no filme: a violência sangrenta, a abordagem da culpa e redenção católica, edição rápida, atmosfera densa e estilo de direção “das ruas”. Atualmente, comparando com seus outros filmes feitos posteriormente, muitos fãs tendem a ver Caminhos Perigosos como “um Scorsese menor”. Se isso é verdade, quem dera se todos os diretores começassem tão “pequenos” assim.

2 – Taxi Driver (1976)

Quando Martin Scorsese foi reconhecido como gênio. Taxi Driver recebeu 4 indicações ao Oscar nas categorias de Melhor Ator para Robert De Niro, Melhor Atriz Coadjuvante para Jodie Foster (que tinha apenas 13 anos na época do filme) Melhor Musica e Melhor Filme, além de ganhar a Palma de Ouro no Festival de Cannes de 1976, o principal prêmio do prestigiadíssimo festival e considerado por muitos cineastas um prêmio com prestigio e relevância maior do que o próprio Oscar. Não à toa, o filme foi selecionado para preservação pela National Film Registry da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos por ser considerado “histórico, cultural e artisticamente importante”

Taxi Driver segue a história de Travis Bickle (De Niro no auge da carreira), um jovem de 26 anos frustado e revoltado que alega ter sido dispensado do Corpo de Fuzileiros Navais e combatido na Guerra do Vietnã. Travis consegue um emprego de taxista em Nova York e, por sofrer de insônia, escolhe trabalhar no turno da madrugada.  Rodando com seu taxi pelas ruas da “Big Apple”, a revolta de Travis vai crescendo ao observar tudo aquilo que ele considera a escoria da humanidade inundando a cidade: prostituas, cafetões, usuários de drogas, vagabundos e homossexuais.Racista, sexista e violento, Travis só enxerga sujeira por todos os lados e em si próprio e acredita ser seu destino purificar não apenas a si mesmo mas também toda a cidade.

Em Taxi Driver, Scorsese cria seu sombrio pesadelo urbano de um homem solitário, com uma vida miserável, indo em direção à insanidade e faz seu retrato visceral da vida noturna da Nova York dos anos 70. Uma obra  que te cativa a cada segundo e praticamente perfeita em todos os aspectos, seja na direção unica e inigualável de Scorsese, no roteiro espetacular escrito por Paul Schrader, na trilha sonora perfeita do mestre Bernard Herrmann (que morreria logo depois, sendo este seu ultimo trabalho), na cinematografia marcante de Michael Chapman e, claro, na atuação magistral de De Niro como Travis Bickle cujo ponto alto é, sem dúvida, uma das cenas mais icônicas do cinema (e feita no mais simples improviso do ator)

Sério, apenas desfrutem:

3 – Os Bons Companheiros (GoodFellas, 1990)

Os Bons Companheiros é um filme de 1990 com elenco formado por Ray Liotta, Robert De Niro, Joe Pesci, Lorraine Bracco e Paul Sorvino. O filme acompanha a ascensão e queda de três gangsters ao longo de três décadas e é baseado no livro de não-ficção Wiseguy escrito por Nicholas Pileggi (que também co-escreveu o roteiro do filme ao lado de Scorsese). Os Bons Companheiros é um dos filmes mais celebrados e aclamados de Scorsese, tendo recebido seis indicações ao Oscar, entre elas as de Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Ator Coadjuvante vencida por Joe Pesci.

Os Bons Companheiros é centrado no personagem Henry Hill (Ray Liotta na melhor atuação da carreira) que desde jovem sonhava em se torna um gangster membro da máfia para não ser mais um “ninguém” da sociedade. Em sua caminhada para se torna um mafioso de respeito, Henry conhece e se associa com Jimmy Conway (Robert De Niro soberbo mais uma vez) e Tommy DeVito (Joe Pesci inspiradíssimo). Juntos, os três passam os anos seguintes faturando alto com roubos e tráfico, além de gastarem igualmente alto em luxosas noitadas e assassinarem quem ousa entrar em seus caminhos.

Não é exagero dizer que Os Bons Companheiros é “O Poderoso Chefão” de Martin Scorsese, nem que para muitos fãs o filme é o melhor já feito sobre a máfia superando, inclusive, o clássico de Coppola. Mais uma vez, Scorsese mostra como é mestre nessa temática nos mostrando de forma crua e real o modo de vida da máfia com seus laços de companheirismo, amizade e lealdade mas também com sua violência e crueldade que a torna tão atrativa para homens sanguinários capazes de atirar e matar por pura diversão.

É essa abordagem mais “real” de Scorsese que destaca o filme entre as outras produções do meio. O estilo de direção Scorsese, conduzindo a camera de forma quase documental, aliada com essa autenticidade do roteiro e das atuações (destaque para Joe Pesci e sua atuação furiosa como Tommy DeVito que lhe valeu merecidamente o Oscar) que faz parecer que assistir Os Bons Companheiros é assistir um documentário e que aquelas pessoas são mafiosos de verdade e que todos os roubos e mortes vistos estão acontecendo de verdade. Sem duvida, é algo que tem que ser assistido.

Vai mais um filmaço aí ou tá bom pra vocês?

É isso aí Geeks! Espero que tenham gostado do post! Não deixem de comentar o que vocês acham sobre esse cineasta da porra que é Martin Scorsese e quais filmes vocês já assistiram e mais gostam dele! Forte abraço e até a próxima!

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