Resenha | A Voz do Silêncio (Koe no katachi)

Ultimamente os consumidores de quadrinhos e mangas tem visto muitos temas delicados ganhando espaço em obras que tentam refletir ou analisar problemas reais e cotidianos.

”A Voz do Silêncio” (koe no katachi), escrito e desenhado pela Yoshitoki Oima , foi originalmente publicado em 2013 em uma revista de gênero Shonen, aonde é esperado tramas de lutas como Dragon Ball ou alguma competição como Bakuman, porém a Voz Do Silencio se encaixa fácil em um drama, romance ou Slice of Life.

Nesse ano de 2017, A Voz do silencio, ganhou seu lançamento brasileiro e chega acrescentando não só as prateleiras de obras reflexivas, mas também as de ótimas leituras, fugindo de qualquer clichê ou superficialidade que poderia se esperar desse manga.

Na história, Shoya Ishida, é um delinquente e Bully do ensino fundamental que tem como alvo a nova aluna surda da escola, Shouko. O desenvolvimento de personagem dele foge do típico valentão clichê que rouba dinheiro do lanche e está mais pra um garoto que ridiculariza qualquer aspecto da invalidez da garota surda e incentiva todos os outros colegas de sala a fazer a mesma coisa.

Conforme as “brincadeiras” de Shoya começam a passar dos limites, a obra faz com que o leitor sinta e entenda toda a injustiça que Shouko sofre.
Esse sentimento é ainda mais acentuado pelas reações da garota, que sempre pede desculpas aos colegas e diz que só quer fazer amigos (tudo isso por meio de um caderninho que ela usa pra se comunicar).

As torturas contra a garota se tornam caso de polícia, fazendo com que ela mude de escola e o diretor procure por um culpado na classe, que não hesita em denunciar os horríveis atos de Shoya.

Nesse ponto os papéis mudam e Shoya se vê sozinho, excluído e culpado. Ninguém o quer por perto por ser uma pessoa ruim e é assim que ele passa os próximos 6 anos da sua vida até o colegial.
Depois de todo esse tempo sozinho, Shoya pensa em se suicidar, mas antes quer encarar Shouko para se desculpar. E é a partir dessa tentativa de redenção que os próximos volumes e continuação da história se desenrolam.

A arte também é um grande atrativo do manga, que além de traços modernos (porém sólidos e belos), também abusa de simbolismos e painéis diferenciados pra demonstrar alguns sentimentos dos protagonistas.

A edição brasileira ficou por conta da editora NewPop, que entregou um material muito bom. A capa está numa boa condição, transparência e qualidade do papel não compromete a leitura e a tradução não tem nenhum deslize perceptível aos olhos de um mero consumidor como eu. A quem interessar, o primeiro volume está disponível em livrarias e lojas especializadas.

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