Crítica | No Limite do Amanhã (2014)

A viagem  no tempo é um tema recorrente nas ficções científicas no cinema. Mas esse conceito sempre é explorado de formas diferentes, variando de roteirista para roteirista. No Limite do Amanhã já utiliza o tema de forma interessante. O filme é uma adaptação de um mangá famoso no japão, chamado ”All You Need Is Kill”.

“No Limite do Amanhã” conta a história do soldado Cage (Tom Cruise) que vive numa Terra futurística onde os humanos estão em guerra com os alienígenas. Um dia ele vai para a batalha e morre. Porém, ele acaba caindo numa fenda temporal e toda vez que ele morre naquele dia, ele acaba o vivendo novamente. Assim, ele com a ajuda de Rita (Emily Blunt) precisa montar uma estratégia para derrotar a raça alienígena antes que seja tarde demais.

Neste futuro distópico, alienígenas de consciência coletiva chamados Mímicos estão a ponto de dar sua tacada final contra a humanidade. Os humanos estão perdendo a guerra, até que eles inventam uma espécie de exoesqueleto que dá chance de luta para seus soldados. O Major Cage, sem qualquer experiência de combate, é forçado a ir para a frente de batalha de uma última empreitada contra a raça alienígena e para a morte certa.

O roteiro, na verdade, lembra um jogo de guerra. Afinal, em jogos deste tipo, é muito difícil de você morrer e voltar a um checkpoint e aprender com os seus erros que o levaram a morrer. É basicamente esse o conceito presente no longa, que de certa forma nos prende. A adaptação do roteiro feita por muitos argumentadores, Christopher McQuarrie, Jez Butterworth e John-Henry Butterworth, da história original de Hiroshi Sakurazaka  ficou até bem razoável.

A direção é de Doug Liman (“A Identidade Bourne“), trabalhou com planos belíssimos onde ele solta a câmera no ar e deixa ela levar o espectador a se emergir na ação.  O diretor se mostrou ousado e muito competente. A edição mantém o ritmo interessante, mesmo com inúmeras repetições de cada situação, percebe-se a passagem do tempo em detalhes como a exaustão apresentada pelo personagem. Tom Cruise mostra mais uma vez sua versatilidade no cinema. Ele com certeza não é o melhor ator de todos os tempos, mas nunca fez um personagem que não fosse possível acreditar e gostar. Mesmo quando exagera ou faz caras e bocas onde não deveria, tudo parece completamente humano e constrangedor, como se fosse parte das características do personagem e não falha de atuação.

Já a personagem vivida pela talentosa atriz Emily Blunt, a guerreira das Forças Especiais Rita Vrataski. Personagem este que pouco se conhece, mesmo sendo responsável por influenciar a toda uma nação com sua extrema eficiência e comprometimento na guerra contra os alienígenas. Mesmo sendo co-protagonista de toda a trama, Rita Vrataski quase não acrescenta em nada nos acontecimentos que existem no desenrolar da trama, ,está ali apenas para ser a responsável  pelo treinamento de William Cage.

O filme possui  referências visuais a ”Matrix Revolutions”  no embate armado, e a ”O Resgate do Soldado Ryan” na alocação praiana, no segundo ato de ambas as películas, a crítica social é subposta à ação. Enquanto que as naves, cenas de guerra, destruições e tiros são bem feitos, não podemos dizer o mesmo de algumas cenas envolvendo as coreografias com os trajes. É nítido a utilização de cabos , devido principalmente aos exoesqueletos serem robustos demais, nossa suspensão de descrença fica abalada com a artificialidade desses momentos.

No Limite do Amanhã é um bom exemplo de blockbuster que diverte sem subestimar o espectador. Não chega a ter um final de “explodir a cabeça”, mas é um final que faz pensar e discutir com outras pessoas sua opinião sobre o que de fato aconteceu.

No Limite do Amanhã (Edge of Tomorrow – EUA/Australia- 2014)  Duração: 113 min.

Direção: Doug Liman

Roteiro: Christopher McQuarrie, Jez Butterworth, John-Henry Butterworth

Elenco: Emily Blunt, Tom Cruise, Brendan Gleeson, Bill Paxton, Jonas Armstrong, Tony Way, Kick Gurry, Franz Drameh, Dragomir Mrsic, Charlotte Riley, Masayoshi Haneda, Terence Maynard, Noah Taylor, Lara Pulver, Madeleine Mantock

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