Filmado em míseros 18 dias, “Jogos Mortais” foi uma grande surpresa para o gênero. A franquia arrecadou no total milhares de dólares sendo a nova “moda” em relação ao gênero com um novo filme sendo lançado a cada ano. Os Jogos Mortais viraram basicamente um evento anual. E tudo isso foi graças ao grande sucesso do primeiro filme lançado em 2004.
Na história do filme, acompanhamos o Doutor Gordon e o fotógrafo Adam que acordam num banheiro, com seus pés presos, sem se lembrar de como foram parar lá. Mal eles sabem que estão em um jogo que pode custar a sua vida administrado pelo criminoso Jigsaw. Ao mesmo tempo, a polícia investiga tal criminoso que já fez várias vítimas em seus jogos.
O principal acerto do roteiro é como ele desenvolve a relação entre os dois participantes dos jogos de forma que eles começam a se conhecer e descobrir como a vida deles está interligadas. Partes de suas vidas são reveladas pouco a pouco estabelecendo o interesse do espectador na trama do filme. Enquanto isso, a parte da investigação policial é mais arrastada que de vez em quando oferece interesse na trama do filme. Os flashbacks são bem utilizados no começo, porém para o meio do filme eles começam a ficar muito famigerados.
As armadilhas são bem pensadas nesse filme sempre exigindo um “sacrifício” máximo dos jogadores, como é exemplificado pela frase do Jigsaw a partir do segundo filme:”O quanto de sangue você daria para continuar vivo?”. A mais interessante delas sem dúvida é a “armadilha de urso ao contrario” que virou um ícone na franquia. O espectador pensa em todas as situações possíveis para o personagem sair daquela situação e uma é pior que a outra, precisando de cada vez mais sangue para sobreviver. E ao contrário do que muitos pensam, esse filme é o que tem menos gore de toda a franquia. Na série “Jogos Mortais” o gore foi se transformando em algo cada vez mais frequente.
O assassino Jigsaw segue uma lógica completamente psicótica onde ele oferece uma “recuperação imediata” para aqueles que não aproveitam as dádivas da vida e as desperdiçam em vícios, no trabalho ou fazendo mal a outras pessoas. Jigsaw age como se fosse um deus punitivo tendo controle de toda a situação. O seu boneco sentado na mini-bicicleta virou outro ícone da franquia assim como a sua frase: “I want to play a Game“.
No meio do longa, “Jogos Mortais” perde um pouco a sua força, graças a já citada investigação policial, mas recupera logo a sua força quando se aproxima de seu final onde o espectador que prestou atenção nos flashbacks poderá tentar montar todo o quebra-cabeça que move o filme. O que mais surpreende nesse filme é o seu final completamente inesperado que quebra todas as expectativas pensadas oferecendo uma conclusão desoladora para os participantes dos jogos doentios.
O elenco do filme está bem. Danny Glover, com pouco tempo de tela, consegue dar emoção suficiente ao trama sofrido pelo seiupersonagem graças ao Jigsaw e Cary Elwes está ótimo numa performance que expressa todo o medo e preocupação que o seu personagem sente. O destaque absoluto do elenco vai para Tobin Bell que esta excelente em seu papel. Outros que também estão bem são Michael Emerson e Shawnee Smith. A direção de James Wan é um dos grandes fatores que fazem o filme funcionar oferecendo tensão suficiente para os acontecimentos, algo que se perdeu com as sequências da franquia onde Wan atuou como produtor executivo do resto dos filmes. Não há aqui a preocupação nos famigerados jumpscares que, em grandes casos, servem para tentar assustar. A trilha sonora de Charlie Couser é outro fator positivo com o icônico tema da franquia.
Ano após ano, de 2004 a 2010, a franquia passou por inegáveis altos e baixos com filmes que prestavam atenção muito mais nas armadilhas do que a história em si, contudo o primeiro “Jogos Mortais” é um bom suspense policial que envolve o espectador em sua história com um final completamente inesperado. Caso queira descobrir como a franquia virou aquele grande sucesso ou sempre teve vontade de conferir um filme dela, o primeiro vale uma conferida.
Jogos Mortais (Saw, Estados Unidos – 2004), Duração: 105 minutos
Direção: James Wan
Roteiro: James Wan e Leigh Whannel.
Elenco: Cary Elwes, Danny Glover, Leigh Whannel, Monica Potter, Shawnee Smith, Tobin Bell.
Comments are closed.