Crítica | The Leftovers: 3° temporada

Como eu havia escrito aqui sobre as temporadas anteriores, a terceira temporada de The Leftovers marca o último ano da serie ,sendo assim o final das jornadas de todos os personagens.

Nesse terceiro ano, os acontecimentos ocorrem 3 após depois  dos acontecimentos ocorridos  da temporada anterior ,na qual passaram-se quase um ano depois da primeira temporada, e que no primeiro ano da serie passaram-se 3 anos depois do dia 14 outubro de 2011, nisso é impossível não fazer uma analogia religiosa.

‘’ Depois que Jesus Cristo arrebatar a Igreja, haverá aqui na terra um período de sete anos conhecido como tribulação. As “70 semanas” de Daniel, profetizadas em Daniel 9.24-27, são o referencial em que a tribulação ou a septuagésima semana acontece. A “semana” a respeito da qual Daniel escreve é interpretada pela maioria dos estudiosos de profecia como sendo uma “semana de anos”, ou seja, sete anos. (…) A tribulação é dividida em dois segmentos de três anos e meio e o principal propósito de Deus para ela é que seja um tempo de juízo. Ao mesmo tempo, a graça do evangelho será proclamada e finalmente seguida pelo reinado de 1000 anos de Cristo. “ 

Nisso é concluído ,que no último ano , foram sete depois do evento da Partida Repentina que ocorreu dia 14 de outubro de 2011. É interessante notar como a abordagem religiosa segue como principal gatilho para o desenvolvimento dos personagens ao longo da tempo, tanto que no primeiro episódio da serie, no qual todos os personagens situados agora em Jarden ,Texas,a famosa cidade chamada por ‘’Miracle’’, Matt vê em Kevin uma espécie de Messias, ou seja um novo Salvador.

Sabemos que todos nós temos uma crença, seja proposta por uma religião ,seita ou algo do tipo, ter fé é o que guia nós seres humanos, é o que nos faz ser os que somos. E ao longo da jornada final dos personagens ,é visto que a fé de cada um deles é questionada, encarar ela, ou deixar de acreditar pra seguir em frente é um caminho proposto nessa temporada.

Assim como segundo ano, Lindelof e Perrota não deixam de expandir as metáforas e simbologias tão características da serie, o suspense enigmático que mais uma vez prende o telespectador existe ,mas as nuances dramáticas são ainda mais intensas. Nessa temporada não há um episódio sequer que não seja focado nos personagens, todos seguem um ponto vista, e nisso a conexão sentimental que temos com cada um dos personagens é ainda mais acentuada.

O destino final de cada personagem é desenvolvido, e aqueles que mais ganharam evidencia nesse ultimo ano foram: Nora, Kevin ,Matt e Laurie, os outros personagens aparecem já tinham sido desenvolvido antes ou tiveram uma resolução menos complexa, mas isso em nenhum momento diminuiu a qualidade da temporada, pelo contrário fez com que nesse oitos episódios finais ,os quatros personagens fossem mais aprofundados e evitando assim as chamadas ‘’barrigas’’ de temporadas.

É importante salientar  que a subtrama de Kevin , o personagem central da historia possui um peso maior de acontecimentos, já que ele está ligado a muitos personagens principalmente a Nora sua namorada. O mais interessante é que a historia de amor dos dois personagem é colocada em evidencia nessa temporada, ambos começaram um romance alguns anos depois do  grande impacto do dia 14 de outubro, sendo assim ambos foram  marcados pela a perda ,dor e tristeza. Os dois  carregam em si conflitos internos não resolvidos que acabou por  mostrar ao longo da temporada o distanciamento entre eles.

Em outra subtrama da temporada, temos Laurie em que vemos em detalhes mais apurados os motivos que a levaram ao seu estado critico, a uma completa falta de fé e perseverança , isso coloca em cheque a questão central da série, Laurie diferentes dos outros não tem algo a acreditar , não tem uma crença a buscar, ela tentou isso com os Remanescentes Culpados, mas nem isso foi possível pra tirar o vazia de sua alma. Na subtrama de Matt, vem em contraponto a de Laurie, Matt é um homem de fé, no qual ele acredita cegamente nela, mas em o momento em que se encontra na sua vida, ele acha que sua fidelidade não foi o bastante e nem o suficiente para o seu Deus.

A temporada final da série, posso dizer que conseguiu fechar com louvor todo o desenvolvimentos dos personagens, nos catalisar e nos emergir no mundo deles e isso que fez de The Leftovers uma série espetacular, em nenhum momento ela falou dos que ‘’partiram’’ e sim dos que ficaram, e como conseguiram seguir a vida após esse acontecimento. Foi uma série humana acima de tudo, sem nunca ir além de megalomanias baratas que fosse além da sua abordagem dramática, na qual deixa evidente no seu episódio final , a resposta nunca esteve  naqueles que partiram e sim nos que ficaram. E assim me despeço de The Leftovers, uma das mais geniais séries criadas.

 

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