Crítica | O Babadook (2014)

É muito comum ver no gênero do terror, um filme que consiga dividir as opiniões do público. O famoso caso do filme ame ou odeie. Filmes como “A Bruxa” ou “Corrente do Malsão exemplos de tais obras. Longas que foram aclamados pela crítica, mas possuem uma reação moderada/média de público causada pela já citada polarização de opiniões. E outro exemplo para essa extensa safra é “O Babadook”, um filme de terror psicológico lançado em 2014 e foi o primeiro trabalho da diretora Jennifer Kent que teve trabalho para que financiassem o filme, conseguindo através de um Financiamento Coletivo.

O roteiro da própria Jennifer Kent trata da história de Amelia, uma mãe que sofre de insônia e ainda está emocionalmente fragilizada pela morte do seu marido, que ocorreu há sete anos, que faleceu enquanto leva-la ela para o hospital onde ela poderia realizar o parto de seu filho Samuel. A criança cresceu hiperativa e não possui quase nenhum amigo no colégio, pois todos o acham estranho. Samuel acredita fortemente que há monstros em sua casa e pretende proteger a sua mãe deles, mesmo com ela dizendo mil vezes que não existe tal criatura. Um dos hábitos de Amelia e Samuel como mãe e filho é de contar histórias antes de dormir e um dia Samuel escolhe um livro estranho, “Mr. Babadook”, que Amelia não se recorda de ter comprado para o garoto. O livro conta a história de uma criatura estranha que usas vestimentas pretas que cobrem quase todo o seu corpo. A criatura atende pelo nome de Babadook e bate três vezes para poder entrar na residência de alguém e caso essa permissão seja concedida, ele irá fazer a vida da pessoa um inferno. Samuel fica aterrorizado com o livro e começa a imaginar que a criatura é real e vai atacar a sua família.

O Babadook” é um terror psicológico de primeira! A diretora Jennifer Kent teve uma estreia surpreendente. Sua direção e roteiro permitem com que o espectador se sinta completamente conectado a personagem Amelia e sofrendo dos mesmos problemas dela. Sua paranoia crescente faz com que o espectador fique cada vez mais aflito numa experiência claustrofóbica. Não há descanso para as torturas psicológicas que Amelia sofre e, sendo assim, não há descanso algum para quem assiste resultando num cansaço mental. Os gritos e o desespero de Samuel ajudam a reforçar tal sentimento. A atmosfera criada é de se aplaudir, fornecendo uma imersão completa. Nos momentos finais do filme, o espectador já se sente completamente desgastado com o tudo o que aconteceu.

A história consegue prender a atenção do espectador desde o primeiro momento com um ritmo lento que mostra gradativamente a ameaça da figura do Babadook. Em falar no tal monstro, é preciso elogiar o excelente trabalho da produção na criação de sua figura. Os desenhos de Alex Juhasz, que serviu como ilustrador do livro, ficam presos em sua mente e o jogo de câmera realizado pela diretora é excelente. A câmera nunca foca completamente no Babadook fazendo com que o espectador não saiba de forma exata a sua aparência. Não apenas a sua aparência, mas também a sua história o que faz com que o nosso temor seja ainda maior.

O elenco basicamente se resume a atriz Essie Davis e o ator mirim Noah Wiseman. E os dois estão excelentes em seus papéis. Davis consegue deixar todo o relacionamento do espectador com a personagem mais fácil e faz de forma perfeita a transição emocional sofrida por Amelia. Wiseman, por outro lado, está extremamente irritante com os seus intermináveis gritos e sua choradeira infinita. E isso para o filme é perfeito e faz que entendamos a situação que a mãe passa em casa.

A habilidosa edição de Simon Njoo faz com o ritmo consiga de forma ainda melhor e a trilha sonora de Jed Kurzel é apavorante. O ato final eleva o senso de perigo a outro nível e a conclusão não podia ser mais bem pensada. Várias interpretações são abertas oferecendo uma nova visão sobre quem seria o Babadook e o que ele significa para os personagens do filme. E a voz utilizada no mostro consegue aterrorizar até a ponta da espinha do espectador.

                                                                            “Ba-ba-ba… dook! Dook! DOOOOOKH!

O Babadook” é um terror que já não se via há tempos. Um filme psicológico impecável que consegue se sobressair em todos os seus aspectos, mexendo com as expectativas do espectador e brincando de forma cruel com a mente dele. O filme é uma grande tortura, do bom jeito, que merece ser assistido. O diretor do clássico “O Exorcista“, William Friedkin, elogiou muito o filme dizendo o seguinte: “Eu nunca vi um filme mais assustador que O Babadook”. Para os que se assustam facilmente, melhor não ver de madrugada ou pode ter insônias que nem Amelia… Baba-ba...dook Dook!

Título Original: The Babadook (2014) – 93min

Direção: Jennifer Kent

Roteiro: Jennifer Kent

Elenco: Essie Davis, Noah Wiseman, Daniel Henshall, Hayley McElhinney, Barbara West, Chloe Hurn

Comments are closed.