Crítica | Lunar (2009)

Com um mero orçamento de U$ 5 milhões, “Lunar” dispensa os desenvolvimentos comuns, personagens rasos e desfechos previsíveis das últimas ficções científicas lançadas nos cinemas. A sua originalidade está em cada nova cena filmada por Duncan Jones, roteirizada por Nathan Parker e atuada por Sam Rockwell.

Há um cuidado na criação de pequenos detalhes que demonstram a preocupação de Sam em não se deixar abalar pela situação em que se encontra há 3 anos. A  fim de não se perder e nem se deixar perturbar pela monotonia visual da base. O drama de Sam, fico por conta de que há poucos dias de completar os 3 anos exigidos por seu contrato com a Lunar, é o foco principal de toda a história do filme. Quando fatos estranhos começam a ocorrer dentro e fora da base onde trabalha, interferindo em sua rotina, e levando-o a questionar até que ponto conseguiu preservar sua sanidade ao longo dos anos, é que a trama de Lunar engrena pra valer.

É fantástico o filme ter apenas um personagem. Isso é prova que o roteiro tem que ser no mínimo inteligente para suprir a falta de personagens e não deixar que ele fique entediante. Em termos técnicos, deve-se destacar ainda o notável trabalho da equipe de efeitos especiais, que recria com perfeição a superfície lunar, mesmo com o orçamento apertado.

O filme possui boa direção de Duncan Jones , que fez um trabalho técnico eficiente, é fundamental para um filme cujo foco está todo no protagonista que ele funcione, caso contrário, a trama toda desmoronaria. A direção de arte também reforça a solidão do protagonista com cenários onde predominam o branco e cinza uma linda fotografia criada por Gary Shaw.

Através de um personagem que o público identificará uma clara inspiração em “2001”. Gerty é uma espécie de cópia do computador HAL 9000 do longa de 1968. Os dois possuem as mesmas funções e até o mesmo jeito de falar, mas destoam quando o assunto é caráter, a inteligência artificial foi dublado por ninguém menos do que Kevin Spacey, que dar todo um diferencial.

O longa possui uma Inteligente  decisão tomada pelo roteirista, que  diluiu a solução do mistério ao longo do filme, ao invés de optar por explicá-lo de uma vez só no final, tentando surpreender através do choque. Há um plot twist na metade e outra grande reviravolta no desfecho do longa, adicionando um peso dramático enorme à história . Não há grandes revelações em Lunar, mas sim respostas que chegam a cada passo dado por Sam em busca de uma compreensão maior de sua condição. O roteiro também insere uma sutil crítica a exploração das grandes corporações sobre seus funcionários.

“Lunar” dispensa defesas ambientais clichês ou invasões alienígenas, mesmo que de caráter inverso. É feito para um público seleto, possuindo uma linguagem e estética que certamente  fará o filme sobreviver na mente dos verdadeiros fãs de ficção durante anos.

Lunar (Moon) – Reino Unido, 2009

Direção: Duncan Jones

Roteiro: Nathan Parker, Duncan Jones

Elenco: Sam Rockwell, Kevin Spacey, Dominique McElligott, Rosie Shaw, Adrienne Shaw, Kaya Scodelario, Benedict Wong, Matt Berry, Malcolm Stewart

Duração: 97 min

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