Crítica | Os Incríveis (2004)

Se você quer ver um filme bom do Quarteto Fantástico, sua única opção é “Os Incríveis”. Lançado em 2004, o filme mostra uma história totalmente original, porém, se inspirando em várias obras conhecidas do mundo dos quadrinhos.

E que obras seriam essas? Watchmen, graphic novel de Alan Moore e Dave Gibbons, e as histórias do já citado Quarteto Fantástico, grupo criado por Stan Lee e Jack Kirby. Mas é claro que outras histórias conhecidas podem ser “pescadas” ao longo do filme. Essa animação provou novamente que os melhores filmes de super-heróis são os que não foram baseados em algum personagem preexistente ou mesmo os famosos quadrinhos (alguns exemplos são RoboCop – O Policial do Futuro, Darkman – Vingança Sem Rosto e Corpo Fechado).

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A trama nos apresenta Roberto Pêra (Craig T. Nelson), que já foi o maior herói do planeta, salvando vidas e combatendo o mal todos os dias sob o codinome Sr. Incrível. Porém, após salvar um homem de se suicidar, ele é processado e condenado na Justiça. Uma série de processos seguintes faz com que o Governo tenha que desembolsar uma alta quantia para pagar as indenizações, o que faz com que a opinião pública se volte contra os super-heróis. Em reconhecimento aos serviços prestados, o Governo faz a eles uma oferta: que levem suas vidas como pessoas normais, sem demonstrar que possuem superpoderes, recebendo em troca uma pensão anual. Quinze anos depois, Roberto leva uma vida simples junto de sua esposa Helen (Holly Hunter), que foi a super-heroína Mulher-Elástica, e seus três filhos ( Violeta, Flecha e Zezé). Roberto agora trabalha em uma seguradora e luta para combater o tédio da vida de casado e o peso extra. Com vontade de retomar a vida de herói, ele tem a grande chance quando surge um comunicado misterioso, que o convida para uma missão secreta em uma ilha remota.

Há partir da sinopse, vemos que Os Incríveis não é uma animação boba ou simplista. o evento principal das ações judiciais contra os heróis aconteceu quando o Sr. Incrível impediu o homem de se suicidar.  Brad Bird escolheu um tema bem pesado que dá até mesmo um tom mais sombrio à trama, mesmo que ele seja deixado de segundo plano no andar da história. Outro momento fica por conta da marcante Edna Moda, em que é mostrado o que aconteceu com os heróis que usavam capas enquanto combatiam o crime (uma referência à morte de Dollar Bill em Watchmen).

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O filme mostra muito bem a vida “sem graça” do Sr. Incrível e rapidamente nos faz gostar dos personagens apresentados. A Violeta, com seus poderes de invisibilidade, é uma metáfora para o que muitos adolescentes desejam: ser invisíveis, sumir de tão tímidas ou tímidos,e a supervelocidade de Flecha representa o estado dos garotos de 10 anos, que não conseguem ficar parados sem fazer nada. Além disso, cada membro da família Pêra remete totalmente ao Quarteto Fantástico (o Flecha não tem os poderes do Tocha Humana, porém é o “esquentadinho” e impaciente do grupo).

Mais uma vez, os trabalhos de dublagem estão excelentes, com destaques para Craig T. Nelson, Holly HunterSamuel L. Jackson (sempre com sua voz marcante, fazendo o ex-super herói Frozone) e Brad Bird (que faz a voz de Edna Moda). Os Incríveis foi a primeira animação da Pixar com foco nos seres humanos, deixando brinquedos, animais e monstros de lado. A escolha, acertadíssima, foi criar caricaturas dos personagens, como o tamanho abrutalhado do Sr. Incrível, a elegância de Mulher Elástica,a magreza de Frozone, a “baixinha” Edna Moda e o visual meio infantil e meio nerd do vilão Síndrome.

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As cenas de ação, a cidade do filme, a Ilha do Síndrome, a casa da Família Pêra, tudo criado com muita personalidade e originalidade. A principal mensagem do filme é sobre valores familiares, mesmo em uma família de super-heróis, que também tem seus problemas. Até mesmo o escritor de quadrinhos Mark Millar (Guerra Civil, Authority, Velho Logan, Superman: Entre a Foice e o Martelo) adorou a animação.

Com toda a certeza, Os Incríveis é uma das melhores animações da Pixar já feitas. E espero que a sequência, que será lançada em 2019, seja no mesmo nível do primeiro filme.

Os Incríveis (The Incredibles, EUA – 2004)
Direção: Brad Bird
Roteiro: Brad Bird
Elenco: Craig T. Nelson, Holly Hunter, Samuel L. Jackson, Jason Lee, Dominique Louis, Eli Fucile, Spencer Fox, Sarah Vowell, Elizabeth Peña, Brad Bird
Duração: 115 min.

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