Crítica | Planeta dos Macacos: A Guerra

Em Planeta dos Macacos : A Guerra, o terceiro capítulo da aclamada franquia, César e seus macacos são forçados a um conflito mortal contra um exército de seres humanos liderados por um Coronel implacável.

O vírus da Gripe Símia continua a dizimar o planeta e poucos humanos restaram para lutar. César, o rei de uma tribo de macacos geneticamente modificados, é forçado a batalhar numa guerra da qual ele não quer participar. Diante do iminente ataque militar que poderá ser o fim de sua tribo, César decide, junto à sua família e demais companheiros, partir para uma região recém-descoberta, onde poderá recomeçar seu reinado em paz. Antes de ir, porém, decide vingar-se das mortes causadas pela tropa humana que o atacou.

Os dilemas morais de César e o peso de suas deliberações acabam sendo o tema central do filme. A todo momento, o protagonista se vê entre agir de acordo com sua vontade e ser líder e exemplo para seus descendentes. Dando relevância aos momentos de decisão e aprendizado, a direção acerta ao utilizar sempre um lento travelling que aproxima a câmera do rosto do protagonista, estabelecendo o impacto.

Apesar do subtítulo ‘’A Guerra’’, o diretor Matt Reeves optou para que acompanhemos os conflitos internos gerados pelos embates morais das duas espécies. Os símios são obrigados a decidir o destino de uma criança humana sobrevivente de uma batalha, a sequência, aliás, faz uma alusão a temática com o primeiro filme, quando o cientista Will Rodman (James Franco) se vê compelido a tomar conta de um César apenas bebê.  Agora, já adulto, ele se vê numa situação bem semelhante, apesar de estar sob um grau muito maior de pressão psicológica.

O roteiro infelizmente dá uns tropeços, acaba por trazer alguns equívocos, principalmente no terceiro ato, dentre esses “problemas” o mais grave é o arco do vilão, ele que não tem espaço suficiente para marcar sua figura maléfica dentro da trama. Mas isto é compensado pelo protagonista, com um brilhante trabalho de Andy Serkis. O ator é pioneiro na técnica de captura de movimentos, porém, ele o transcende com excelência. Suas expressões faciais e o olhar , a parte mais forte do personagem e, muito por isso, mérito de Serkis. O CGI está mais foto realística do que nunca, dando uma veracidade sem precedentes aos símios.

O filme ainda brinca com nossa percepção de mundo ao fazer interessantes críticas socioculturais por meio de alegorias. A base militar que mais parece um campo de concentração, por exemplo, traz cenas de tortura dos macacos ao som do hino nacional americano, funcionando tanto para criticar a visão imperialista norte-americana como para analisar a hipocrisia e a repetição dos mesmos erros ao longo da história da nossa civilização.

Planeta dos Macacos: A Guerra é um filme que não precisa pensar muito para entender o que está sendo passado. É um filme destinado às massas e, por isso, deixa clara a mensagem de que todas as pessoas são iguais, independentemente da cor, da raça ou classe social, não havendo nenhum tipo de inferioridade. É um dos casos raros no qual um blockbuster segue um caminho menos espalhafatoso, e se torna mais intimista.

Planeta dos Macacos: A Guerra (War for the Planet of the Apes) — EUA, 2017

Direção: Matt Reeves

Roteiro: Matt Reeves, Mark Bomback

Elenco: Andy Serkis, Woody Harrelson, Steve Zahn, Karin Konoval, Amiah Miller, Terry Notary, Ty Olosson, Gabriel Chavarria, Michael Adamthwaite

Duração: 140 min

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