Crítica | Justiça Jovem – 1ª e 2ª Temporada

Se tratando de animações de qualidade, o consenso geral é de que a DC Comics lidera com grande folga. Coisa que fica bastante evidente quando vamos analisar o extenso catálogo de séries animadas e animações de longa-metragem já feitos até o momento. Dentre as séries animadas bastante aclamadas pelo público temos: Batman, Superman, Liga da Justiça (e sua continuação – ‘Sem Limites‘), Batman do Futuro e Jovens Titãs.

No caso dos Jovens Titãs é seguro afirmar que uma grande parcela dos adolescentes e jovens adultos de hoje já tiveram contato com o desenho no longínquo ano de 2003, quando a animação foi lançada. A parte interessante é que, mesmo se tratando de uma animação voltada para o público infantil, os produtores fizeram um bom trabalho no geral. Percebemos isso em arcos específicos, como por exemplo ‘O Contrato de Judas‘, onde naturalmente o roteiro precisava ser um pouco mais sério.

Nos idos de 2009, Sam Register (vice-presidente executivo do setor criativo da WB) expressou seu desejo de produzirem uma animação que, assim como Jovens Titãs, fosse centrada em uma equipe de jovens heróis e que possuísse uma abordagem mais madura se comparada com a animação anterior. Rapidamente, Brandon Vietti e Greg Weisman (anteriormente envolvido com a animação ‘The Spetacular Spider-Man‘) se prontificaram a iniciar a produção da animação. Em pouco tempo a dupla conseguiu elaborar material suficiente para duas temporadas, tudo isso se baseando na HQ ‘Young Justice‘ que também deu nome para a série.

Em pouco tempo a Warner aprovou o projeto e, no começo de 2010, a primeira temporada da animação foi ao ar, com destaque especial para os dois episódios iniciais, ‘Independence Day‘ e ‘Fireworks‘, que foram exibidos como um especial de uma hora de duração. Logo com os dois primeiros episódios o espectador facilmente capta o teor da série bem como suas particularidades. Somos apresentados a Robin (Dick Grayson), Kid Flash (Wally West), Aqualad (Kaldur’ahm) e Speedy (Roy Harper – me recuso a chamá-lo de Ricardito :P) lutando ao lado de seus respectivos mentores, o assunto comentado por todos é o mesmo: “Hoje é o dia!” … pouco depois entendemos a razão para tanta euforia.

É chegada a hora dos mesmos receberem maior reconhecimento por suas ações como ‘ajudantes’ (ou sidekicks se preferirem). Infelizmente os quatro criaram expectativas demais com relação a tal acontecimento e o resultado foi uma discussão acalorada entre os ajudantes e seus mentores, coisa que piora ainda mais quando Roy, extremamente decepcionado, abandona o Arqueiro Verde e convida os outros a fazerem o mesmo.

Não demora até que a Liga tenha sua presença requisitada em dois cenários, um deles sendo um incêndio nas instalações do Projeto Cadmus e outro sendo o roubo de um artefato por Wotan que estava sendo usado para  bloquear a luz do Sol. Por questão de prioridades, Batman e os outros membros da Liga parte para combater Wotan e deixam seus protegidos no Palácio da Justiça … mal sabiam eles que seus ajudantes estavam determinados a provar seu valor por ajudarem a deter o incêndio sem o seu consentimento, tudo isso numa tentativa de provar seu valor.

A série é muito bem animada, com muitas lutas fluidas, é uma das mais bem animadas da DC Animation. Que atualmente vem dando umas escorregadas no aspecto técnico em seus filmes animados.  Justiça Jovem impressiona na qualidade de seus roteiros. A saudosa série do Batman dos anos 90  por exemplo, pautava-se em episódios isolados, como contos literários, mas Justiça Jovem tem uma mega-trama que abarca suas duas temporadas em uma rede crescente de mistérios.

Na primeira temporada, Kaldur’ahm (ou só Kaldur, o Aqualad), filho do vilão Arraia Negra, era o líder da equipe, mas agora ele se voltou contra seus companheiros e faz parte da Luz ao lado de seu pai, Ra’s Al Ghul, Vandal Savage e outros vilões. Quem assume a liderança dos heróis mirins é Dick Grayson, agora Asa Noturna, e que passou o manto do Robin para Tim Drake. Kid Flash e Artemis se “aposentam” dando lugar para novos integrantes, como Impulso, Besouro Azul e Super Choque. Muitos outros participam do time, como Batgirl, Mutano, Lagaan, Cyborg, Zatana, Ravena, porém como personagens não fixos.

A segunda temporada de Justiça Jovem recebeu o arco” Invasão” e se passa 5 anos após a primeira temporada. O subtítulo da nova fase já explica um pouco da trama. Resumidamente, um grupo alienígena chamado Expansão que se aliam ao grupo de vilões da primeira temporada, a Luz, para transformar os maiores heróis do planeta em criminosos intergalácticos.

Kaldur passa do líder dos jovens heróis para o traidor capaz de matar uma amiga, tudo para provar seu valor para o pai. Teve sua origem escondida por anos por seu mentor, Aquaman, e quando descobre de onde realmente veio, decide assumir seu posto como sucessor do Arraia Negra. O final da segunda temporada, apesar de não ser tão grandiosa quanto esperávamos, possui uma ótima season finale com 2 episódios, com reviravoltas, a morte de um herói e deixando pontas para uma nova temporada.

Justiça Jovem apesar de ser produzida para o canal Cartoon Network e com o intuito de vender brinquedos, possui uma história complexa e coerente. Alguns temas densos e a forma profunda como vários personagens são trabalhados ao longo das duas temporadas, transformaram a série em uma das melhores já produzidas pela DC/Warner.

Apesar do sucesso de crítica e de público, a série não agradou os executivos do Cartoon Network, que esperavam lucrar mais com os produtos relacionados ao desenho. Muitos bonecos da primeira temporada ficaram encalhados nas prateleiras das lojas e alguns planejados da segunda temporada nem foram lançados. A série foi cancelada, mas após há muitos pedidos dos fãs uma terceira temporada está prestes a estrear, para a felicidade do publico, mostrando a força dos fãs desta série incrível.

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