Crítica | O Labirinto de Kubrick

Quem não conhece “O Iluminado”, tanto a obra quanto o filme de 1980?  Tanto o livro como o filme de Kurbick são bastante reconhecidos e aclamados por vários.  O filme, por sinal, é envolto de todo o tipo de teorias que alguém pode imaginar. Teorias essas que vão desde que Kurbick falsificou ajudou a falsificar a chegada do homem à Lua até referências ao Nazismo. E é sobre essas teorias que o documentário Room 237 pretende falar ao longo de seus 102 minutos de duração.

Dirigido por Rodney Ascher,  o documentário é basicamente divido em nove partes que incluem teorias que, segundo os convidados (cinéfilos bastante atenciosos, ou fantasiosos), são parte de um significado ainda maior ao filme, onde até a lata de alimento colocada estrategicamente numa cena pode ser uma indicação que na verdade O Iluminado é uma história sobre o genocídio de nativos indígenas no Colorado. O que parece ser loucura, na verdade a chance de ser loucura é estratosférica, pode até ser algo interessante de se pensar.

“Então todas as teorias loucas que eu vi na internet sobre O Iluminado são reais?”. Não. Calma. Não por dois motivos. Primeiro porque é uma questão mais pessoal sobre você aceitar ou não algumas teorias como reais e, na opinião deste que vos escreve, há algumas que são um absurdo sem nexo, nada mais que coincidências realçadas.

                                              As partes mais interessantes

As melhores partes do documentário são justamente as inicias. A já citada referência ao massacre dos nativos, não que eu esteja defendendo que o filme é sobre isso, foi bastante interessante. Não apenas pelos supostos fatos que fortalecem a teoria para alguns, mas também por ver o quão atencioso foi esse cinéfilo ao analisar cada frame da obra. Depois o documentário avança para as teorias sobre os possíveis abusos sexuais que o garoto Danny sofreu com o seu pai (a fatídica revista playgirl que ele estava lendo no primeiro dia de trabalho fortalece esse pensamento, segundo o cinéfilo da vez).

O documentário também chama a atenção principalmente quando ele fala da estranheza do Hotel Overlook e da relação King e Kurbick em relação a adaptação. Os que viram com mais atenção o clássico filme, perceberão que o Hotel não faz sentido algum. Há quartos e corredores que não condizem com o tamanho do hotel, os passeios que o Danny faz em seu triciclo levam ele de um andar para o outro sem explicação, e,claro, a janela do escritório de Ullman que não tem explicação para estar lá. Enquanto a relação do King foi algo engraçado de pensar, quando se assume que tal hipótese seja verdadeira, em relação a “resposta” a King vinda de Kurbick sobre como ele iria adaptar a obra. Outra sacada muito interessante do documentário foi a referência ao Minotauro e como ela se repete em outros filme do Kurbick.

                                          As partes menos interessantes

O problema em Room 237 é quandoe ele resolve em supor demais. O exemplo perfeito disso é na parte em que ele fala sobre a missão de Apollo 11. Em nenhuma parte os argumentos sobre a relação de Kurbick com tal rumor ou como ele tentou explicar isso em O Iluminado convencem. Coincidências, algumas forçadas ao extremo, são colocadas juntos tentando persuadir o espectador a acatar tal teoria. Sem dúvida alguma, é a parte menos interessante e, infelizmente, uma das partes mais longas.

Outra derrapada do documentário é já próximo do seu final quando um dos cinéfilos coloca o inicio do filme sobreposto ao final tentando estabelecer uma conexão entre as cenas.  Se já não eramos convencido no Apollo 11, aqui somos ainda menos. Outra coincidência forçada que foi, provavelmente, posta só para “preencher” o documentário com teorias, por mais absurdas que possam parecer.

                                                          Conclusão

Room 237 começa como um estrondo já nos deixando empolgados para as maiores teorias que o incrível filme de Kurbick possa nos presentear. Infelizmente, sua qualidade fica em momentos de oscilação para que se encerre de uma maneira “frustante”, dependendo de cada um. Recomendado para os entusiastas do filme e os que possuem muita paciência. Digo algo: É praticamente impossível após terminar o documentário, não sair correndo para ver mais uma vez a obra atemporal de Stanley Kurbick e ver se consegue localizar cada referência.

Título Oroiginal: Room 237

Direção: Rodney Ascher

Produção: Tim Kirk

Elenco: Bill Blakemore ,Geoffrey Cocks, Juli Kearns, John Fell Ryan, Jay Weidner

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