Crítica | Inumanos: Partes 1 e 2 (IMAX)

Bom, para mim que nunca vi um filme sequer em IMAX, foi tremendo baque assistir Inumanos, tanto para o bem e para o mal. Tive que viajar da minha cidade para outro estado, Pernambuco-Recife, mais próximo do meu estado para ter esta experiência. O formato IMAX é conhecido por ser a melhor forma de se apreciar uma obra cinematográfica. A qualidade consegue, na maioria das vezes, aprimorar obras comuns, e que em sua maioria são documentários.

Como prometido está é uma versão especial dos dois episódios da primeira temporada da série, prevista para ser uma série de oito episódios, o ‘’filme’’ apesar de realmente usar toda a tela disponível, não mostra a que veio infelizmente. E não se tornou uma experiência sem precedentes, e sim algo ”chinfrim” digamos.Sorte minha por não ter tido altas expectativas.

Ao longo dos dois episódios, são frequentes os diálogos que causam vergonha alheia ao espectador, tudo culpa obviamente do Scott Buck, então ele merece o ”haterismo” que vem recebendo, desde a série Punho de Ferro. Os problemas do roteiro nada inspirado, resultam ainda em um enorme desequilíbrio no tom da série. Fica óbvio que não existe uma definição clara da direção . No qual o responsável foi Roel Reiné, que inclusive admitiu que foi contrato por saber fazer filmes baratos e rápido.

As melhores interpretações são de Iwan Rheon (Maximus) e Anson Mount (Raio Negro), que têm muito mais potencial do que lhes é permitido mostrar e é visível o esforço de ambos, mesmo que em alguns momentos sejam de vergonha alheia. No caso de Mount, é surpreendente vê-lo à vontade e, criando um Raio Negro mesmo que silenciosamente até um personagem divertido. Já Serinda Swan (Medusa), deixou um pouco a desejar, ela passa sim, em alguns momentos uma leve imponência, mas que não dura muito. É uma atriz que provavelmente precisa de uma boa direção para se guiar, e que acabou não tendo isto.

O governo do Raio Negro é baseado no que conhecemos em meritocracia, só que aqui, é baseado nos poderes adquiridos após a Terrigênese, e não no esforço. Se seus poderes são bons, você tem um bom lugar na sociedade, se são ruins, acabam  virando “coletores ou mineradores” e vive pra conseguir recursos. Então como os produtores falaram anteriormente, realmente a Família Real é a ”vilã” de Attilan, não é um governo justo basicamente. Aí que entra Maximus  que aparentemente quer um mundo mais justo, mas como sabemos ele é mal e não pensa antes de passar por cima de  qualquer um pra conseguir o que quer. Maximus incita que os Inumanos deveriam sair de seu confinado espaço e invadir a Terra. Armando assim um Golpe de Estado.

Os figurinos de baixa qualidade e os espaços interiores de Attilan, a cidade Inumana não é rica culturalmente falando, que a torne chamativa de alguma forma para o espectador. Os espaços interiores são sóbrios e é visível a falta de imaginação na arquitetura de uma sociedade isolada da humanidade que vive na Lua. Quem sofre especialmente com a produção pobre é a rainha Medusa, que está longe da classe esperada para a realeza. Deveriam ter sido inspirados fortemente na arte de Jack Kirby em vários aspectos, assim como Thor: Ragnarok , visto já nos trailers. É muito triste ver está falta de cuidado.

O famoso cabelo de Medusa está melhor do que o esperado nessa versão final, mas com alguma inconstância na sua qualidade entre diferentes cenas. Eles se focaram tanto nisso na melhora, que esqueceram de outras cenas, em certos momentos o Dentinho fica deslocado do cenário real e em outras bem inserido, o personagem só tem duas cenas boas, uma pena. Mas mesmo assim, o mascote da Família Real, é carismático como esperávamos que fosse, isso é um ponto positivo. E que poderá ser melhor desenvolvido mais para frente.

Ao passar pela Terrigênese, os Inumanos não criam aquele casulo mostrado em Agents of S.H.I.E.L.D. Existe um diálogo onde os personagens comentam o fato dos Inumanos de Attillan serem geneticamente mais puros que os Inumanos da Terra. É legal termos já está  conexão com a série, pois foi ela que apresentou primeiro os Inumanos, o evento do ”óleo de peixe” que espalhou terrígeno pelo mundo por sua vez não é ignorado. Triton (com aquela maquiagem horrivel), vai em busca de uma recém inumana que surgiu na terra, com a ajuda de Dentinho. Pois Raio Negro está ciente deste crescente surgimento de novos inumanos.

Algo que os fãs no fundo já esperavam são os ”nerfs” nos poderes dos personagens. Claramente uma escolha do Scott Buck para economizar dinheiro. Crystal que manipula os quatro elementos se tornou uma personagem tão limitada, vítima do roteiro, ao menos nesses dois episódios  não faz a menor diferença ela usá-los ou não. Medusa ao final acaba careca e não pode usar seu cabelo vivo ( e não é um spoiler, isto é visto nos teasers). Karnak não consegue mais usar seus poderes de encontrar o ponto fraco em tudo?! ( coisa que nos quadrinhos isso não o prejudica em nada… ). Gorgon que deveria ter um poder de destruição em um nível parecido com a da heroína ”Tremor” de  Agents of S.H.I.E.L.D, é bem modesto e o efeito prático em seus pés por cascos é até aceitável.

Compreendemos que os orçamentos das produções estão a quilômetros de distância uns dos outros, mas isso só assinala que este projeto não foi apoiado como devia. Foi a própria Marvel quem elevou o padrão de exigência dos seus fãs, e é ela quem é responsável por manter a coerência e qualidade do universo que criou. Por isso esta escolha de Marketing para a série de TV ser passada nas telas IMAX, foi um belo tiro no pé, teria sido uma escolha mais inteligente ter estreado logo na TV. Só esperamos que com os outros roteiristas e diretores que virão, os outros episódios restantes sejam superiores á estes dois apresentados.

  • A crítica é a respeito dos dois episódios exclusivos para IMAX, ainda não é a crítica completa da temporada.

Inumanos estreia na TV no dia 29 de setembro de 2017

Inumanos (Inhumans, EUA – 2017)

Showrunner: Scott Buck

Direção: Roel Reiné

Roteiro: Scott Buck

Elenco: Anson Mount, Iwan Rheon, Serinda Swan, Eme Ikwuakor, Isabelle Cornish, Ken Leung, Sonya Balmores, Mike Moh, V.I.P., Lofton Shaw

Duração: 75 min.

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