Crítica | House of Cards: 3ª e 4ª temporada

Uma das coisas mais interessantes de ver nas duas primeiras temporadas de House of Cards , era Frank Underwood no ataque. Na terceira temporada, segui-se um caminho oposto ao de defender-se. Mas o que não sabíamos é que o personagem só tinha inteligência o suficiente para atacar e que é até razoavelmente burro para se defender. Algo que deixou a temporada com um seguimento totalmente diferente do que fisgou o publico anteriormente.

Uma das coisas que mais decepcionou nessa temporada foi a falta de uso para a famosa “quebra da quarta parede” de Frank, uma das coisas mais divertidas da série foi completamente limada dela por diversos episódios seguidos e quando era usada não havia nenhum motivo para tal.

A temporada temporada começa com a surpreendente recuperação física de Doug Stamper (Michael Kelly), que no final da segunda temporada teve um destino nada feliz. O personagem passa por uma reconstrução completa e precisa resolver questões pendentes antes de voltar a servir os Underwood. Esse lado da trama afasta o lado político e possui um tom mais íntimo, novamente abordando assuntos como família e vícios.

Todos os personagens foram um pouco descaracterizados esse ano, até mesmo a purista e implacável Heather Dunbar, que era interessante justamente por ser incorruptível, cedeu e subornou Doug por 2 milhões para conseguir algo que destruiria a vida pública de Claire.

Um personagem é introduzido na trama um escritor chamado Tom Yates (Paul Sparks), que é contratado por Frank para publicar um livro biográfico que promova sua vida política antes da eleição. Em uma das cenas com o escritor temos o emblemático recurso da série em que o olhar de Spacey fixa na câmera e ele se comunica exclusivamente com o espectador. Nesta ocasião Frank dispara uma das frases de mais efeito da temporada ao dizer que nenhum escritor resiste a uma boa história.

A terceira temporada de House of Cards quebrou expectativas , não foi além do nível de qualidade das duas primeiras, mas não ficou aquém. O que se imaginava é que essa seria o último ano da série e que mostraria a derrocada de Frank Underwood, mostrou que a jornada dos Underwoods estaria longe do fim .

Quarta temporada:

No terceiro ano, aparentemente cansados de não conseguirem criar um vilão a altura de Frank e Claire, a série decidiu colocar um contra o outro, o que simplesmente não funcionou, em partes porque o maior charme da série é a relação entre os dois e também porque os dois são inteligentes demais para fazer o que fizeram.

Entretanto os novos personagens que mais brilham no ano são os vilões da vez, o governador de Nova York e candidato a presidente; Will Conway, interpretado por Joel Kinnaman de The Killing. Os Conway, a família completa, com esposa e filhos fofos, são os maiores rivais de Frank até então e são o foco da segunda metade e do segundo arco dessa temporada. Will e Hannah (interpretada por Dominique McElligott) Conway são o casal perfeito, divertidos, com ótimos filhos, ele é veterano de guerra e ela atualiza seu Instagram o dia inteiro. Ambos são adorados pelo público como os Underwood nunca serão, a única fraqueza de Will, como Frank diz, é ele não ser Democrata, ou ele “seria imparável”, Will até rebate que a de Frank é ele não ser Republicano.

Nesta temporada, mais uma grande história, que é a investigação de Lucas Goodwin (e depois Tom Hammerschmidt) sobre os crimes e conspirações de Underwood. Esse é um dos pontos principais da série, que acaba gerando consequências benéficas e maléficas ao mesmo tempo para os protagonistas.

Claire , assume os holofotes e não decepciona. Finalmente conhecemos mais detalhes sobre o passado de Claire e sua relação com a própria família, e esse é um arco bem trabalhado dentro da temporada. Além disso, a personagem, agora separada de Underwood, tem seus próprios objetivos para cumprir. A atuação de Robin Wright é simplesmente espetacular nessa temporada, seja nos momentos de manipulação, seja nos diálogos, seja nos momentos difíceis.

O resultado disso foi que a qualidade da temporada em si não foi tao boa quanto a das anteriores, e, dentro da série, que os Underwood deixaram de ser um só, com Claire dizendo que estava deixando Francis. Fora isso, no lado político, Heather Dunbar parecia ser uma oponente que colocaria a candidatura de Francis à presidência dos EUA em sério risco.

Impressionante como a temporada retratou a atualidade, tanto na política quanto no terrorismo. Parece que a temporada foi inspirada na política atual brasileira, que acompanhamos diariamente nossos governantes fazerem de tudo para se manterem no poder. A temporada termina que, independente de quem vencerá ou não eleição, o caminho que os personagens percorrem para chegar até ela são tão ou mais empolgantes, além de todo envolvimento causado pelo mesmo.

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