Crítica | X-Men: A Trilogia Original

A Marvel mudou as regras do jogo inaugurado pela Fox com X-Men lá em 2000. A franquia X-Men surgiu da necessidade  ressuscitar as aventuras de super-heróis nos cinemas e conseguiu de fato, através de um filme de heróis mais ”sombrio”, de personagens carismáticos e propondo discussões que permanecem atuais. A importância dos X-Men pro mercado cinematográfico é inigualável, afinal, foi a franquia que (junto com a trilogia Homem-Aranha do Sam Raimi) deu inicio as adaptações modernas de quadrinhos.

X-Men 1

A história se passa num futuro próximo (talvez algumas décadas à frente), a humanidade descobrirá que algumas pessoas se tornaram um novo passo na evolução humana e nasceram com habilidades fora do comum. Essas pessoas, denominadas “Mutantes” são alvo de preconceito da sociedade e passam a fazer parte de uma minoria marginalizada.

Synger acertou no tom da história dando um ar de ficção científica e focando na marginalização da minoria mutante, criando um paralelo interessante com a luta de minorias reais (como os homossexuais, por exemplo) e trazendo um apelo para a produção que tornou possível a identificação do seu público com a película.

Os personagens, embora nada fiéis as origens, funcionam muito bem, com exceção do Ciclope (James Marsden) que não tem espaço pra liderar a equipe e demostrar sua personalidade marcante, o resto funciona bem. Temos um Wolverine (Hugh Jackman) badass, Jean Grey (Famke Janssen) e Vampira (Anna Paquin) são extremamente carismáticas, além do show a parte que é ver McKellen e Stewart atuando juntos.

O que pode incomodar um pouco são os cortes, as vezes, muito bruscos, temos a impressão que o dialogo não foi terminado em certas cenas. Em termos de fotografia Singer não deixou nada a desejar, ela é muito bem trabalhada por Newton Thomas Sigel. A trilha sonora de Michael Kamen é agradável, não consegue ser marcante, mas funciona bem dentro do filme.

X-Men 2

X-Men 2 é o melhor da trilogia original, é o que foi mais além , e foi altamente baseado na Grafic Novel: Deus Ama, O Homem Mata. Singer mantém o debate sobre a aceitação das diferenças abertos no primeiro filme, levando-o inclusive a um nível mais desafiador. Trazendo sequências de ação verdadeiramente alucinantes , o ataque à Casa Branca no começo do filme é sem dúvida, uma das melhores aberturas de um filme de ação de super heróis ainda hoje. E uma ótima apresentação para o mutante Noturno.

A violência aumentou mas torna as lutas mais convincentes, a que acontece entre Wolverine e Lady Letal é uma das melhores de todos os filmes de herói Vários diálogos espertos e engraçados pontuam o filme, mais brincadeiras envolvendo clichês de quadrinhos e sobre os paralelos entre a situação das minorias do nosso mundo real e o dos X-Men, o diálogo com os pais do Homem de Gelo é feito como se estivessem descobrindo que seu filho é gay, uma clara alusão aos quadrinhos que também fazem este tipo de paralelo. O filme envelheceu bem, ao contrário do primeiro, mesmo que seja um marco.

Wolverine continua sendo uma espécie de elemento central da história e sua subtrama é um pouco mais explorada, Hugh Jackman provou que era perfeito no papel e os fãs vão deliraram, ao vê-lo em ação muito mais animalesco.  O longa trabalhou a união dos mutantes, tanto faz ao qual lado os personagens pertencem, e o que realmente importa é a união, para garantir a sobrevivência de sua espécie.Tempestade (Halle Berry) assumiu a posição de uma nova líder, e ao mesmo tempo o filme trabalhou com Wolverine diante de novas revelações sobre seu passado, e sobre seu verdadeiro lugar na equipe. Ficou muito interessante. O maior erro foi ter deixado novamente Ciclope apagado, o único que não brilha no filme. E sabemos que o que vinha depois deste foi muito pior.

X-Men: O Confronto Final

Inicialmente, o diretor Bryan Singer seria o responsável pela direção de X-Men: O confronto final, fechando a trilogia que ele mesmo tinha iniciado e, com competência, tinha realizado o segundo e melhor filme da trilogia. Singer acabou por pular fora do projeto para dirigir o caríssimo, criticado negativamente , Superman O retorno. O diretor Brett Ratner foi chamado às pressas e topou o desafio de preparar o filme em tempo recorde na época: 10 meses de produção, incluindo filmagens, ao lançamento.

Foi um filme que carece do estofo dramático visto nos filmes anteriores, um problema que nem a presença ilustre de Ian McKellen e de Patrick Stewart consegue solucionar, já que a produção prefere deixar a cargo nomes mais conhecidos para pilotá-la, como Hugh Jackman e Halle Berry.

Há duas tramas correndo na tela: a da cura dos mutantes e a do ressurgimento de Jean Grey, que volta dos mortos como a poderosa  Fênix  Negra. Em nenhuma das duas, no entanto, há a profundidade necessária para criar empatia ao público nem discussões , deixando o filme com uma sensação de que a escolha apenas de uma das duas seria mais bem aproveitada e faria o filme ferver.

Caso tivessem optado apenas pelo desenvolvimento do tema da cura, os roteiristas tinham nas mãos uma série de questionamentos e metáforas que poderiam ser usadas, mantendo a energia e o conceito mais ‘’realista’’ da franquia, bem como uma carga dramática maior; poderia se aprofundar na forma como a sociedade reagiria à divulgação da cura mutante, como isso teria repercussão no âmbito politico, moral e social e como se difundiria dentro da própria minoria. A Fênix Negra poderia ter sido melhor trabalhada em um quarto filme. Mas infelizmente se tornou uma grande bagunça, e um excesso de personagens totalmente descartáveis.

A trilha sonora é ponto mais positivo do terceiro filme, e que traz toda a fúria da Fênix Negra. Pelo menos isto foi marcante.

Comments are closed.