Crítica | E Não Sobrou Nenhum (Minissérie)

Uma ilha misteriosa com uma mansão dentro. Dez convidados misteriosos.O anfitrião que nunca apareceu. Dez soldadinhos em cima da mesa. Uma tempestade vindo. E um assassinato no meio da noite. Um soldadinho sumido. Com apenas os dez convidados na ilha, está óbvio que o assassino está entre eles. Mas quem é? Como irão sair da ilha com a tempestade vindo e sem transporte para casa? E quem garante que o assassino não irá matar mais uma pessoa? Se você se interessou por todas essas perguntas, gostaria de lhe apresentar o livro E Não Sobrou Nenhum da escritora Agatha Christie e a minissérie feita pela BBC no ano de 2015.

Dividida em três episódios de aproximadas uma hora cada, a minissérie é uma experiência incrível, cheia de plot twists, alianças que nunca sabemos se são verdadeiras e cheias de mortes inesperadas. Ao assistir cada episódio da minissérie, o espectador vê imenso quebra-cabeça que está sendo formado diante dos convidados? Cada convidado esconde um segredo comprometedor, que tentou esconder por muito tempo de sua vida. Nunca sabemos se o que os personagens estão falando a verdade ou se estão simplesmente tentando esconder os seus objetivos.

O livro de Agatha Christie não é muito longo e a divisão de três episódios foi feita de maneira perfeita, onde o final deles já nos deixa ansiosos para o próximo. O mistério não dá espaço para conclusões imediatas de quem seja o assassino e pistas são deixadas de vez em quando para o espectador com a ajuda da fantástica direção desses episódios. A Ilha do Soldado é um local sem escapatória, como é bem mostrada na cena em que Vera num acesso de loucura tenta ir embora nadando, e a direção realça cada detalhe dela e principalmente da mansão.

O psicológico dos personagens é muito bem trabalhado, onde os que pareciam mais centrados vão pouco a pouco se inclinando a preocupação, a loucura e o desespero. O melhor exemplo é, sem dúvidas, o da personagem Vera Claythorne. Seus constantes flahsbacks sobre o fatídico dia com o menino Hugo, as alucinações que ela vê (que pioram principalmente no último episódio)  e como ela parecia a mais centrada ( o tapa que ela dá no Dr. Armstrong para ele se acalmar) até ficar completamente insana naquele local esquecido e claustrofóbico. Vera desconfia cada vez mais dos convidados que vieram com ela, sem exceção, e é a personagem que é a primeira a perceber alguns detalhes importantes no mistério.

O elenco é um destaque incrível. Nomes mais famosos, como Sam Neil e Charles Dance, estão sensacionais em seus papéis, principalmente Dance, assim como o restante do elenco que encarna de forma perfeita cada característica presente no livro. Meave Dermody está sensacional como Vera, Toby Stephens demonstra a confusão e o desespero que o seu personagem sente. Burn Gorman conta com uma atuação forte e muitas vezes com momentos engraçados graças aos constantes comentários do personagem de Aidan Turner, uma das melhores escolhas dessa nov adaptação. Miranda Richardson está excelente nos presenteando com uma figura forte e inflexível.

Os aspectos técnicos são outro destaque. A fotografia, a edição e a trilha sonora são de admirar, só contribuindo para melhorar esta obra. O design de produção é excelente, com a mansão sendo recheada de detalhes. O figurino é outro destaque nos trazendo para a época em que a minissérie se passa. A abertura é sensacional com um tema sendo uma mistura de suspense e mistério.

Se o assassino é o  mesmo do livro, não irei falar, mas o choque a revelação continua o mesmo. E Não Sobrou Nenhum é uma minissérie excelente, acertando em todos os seus aspectos e que envolve o espectador em seu mistério. Basicamente, um filme de três horas com um desfecho excepcional. Tanto para os fãs do livro ou para um espectador comum, assisti-la será um tempo bem gasto.

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