Crítica | O Expresso do Amanhã (2013)

Inspirado na Graphic Novel francesa Le Transperceneige (publicada no Brasil com o título literal O Perfuraneve), O Expresso do Amanhã é o primeiro filme em língua inglesa do diretor sul-coreano Joon-Ho Bong. O diretor foi responsável pelos filmes excelentes Memórias de um Assassino, O Hospedeiro (The Host) e Mother.

As críticas positivas oriundas de festivais pelo mundo que aplaudiram a originalidade e ousadia do filme.Toda essa receptividade positiva foi muito merecida, pois Expresso do Amanhã consegue,  reinventar o subgênero  pós-apocalíptico da ficção cientifica e estabelecer um altíssimo parâmetro para filmes de orçamento médio , o longa custou 40 milhões de dólares, um orçamento muito baixo para os padrões de filmes de Hollywood.

A trama inicia quando um experimento para impedir o aquecimento global falha, uma nova era do gelo toma conta do planeta Terra. Os únicos sobreviventes estão a bordo de uma imensa máquina chamada Snowpiercer. Lá, os mais pobres vivem em condições terríveis, enquanto a classe rica é repleta de pessoas que se comportam como reis. Até o dia em que um dos miseráveis resolve mudar o status quo, descobrindo todos os segredos deste intrincado maquinário.

Expresso do Amanhã, já começa com um certo desconforto no ar e você consegue perceber que os personagens já estão planejando alguma coisa. A fotografia, movimentos de câmera e figurino incrível, o filme consegue passar a sensação de claustrofobia com ambiente escuro e roupas sujas.

O longa faz uma crítica poderosa ao totalitarismo. Está tudo lá: o grande líder e endeusado ditador no controle da locomotiva; a “stasi” para controlar o povo que só serve de massa de manobra para manter o trem funcionando; o “Holodomor” para equilibrar os escassos recursos alimentares (até o canibalismo é mencionado); aplicáveis à ditadores de extrema-direita também, em tese capitalistas. O vagão da educação, uma  das faces mais cruéis de todo regime totalitarista, e que controla as crianças , onde ocorria uma extrema doutrinação com referencia ao ídolo-fundador da locomotiva.

Todo o discurso dos simpatizantes ao Trem-Estado dizem que não dá para viver do lado de fora e ninguém busca uma solução, ninguém procura informações, simplesmente aceitaram aquela situação. Os esquecidos estão preocupados em sobreviver e os privilegiados ocupados em se divertir. Os demais ocupantes do trem só ficam esperando as ordens e os benesses do Trem-Estado. Mesmo os revolucionários só querem tomar o trem para continuar no trem, buscando uma utópica solução igualitária.

Chris Evans  infelizmente não se livra do seu Capitão América, com a vibe de herói ,só faltou um escudo nas cenas de ação. Ele não consegue passar o drama, devido a sua limitação de atuação.Tilda Swinton por outro lado traz uma atuação com trejeitos excêntricos muito competente, dificilmente a atriz decepciona, e aqui ela não deixa a peteca cair.

No Expresso do Amanhã basicamente, explica tudo o que o filme mostra durante seu curso em palavras, para deixar muito claro o que ele quer dizer, trazendo discussões interessantes.

Expresso do Amanhã (Snowpiercer, EUA/Coréia do Sul/República Tcheca/França – 2013)

Direção: Joon-Ho Bong

Roteiro: Joon-Ho Bong, Kelly Masterson (baseado em graphic novel de Jacques Lob, Benjamin Legrand, Jean-Marc Rochette)

Elenco: Chris Evans, Tilda Swinton, John Hurt, Ed Harris, Jamie Bell, Kang-Ho Song, Octavia Spencer, Ewen Bremner, Ah-Sung Ko, Alison Pill, Luke Pasqualino, Vlad Ivanov, Emma Levie, Steve Park

Duração: 126 min.

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