Crítica | Blade Runner 2049

Denis Villeneuve sem dúvida foi a escolha perfeita,  se tem algo que ele sabe fazer é construir um universo cibernético de forma quase realista. Blade Runner 2049 é uma viagem imersiva, cheia de reviravoltas e que nos coloca em um universo de ficção científica que há tempos não presenciávamos.

A história é contada através do olhar do caçador KD6.3-7, ou simplesmente ”K”, vivido por Ryan Gosling. Desde o começo a trama informa que se trata de um replicante mais avançado que os modelos Nexus, da Tyrell Corporation. Uma das criações de Wallace (Jared Leto), um novo eugenista que se valeu dos espólios de seu antecessor para, basicamente, criar outros replicantes, supostamente menos agressivos e predatórios que os anteriores.

Neste novo filme , o embate entre Replicantes e a humanidade está a um passo de tomar proporções trágicas. O novo Blade Runner,” K ”, busca o Blade Runner Deckard, interpretado por Harrison Ford no original, androides que se negam a ser “aposentados”. As pistas após levar Sapper Morton (Dave Bautista) para a “aposentadoria”, vão sendo vasculhadas por K e sua chefe, Joshi (Robin Wright, de House Of Cards). E tudo nos leva a crer que o tal “milagre”, está mais perto do que se imagina. A caçada torna-se uma grande busca por identidade e por uma vida que possa ser verdadeira.

Em uma continuação direta na história 30 anos após, o novo filme traz todo o clima do seu predecessor, com sons, luzes, carros, ambientes, locações e trilha sonora muito semelhantes, além dos atores originais participando de uma forma ou de outra da trama. Além de Los Angeles, como no original, com seus prédios imensos, propagandas características e modernas, e sempre sombria, agora temos também outros dois cenários novos: uma Las Vegas desértica e arenosa  e San Diego, onde são empilhadas sucatas e muitos humanos. Blade Runner 2049 é um dois poucos casos no cinema em que uma obra é continuada respeitando a original. Boa parte dessa conquista,  é devido à presença de Ridley Scott como produtor (diretor em 1982) e Hampton Fancher como roteirista em ambas as produções.

Ryan Gosling realmente  captou a essência destes seres quase humanos, mas que na verdade podem vir a se tornar uma ameaça ou uma versão infinitamente melhor de nós. O que nas duas hipóteses nos leva à reflexão. O trio feminino formado pelas atrizes Robin Wright, como a Chefe de Policia faz uma fantástica personagem e eleva sempre as produções que participa com aquele ar imponente, marca registrada. Ana De Armas como a Joi e Sylvia Hoeks como Luv fazem papéis completamente opostos e estão maravilhosamente bem. Jared Leto como Niander Wallace, não se encaixou muito bem como um possivel ameaçador antagonista,  sempre permanece distante e com uma voz serena chata, deixando o trabalho sujo nas mãos de outros.

O roteiro de Fancher e Michael Green levanta questões filosóficas diferentes do original, em especial no embate entre o legado de Tyrell e a vaidade humana como ponto primordial da vida, mesmo que a inorgânica. O desfecho de ”K” e Deckard gera  discussões válidas, que levam em conta o preço da liberdade e o esforço para travar uma guerra por ela. Os efeitos especiais são deslumbrantes, a fotografia está impecável, cada enquadramento pensando em detalhes para explicar cada cena em detalhes. Um filme marcado pelo perfeccionismo de Villeneuve, um fator extremamente positivo.

Blade Runner 2049 é uma boa continuação que consegue expandir com maestria o universo apresentado no primeiro filme.com detalhes pensados ao máximo e uma fotografia espetacular. É um filme que impressiona e definitivamente faz os olhos dos fãs de ficção cientifica brilharem.

Blade Runner 2049 — (EUA/ Reino Unido/ Canadá, 2017)
Direção:
 Denis Villeneuve
Roteiro: Hampton Fancher, Michael Green (baseado em personagens criados por Philip K. Dick)
Elenco: Ryan Gosling, Harrison Ford, Dave Bautista, Robin Wright, Mark Arnold, Vilma Szécsi,  Ana de Armas, Wood Harris, David Dastmalchian, Tómas Lemarquis
Duração: 163 min.

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