Crítica | The Crown – 1ª Temporada

The Crown quando anunciada em 2016 gerou expectativa tanto na imprensa quanto no público, sempre atento aos lançamentos da gigante Netflix. Qualquer produção vinculada à família real britânica causa, no mínimo, burburinho. Ao anunciar que seria sua série mais cara até o momento com um orçamento acima de 100 milhões de dólares.

A natureza episódica da série, foi uma escolha consciente e faz sentido. A história é da Coroa, personificada pela Rainha. No tabuleiro, ela é a que se movimenta menos e tudo vem a ela e não o contrário. Havia uma restrição prática que não existe normalmente em outras séries. Relatando os fatos a partir do seu casamento, em 1947, com Philip, que recebe o título de duque de Edimburgo, a narrativa segue os passos de Elizabeth como rainha. A produção apresenta, os conflitos vividos pela protagonista e os principais acontecimentos que deram forma a segunda metade do século XX.

A narrativa se inicia a partir dos últimos meses do reinado de George VI (Jared Harris), mas ocasionalmente tem “flashbacks” anteriores a esse período, e passa a investigar os bastidores familiares e políticos que acompanharam a ascensão de Elizabeth à rainha da Inglaterra, seus dilemas por ser mulher, filha, irmã, esposa e mãe, mas especialmente no seu processo de transformação para uma figura soberana e de liderança. Nesse ponto, com mais ou menos conhecimento, ela precisa encarar a nova rotina de maneira sábia e articulada, ora covarde, ora silenciosa, até mesmo para lidar com as desavenças que passam a existir na relação dela com o marido, o duque de Edimburgo (Matt Smith), um homem orgulhoso que faz inúmeras concessões, inclusive da sua própria nacionalidade, mas precisa aprender a viver à sombra da esposa agora com o título de príncipe Philip; ou ainda com sua extrovertida irmã, a princesa Margareth (Vanessa Kirby) que passa a se envolver secretamente em uma relação amorosa com Peter Townsend (Ben Miles), um homem casado, ex-oficial da aeronáutica britânica e funcionário da realeza, o que pode expor à Coroa Britânica indevidamente.

O ritmo lento e a narrativa beirando ao didatismo podem incomodar alguns, mas a escolha meticulosa de um elenco extremamente competente e eficaz, não só dão sustentação à trama. A série consegue ser inovadora nos mais diversos aspectos, chegando a surpreender aqueles que não gostam de temáticas biográficas.

A direção de fotografia da série é um dos pontos mais altos da série com paletas de cores acinzentadas e escuras, cheias de sombras e forte contraste trazendo um ar pesado e sombrio ao redor do drama, além de ser recheada com planos longos fechados muito bem trabalhados. A trilha sonora é um deslumbre, com uma música sombria e impactante composta por Hans Zimmer na abertura, direcionando o tom do drama da série. Há também trilhas clássicas no decorrer dos episódios e um bom uso do som.

O figurino e a direção de arte da série são impecáveis, nos mostrando a realidade da realeza e todo seu requinte que é historicamente coeso com a época, além de complementar muito bem sua fotografia, tudo isso mostrado através dos mais belos e luxuosos cenários da Inglaterra.

The Crown soube que não precisa de muito para atrair a atenção, mesmo que contenha alto orçamento. Se provou que não há nada mais irresistível para este mercado do que a magia de um soberano, o senso de intocável de uma família real. Ao final de seus dez episódios da sua primeira temporada, mesmo com seus defeitos na produção, consegue concluir da melhor maneira possível nos mostrando uma das séries mais belas da Netflix.

The Crown – 1ª Temporada (EUA/Reino Unido –  2016)
Criação: Peter Morgan
Direção: Stephen Daldry, Philip Martin, Julian Jarrold, Benjamin Caron
Roteiro: Peter Morgan
Elenco: Claire Foy, Matt Smith, Vanessa Kirby, Eileen Atkins, Jeremy Northam, Victoria Hamilton, Ben Miles, Greg Wise, Jared Harris, John Lithgow, Harry Hadden-Paton, Harriet Walker, Alex Jennings, Lia Williams
Duração: 60 min. cada episódio

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